quarta-feira, 27 de agosto de 2008

notívago

Visões fabulosas de imagens que não deveriam existir na consciência plena de alguém assim como eu, sem que necessariamente seja eu. Devemos, de uma vez por todas traçar a linha angustiante que me enraivece, que me enerva, que me deixa puto. Nem tudo que eu escrevo tem, obrigatoriamente a ver com minha pessoa, ou tem que ser A verdade absoluta. Minha professora na faculdade sempre diz que não devemos misturar o eu lírico com o autor. Por mais que a lírica passe longe das baboseiras que eu escrevo, a regra vale aqui também. Pois bem, uma vez dito, não me repetirei.
A madrugada enobrece o homem. Reino, soberano, no vazio eterno das ruas sem fim e sem saída. Disputo a intensidade do brilho dos olhos com o piscar incessante e incansável dos semáforos ou dos faróis dos carros que passam, cujos motoristas possuem desejos questionáveis para estarem ali numa hora daquelas. Cada um com sua vida, cada um no seu quadrado. Mas lá vou eu, andando ou correndo, descalço, quem sabe sem roupa, acompanhado ou sozinho, no meio desse nada amedrontador que é o escuro negro, face oculta do que ainda será claro.
Limitado a encarar o que ainda desconheço, mirando o olhar no horizonte, sinto a faca cortante dos ventos a me atingirem sem dó nem piedade. Continuo deslizando no meio do furacão, aerodinâmico que sou, meu corpo, minha maior arma contra tudo e todos. É chegado um momento em que devemos deixar de se preocupar com o que atormenta a vida, deixamos de lado o que incomodava e por um instante prolongado a mente esvazia-se e essa sensação de liberdade e leveza é o que torna um homem, o mais corajoso de todos.
As palavras nem mesmo são pronunciadas da forma correta somente para não nos darmos o capricho de dizer algo construtivo numa ocasião errada. O silêncio é o maior dos barulhos e pode ser compreendido em qualquer língua, de qualquer lugar. Por isso que continuava lá, gritando mudo, incomodando a todos que não estavam presentes. Talvez minha sina seja essa mesmo de incomodar somente pra atingir um prazer bobo de saber que não há utilidade alguma nisso. Preso a um intento eterno, de onde não vejo como fugir, de onde não quero ver como fugir, pois preso quero continuar.
A moldura de um quadro dependurado na nossa mente que podemos a qualquer hora modificar é algo parecido com a vida noturna. Na madrugada, a falsa liberdade que emana do chão traz a vontade escondida de desejos ditos proibidos pelo moralismo moderno. É de pessoa para pessoa, as atitudes que são tomadas quando se sente uma vontade assim tão grande. Cabeças fortes tornam-se fracas e deixam-se levar por um momento que não irá durar muito tempo, uma alegria instantânea que trará prejuízos longos. Ou quiçá ao contrário, por que não? Sempre escolho a segunda opção.
Mas a tristeza vem a seguir, sempre que a felicidade começa a hiperbolizar por dentro, tudo fica exageradamente bom, lembramos que a Lua deve descansar e a seriedade, personificada pelo inferno ardente do Sol, chega a cada manhã reluzente e pontual.
É hora de ir pra casa, então.
P.V. 13:42 27/08/08

