Visões fabulosas de imagens que não deveriam existir na consciência plena de alguém assim como eu, sem que necessariamente seja eu. Devemos, de uma vez por todas traçar a linha angustiante que me enraivece, que me enerva, que me deixa puto. Nem tudo que eu escrevo tem, obrigatoriamente a ver com minha pessoa, ou tem que ser A verdade absoluta. Minha professora na faculdade sempre diz que não devemos misturar o eu lírico com o autor. Por mais que a lírica passe longe das baboseiras que eu escrevo, a regra vale aqui também. Pois bem, uma vez dito, não me repetirei.
A madrugada enobrece o homem. Reino, soberano, no vazio eterno das ruas sem fim e sem saída. Disputo a intensidade do brilho dos olhos com o piscar incessante e incansável dos semáforos ou dos faróis dos carros que passam, cujos motoristas possuem desejos questionáveis para estarem ali numa hora daquelas. Cada um com sua vida, cada um no seu quadrado. Mas lá vou eu, andando ou correndo, descalço, quem sabe sem roupa, acompanhado ou sozinho, no meio desse nada amedrontador que é o escuro negro, face oculta do que ainda será claro.
Limitado a encarar o que ainda desconheço, mirando o olhar no horizonte, sinto a faca cortante dos ventos a me atingirem sem dó nem piedade. Continuo deslizando no meio do furacão, aerodinâmico que sou, meu corpo, minha maior arma contra tudo e todos. É chegado um momento em que devemos deixar de se preocupar com o que atormenta a vida, deixamos de lado o que incomodava e por um instante prolongado a mente esvazia-se e essa sensação de liberdade e leveza é o que torna um homem, o mais corajoso de todos.
As palavras nem mesmo são pronunciadas da forma correta somente para não nos darmos o capricho de dizer algo construtivo numa ocasião errada. O silêncio é o maior dos barulhos e pode ser compreendido em qualquer língua, de qualquer lugar. Por isso que continuava lá, gritando mudo, incomodando a todos que não estavam presentes. Talvez minha sina seja essa mesmo de incomodar somente pra atingir um prazer bobo de saber que não há utilidade alguma nisso. Preso a um intento eterno, de onde não vejo como fugir, de onde não quero ver como fugir, pois preso quero continuar.
A moldura de um quadro dependurado na nossa mente que podemos a qualquer hora modificar é algo parecido com a vida noturna. Na madrugada, a falsa liberdade que emana do chão traz a vontade escondida de desejos ditos proibidos pelo moralismo moderno. É de pessoa para pessoa, as atitudes que são tomadas quando se sente uma vontade assim tão grande. Cabeças fortes tornam-se fracas e deixam-se levar por um momento que não irá durar muito tempo, uma alegria instantânea que trará prejuízos longos. Ou quiçá ao contrário, por que não? Sempre escolho a segunda opção.
Mas a tristeza vem a seguir, sempre que a felicidade começa a hiperbolizar por dentro, tudo fica exageradamente bom, lembramos que a Lua deve descansar e a seriedade, personificada pelo inferno ardente do Sol, chega a cada manhã reluzente e pontual.
É hora de ir pra casa, então.
P.V. 13:42 27/08/08
A madrugada enobrece o homem. Reino, soberano, no vazio eterno das ruas sem fim e sem saída. Disputo a intensidade do brilho dos olhos com o piscar incessante e incansável dos semáforos ou dos faróis dos carros que passam, cujos motoristas possuem desejos questionáveis para estarem ali numa hora daquelas. Cada um com sua vida, cada um no seu quadrado. Mas lá vou eu, andando ou correndo, descalço, quem sabe sem roupa, acompanhado ou sozinho, no meio desse nada amedrontador que é o escuro negro, face oculta do que ainda será claro.
Limitado a encarar o que ainda desconheço, mirando o olhar no horizonte, sinto a faca cortante dos ventos a me atingirem sem dó nem piedade. Continuo deslizando no meio do furacão, aerodinâmico que sou, meu corpo, minha maior arma contra tudo e todos. É chegado um momento em que devemos deixar de se preocupar com o que atormenta a vida, deixamos de lado o que incomodava e por um instante prolongado a mente esvazia-se e essa sensação de liberdade e leveza é o que torna um homem, o mais corajoso de todos.
As palavras nem mesmo são pronunciadas da forma correta somente para não nos darmos o capricho de dizer algo construtivo numa ocasião errada. O silêncio é o maior dos barulhos e pode ser compreendido em qualquer língua, de qualquer lugar. Por isso que continuava lá, gritando mudo, incomodando a todos que não estavam presentes. Talvez minha sina seja essa mesmo de incomodar somente pra atingir um prazer bobo de saber que não há utilidade alguma nisso. Preso a um intento eterno, de onde não vejo como fugir, de onde não quero ver como fugir, pois preso quero continuar.
A moldura de um quadro dependurado na nossa mente que podemos a qualquer hora modificar é algo parecido com a vida noturna. Na madrugada, a falsa liberdade que emana do chão traz a vontade escondida de desejos ditos proibidos pelo moralismo moderno. É de pessoa para pessoa, as atitudes que são tomadas quando se sente uma vontade assim tão grande. Cabeças fortes tornam-se fracas e deixam-se levar por um momento que não irá durar muito tempo, uma alegria instantânea que trará prejuízos longos. Ou quiçá ao contrário, por que não? Sempre escolho a segunda opção.
Mas a tristeza vem a seguir, sempre que a felicidade começa a hiperbolizar por dentro, tudo fica exageradamente bom, lembramos que a Lua deve descansar e a seriedade, personificada pelo inferno ardente do Sol, chega a cada manhã reluzente e pontual.
É hora de ir pra casa, então.
P.V. 13:42 27/08/08