sábado, 23 de agosto de 2008

Lindão e seus devaneios

Ok, crianças. Vamos dar continuidade aos fatos que me atingem em cheio, me deixam todo bobo e com essa vontade enorme de contar ao mundo inteiro como eu sou feliz em poder ouvir toda essa baboseira cotidiana que se repete. Queria ser muitos a estar em todos os cantos, não faltariam histórias interessantes pra escrever. Mesmo sendo um, já julgo viver muitas coisas, imagina possuindo várias faces. Caímos numa ironia, mas tudo bem...
Eu, universitário, um mero acadêmico que busca um futuro melhor nesse nosso Brasil brasileiro de janeiro a janeiro, ainda não tive a oportunidade de começar a dirigir meu possante, por isso sou obrigado a me locomover utilizando o transporte público carioca. Como isso não funciona, nem nunca funcionou, a alternativa é justamente o transporte...?? Alternativo, muito bem. Um ponto para quem acertou. E todo dia, estressante e seguidamente, encontro-me dentro desses automóveis maravilhosos no caminho do lar.
O problema, ou talvez a alegria, é que sempre tem algo de engraçado acontecendo dentro desse templo móvel de cultura e saber a rastejar pelo esburacado asfalto das estradas públicas. Dessa vez, não tive a oportunidade de entrar no ponto final, peguei o papo já pela metade, mas com uma incrível atenção pude, meticulosamente, analisar cada perfil, cada conversa, cada palavra pronunciada pelos queridos amigos passageiros que disputavam as risadas mais altas dentro do carro. O mestre regente da ópera dos vagabundos, o cobrador, auxiliado primordialmente pelo querido motorista que, pasmem, estava dirigindo de costas pois o papo dos bancos parecia mais interessante que o caminhão a cruzar seu caminho na próxima curva [IRONIC MODE ON].
O rapaz era novo. Descrever aquele estilo é realmente difícil. Sou novo nesse papo de escritor e jamais me igualaria aos reis da palavra que conseguem de forma brilhante passar toda uma imagem completa do que ocorre, mas eu sempre tento. Deus, às vezes, com seu poder supremo, abençoa muitas pessoas com a beleza. Certas vezes, quando já cansado do árduo trabalho de confeccionar a gente, deixa-se dominar por uma indelicadeza e fabrica seres abomináveis como o personagem incrível mais conhecido como “Lindão”, apelido dado pelo folclórico cobrador “Marreta”.
Marreta é normal, mas o Lindão, Deus que me perdoe, foi castigado quando nasceu. Tipo esses que pegam fogo e tentam apagar à paulada. Um cara de baixa estatura, barba de gente velha em pessoa nova, mal feita, magro, alguns brincos de penduricalhos em cada orelha, com o cabelo cortado só pela metade, muito grande em cima e raspado dos lados, como fosse um Emo misturado com funkeiro e ainda um pouco de sertanejo no apertar das calças e na blusa de botões sem mangas. Uma coisa realmente estranha de se ver. Ainda mais de se ouvir.
Nosso amigo Marreta estava acompanhado de algo que julgo ser um homem, até mesmo pelo que meus olhos viam, mas que, infelizmente, tinha o apelido de Shirley, com Y. E esse era o primeiro alvo de Lindão, que parecia estar embriagado de algo mais forte que álcool, talvez algum tarja preta ou coisa parecida. Segue agora, as palavras traduzidas e transcritas do personagem principal de nossa história:
__ Qual é, cobrador... tu tá aí do lado de Shirley por quê? Manda Shirley sentar aqui comigo, hoje eu tô muito carente. Hoje eu fui no médico e ele me mandou comer coisas mais saudáveis, cobrador. Ele disse que eu tenho que comer mais frutas. Eu disse que quero comer a mulher-banana.
Marreta, o cobrador sacana, não podia deixar passar uma dessas e começou com os disparos de preconceito para com as pessoas que querem uma simples banana em algum lugar do corpo. Lindão parecia querer na boca, ou não. Não satisfeito em dizer o que disse, Lindão continuou:
__ Aquele doutor é um viado, num sabe de porra nenhuma. Eu tô muito forte, isso sim. Tu sabe o que eu disse pra ele, Shirley? Eu mandei assim: o muro de Berlim eu saltei sem dar impulso, campeão de judô, derrotei virei de bruços, depois eu fiz a barba do mais forte samurai, e dei tanta pernada que até hoje o homem cai!!!!!
Depois dessa, eu me perdi no meio dos risos que ecoavam pela Van, mas continuei forte e consciente na luta por obter as informações relevantes que o querido feio nos dizia. Sem esquecer que o motorista, malabarista da pista conseguia rir, olhar pra trás, zoar o Lindão e ainda dirigir, uma coisa realmente incrível. Lindão continuou seu discurso poético:
__ Eu trabalhei muito hoje, mas é porque eu sou guerreiro. Tenho que pagar as pensões dos filhos que eu arrumei. Não fiz filho? Tenho que pagar. Na hora de fazer é bom, mas na hora de pagar que é foda, mas eu não ligo não. Agora eu tô com uma mulherzinha aí. Mas ela me dá muito trabalho. Agora quando eu chegar em casa, vou apanhar, tenho certeza. Olha aqui, cobrador, como que tá minhas costas, toda arranhada. Aquela mulher é demais, cara. Mas ela é feia demais também. A primeira vez que eu peguei aquela mulher ali no forró do Abel, eu disse pra ela “Deus te ama, mas ninguém te come...”. Foi a primeira surra que ela me deu, depois dessa, eu me apaixonei e estamos juntos até hoje.
Tenho que dar mais uma pausa porque a cada tirada dessa, a Van até caía prum lado com o motorista babando de rir em cima do volante. Lindão estava dando um show de criatividade com todo seu poder de humor a alegrar a noite de todos os trabalhadores e guerreiros que ali estavam, cansados do dia exaustivo que ocorrera e com o pensamento no seguinte que seria ainda pior. Continuou, nosso herói:
__ Mas quando eu pego meu salário, a primeira coisa que eu faço é ir no baile curtir meu funkzinho de responsa, tá ligado Juju (era o apelido criado por Lindão para o motorista). Lá no baile todo mundo me respeita. Até as novinhas me respeitam. Quer saber qual é das novinhas? É assim ó: “Minha intenção é boa, de malandra ela só finge, não tem coisa melhor do que uma novinha virgem.” É o que eu sempre canto pra elas, Juju. E elas gostam. Arrasto várias mulheres lá pra trás do Brizolão, só no ritmo do funk. Essas palavras de amor no ouvidinho delas e pronto, precisa de mais nada. Vai aprendendo.
E assim como Lindão adentrou em nossas vidas, de um salto ele partiu em um ponto perdido no meio da favela, sem avisar nem pedir para parar, aproveitou a descida de uma passageira e seguiu seu caminho rumo a mais uma surra de sua mulher. Vá com Deus, querido Lindão. Seja feliz, apanhe com gosto. Nada melhor na vida de um homem do que trabalhar o dia todo e saber que ao chegar em casa terá a sua surra o esperando.
P.V. 23:48 23/08/08

rei das águas

Acordo todo dia com a sabedoria de um rei impiedoso a quem todos temem na sua magnitude de saber reinar sobre os vassalos que exalam o respeito. Esse respeito, misto de medo que alimenta minha força, mantém alto o status do império que cresce ao meu redor, o equilíbrio perfeito da coroa na minha cabeça. Sou dono do meu domínio e desafio qualquer um a subjugar minhas ordens. Ou melhor, deixo por sua decisão optar por não seguir os caminhos por mim indicados já que seria, esse, um dos erros mais fatais, infeliz pensamento que só de passar por sua mente já deve deixar rastros pecaminosos e doentios na cabeça. O conhecimento de quem manda é ferozmente cruel com os ignorantes. Existem sim, reis mais flexíveis, são os que não expandem seus territórios e, enclausurados na sua extrema bondade, perdem-se no meio da conquista a ser possuída.
Entendo que os traços do destino são um desenho caprichado a moldar a vida do homem e o superior pede devoção. Toda uma cadeia hierárquica que se desenrola no nada imaginário e eu, cá no meu canto, devo obedecer a quem me guia, assim como também posso dar ordens. Minhas ordens são os conselhos perfeitos que insisto em distribuir a quem tanto prezo nessa vida. De tão corretos que são, deveriam ser entendidos como obrigação por aqueles que tem a alegria de poder ouví-los. Mas não, fazem-se de rogados e não dão a devida importância ao que digo julgando serem possuidores da experiência de vida fajuta que tem o único objetivo de desviar as pessoas do caminho certo, tramando por dentro da mente uma falsa capacidade de formulação de atitudes que resulta no previsível sofrimento futuro. Cabe a mim, consolar...
Missionário de um mundo pagão, continuo a pregar a fantasia. Meu reino é diferente, melhor. Por mais que tentem derrubar quem tem o poder, meu exército de amor combate veementemente todo o ódio e rancor que se aproxima. É a velha história de ainda acreditar em algo novo, algo fora da realidade, algo que supere as expectativas, viver num mundo de imaginação onde tudo é bom e feliz, onde todos vivem na harmonia de Nirvana, num único cosmos a emanar toda a aura clara e límpida da paixão. Pode ser que digam que a folha de bananeira que eu fumei antes de escrever isso tava contaminada com Cannabis, porém admito que mesmo que estivesse entorpecido por qualquer substância do mal, seriam palavras da mais sincera verdade que passam por mim, que rolam pelos dedos, que entram nos seus olhos.
E a chuva vai continuar caindo.
P.V. 22:47 23/08/08

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

iluminar

"Oh meu bem
Meu amor
Não fique assim
Nem tudo acabou
Se nem um amor tiver
Eu vou dizer que não é
Eu vou é cantar pro sol
E vou desejar com fé
E vou enfeitar de flor
No mundo o que eu puder
Uh..."


É tempo de iluminar. Quando tudo parece perdido e geralmente andamos com a moral baixa, pensamos que nada do que acontecer dará certo. É justamente nesses momentos que vou crescer e dar a volta por cima e dizer para todos que fui o brabo que conseguiu, nas adversidades, superar o destino, enganar a vida terrível que se desenhava na minha frente, um desenho que usou um lápis emprestado por mim mesmo, pois acho, sinceramente que cada coisa que acontece tem um fundamento e poderíamos evitar se fôssemos menos irresponsáveis. Porém, não sou pai de ninguém e sinto que não tenho cacife necessário pra não ser hipócrita numa situação dessa.
O que eu quero dizer mesmo é que tudo anda lindo e deve ser ainda mais belo com a luz que temos a iluminar o nosso próprio caminho, com o brilho de um olhar sincero posso ver ainda mais felicidade no que eu pretendo ser ou fazer, com um sorriso verdadeiro a vida pode ser mais colorida e a alegria predominar no lugar de coisas que alguns pensam ser ruins. Tudo pode se iluminar se enxergarmos de outra maneira, de um outro ângulo, se conseguirmos ver tudo que há de bom nos momentos mais simples, naquilo que deixamos passar e não aproveitamos intensamente, no abraço desperdiçado com pouco tempo de contato quando a gente sabe que precisa segurar um pouco mais, quando sentimos o medo desnecessário de admitir um amor por achar que não seremos correspondidos. Esqueça isso, não ligue se não te amarem tanto quanto ama, SEU amor que te faz feliz, SEUS sonhos que te fazem acordar e viver, o ar que VOCÊ respira é que te mantém vivo. Momento de saber viver da maneira que traga mais liberdade, a vida é uma só e não seria legal olhar pra trás e mentir pra si mesmo dizendo que soube aproveitar cada momento. A maior e mais cruel mentira é a que acreditamos.
Ó meu bem, meu amor, deixe todas os seus problemas de lado e corra em direção do que te faz feliz, voe mesmo que Deus não tenha te dado asas pois você verá que não precisa delas e se por acaso algo der errado, não tenha medo de cair. Só tenha a preocupação de cair com os braços abertos para que eu possa melhor te segurar aqui embaixo. Abrace a vida.
P.V. 14:38 21/08/08

mais histórias

Estava, eu, lá dentro do transporte alternativo, mais uma vez, voltando para casa depois de um longo e cansativo dia, uma noite terrível de aulas exorbitantes e perigosamente chatas. Histórias de transporte alternativo são as melhores, todo mundo sabe. Não posso falar que são Vans Piratas, por isso crio o eufemismo (vide gramática normativa da Língua Portuguesa) pra enganar o povo. São verdadeiras máquinas inventadas pela sagrada mente humana, velozes e espaçosas onde as pessoas viajam sentadas, algumas de pé espremidas umas nas outras, mas sempre com o bom humor de todo carioca de saber, educadamente, xingar o cobrador a cada vez que o carro pára a fim de carregar mais gente.
Fatos magníficos que se desenrolam ali dentro, no hall, no salão nobre, espaço dedicados a nós, os populares. A mulher, linda, nova, bem vestida, sentada num privilegiado banco, lugar destinado a quem realmente fez por onde durante todo o dia e conseguiu ser premiado com aquele assento; nitidamente desorientada por um evidente excesso de consumo alcoólico, tentava beijar o vento mas a cada tentativa ele fugia temendo ser carbonizado pelas labaredas venenosas que saiam de sua boca. Balbuciando palavras pediu para saltar. Eu, pobre e humilde narrador desses fatos, estava de pé aguardando, ansioso o momento de conseguir um lugar, quem sabe na janela. Vi que a criatura aproximava-se de mim com passos tortos, abrindo e fechando os olhos violentamente. Temi pela minha vida, pensei em muita coisa naquele momento, me lembro de uma: “Essa camisa é a que eu mais gosto, se ela vomitar em mim, eu dou um soco na cara dela...” Então,sorrateiramente, previ meu cruel destino e pude dar uma banda nesse cretino que estava a fim de me derrubar. Num movimento de sagacidade e puro reflexo, ao ouvir o singelo e significante som de “Rauul”, esquivei-me rapidamente para a esquerda, passei a mão por de trás da cintura da bêbada, desloquei a mochila num ângulo favorável que pudesse proteger minha tão querida calça, e no momento em que os primeiros pingos do vômito aquoso e fétido saíam da boca maldita, senti que algo não estava certo, pensei que, naquele momento, a janela poderia estar fechada, o que acarretaria no “ricochete vominitinoso” a atingir todos os outros pobres passageiros.
Não poderia me calar perante tal situação de risco à sociedade e, como estava a cair para a esquerda, fui no movimento contrário com meu braço forte esticando o máximo possível até encostar na tranca do vidro e empurrar com todo meu vigor até que um barulho formidável marcasse o fim do abrimento total. Enquanto toda essa situação se desenrolava, vale lembrar que os pedaços do arroz do almoço da menina já estavam planando pelo ar em direção ao nada infinito, sendo que puderam descansar no solo já que o caminho fora aberto por minha pessoa,um verdadeiro herói da nação ocupante das vans cariocas.
A cachaceira desceu e pude sentar no lugar que deixara vago. Ainda queriam me parabenizar, porém disse que nada daquilo iria me satisfazer tanto quanto saber que pude mais uma vez auxiliar o povo trabalhador e guerreiro da minha cidade. Demos, então, continuidade à viagem.
Em breve contarei a outra história que ocorreu no dia seguinte. Mais uma van, mais uma história.
P.V. 14:07 21/08/08

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

um dia especial

Mais um desses dias estranhos de inverno que começam frios, tornam-se quentes e gelados outra vez. As idéias prontas na cabeça de alguém que sairá com seu destino traçado, atitude inadiável, vontade antiga. O trem cheio é obstáculo pequeno a ser superado. Assim como na vida, os problemas nos apertam nos vagões quando entramos, mas com o tempo e o passar das estações, os espaços vão aumentando e podemos, enfim, respirar aliviados. Desço quando a locomotiva do amor manda. Estação derradeira, Santa Cruz. Possível imaginar o que existe depois do fim? Depois do fim da linha existe o nada pronto para ser construído, um vazio a gritar por socorro aguardando, ansioso, que cheguemos e façamos acontecer o que ainda não é.
Salto... um pulo sem volta, o marco cravado em dois corações prontos para serem unidos. O andar é leve, comum, normal como o de outros encontros, porém aquele chão não poderia imaginar as intenções que o detentor dos pés que o pisavam possuía. Boas, intenções boas. Subi com calma as escadarias, medindo com destreza cirúrgica cada passada. Sabia que não estava atrasado, não queria me cansar.
Andar sozinho pelas ruas pensando é um passatempo interessante. O caos a me cercar numa tentativa inútil de intimidar é uma falácia de medo que se perde tão facilmente quanto a chegada do próximo pensamento na minha cabeça. Cego, surdo e falante, continuo, andarilho interminável, rumo ao meu destino escolhido, minha dádiva vital, o presente que sempre quis ganhar. Meninos maus não costumam ganhar bons presentes.
Chego... frustração. Um engano, apenas um desencontro de caminhos opostos e logo tudo se dá do modo correto de ser. Incrível como a cada chegada a emoção permanece alta, no ritmo crescente apesar da repetição das situações, a grande alegria ocupando o lugar de um provável tédio precoce. Beijos, abraços, cumprimentos. É a paixão encoberta por um disfarce de seriedade que não dura muito com o rolar dos minutos.
Absorvendo informações por osmose, aprendemos que exercícios físicos fazem bem à saúde, por isso andamos. Até depararmo-nos com um templo sagrado da religião, grandioso, imponente, bem situado no alto de um monte a olhar por todo o vale que se deita a seus pés há tantos anos. Essa igreja não importa muito. Prefiro a praça que fica ao lado, onde passamos as tardes mais interessantes da estação. Tudo em seu tempo. Primeiro a praça, depois a igreja.
Mobilizo uma campanha de reforma das praças cariocas com a intenção de alocar novas árvores mais bem recheadas de largas folhas a fim de me proteger dos temíveis raios ultra-violeta, além da evidente necessidade de alcochoamento (??) dos atuais duros bancos a esmagar músculos glúteos que nossos progenitores tão bem cuidaram na distante infância com litros de Hipogloss e quilos do talquinho mais cheiroso.
Sentamos... muito fácil se perder em conversas totalmente diferentes, assuntos tão banais e desimportantes que tornam-se necessários ao costume de escutar a simplicidade da vida alheia. Prefiro não falar por optar pelo uso alternativo da boca, essa mais gostosa forma de oralidade. Confuso no meio de tantos movimentos, encontro-me tonto e disperso das idéias principais que o dia prometia.
Lembrei... a certeza de uma resposta pode tirar a graça de uma espera, contudo a forma de uma questão pode transformar o resultado da previsível afirmativa. Toda uma história poderia ser desenrolada a fim de enfeitar a festa e tornar épico esse momento inesquecível. Mas inspiração tão completa quanto um olhar apaixonado está ainda para ser criada e tive que antecipar o que não podia mais se calar.
__Vamos namorar, eu e tu?
__Vamos...
P.V. 00:48 19/08/08

domingo, 17 de agosto de 2008

amada

Os meus melhores beijos serão seus. Prometo que colarei com a maior vontade minha boca na sua assim que seu olhar se cruzar com o meu e o silêncio disser em alto e bom som que o mundo pode parar nesse momento, pois nada que acontece ao redor tem importância a não ser o movimento ritmado e infinito de nossos corpos deixando-se levar enquanto o tempo corre lá fora. Calor, chuva e vento, meros fenômenos da natureza que não seriam capazes, por mais ferozes e impiedosos que sejam, de fazer parar o desejo que guardo de ti, o desejo que explode em mim.
Os meus melhores abraços serão seus. Prometo que mesmo que o frio passe longe de te incomodar estarei de braços abertos a te proteger, a te apoiar nas decisões mais cruéis que a vida possa impor, nas horas tristes e alegres, quando não tiver o que dizer, simplesmente a força do ímpeto de estar junto e nada melhor que o abraço quente e sincero de quem te ama para calar esse querer. Mesmo com a distância te abraçarei, nos seus sonhos estarei lá, e quando estiver acordada, por dentro de você, sentirá a minha presença a lhe segurar caso possa cair.
Os meus melhores dias serão seus. Os momentos mais lindos da minha vida quero estar ao seu lado, as melhores fotos serão com você, seu rosto tem a obrigação de embelezar a imagem que guardará pra sempre o amor que não tem motivos para parar de crescer. E com o passar do tempo, a alegria de acordar ao seu lado, ver que continua linda por mais que ache o contrário será somente mais uma prova de que o que sinto não pode ser engano, o que sinto não acontece duas vezes, o que sinto deve ser aproveitado ao máximo e minha maior intenção é dividir com você.
As minhas melhores risadas serão suas. Prometo que continuarei fazendo graça pra que ria sempre do que faço, por mais que seja repetitivo e chato, saiba que o motivo é nobre. Razões para rir ao seu lado não são difíceis de achar por isso digo com toda a certeza que minha alegria maior é você, é estar ao seu lado nas conversas mais sem nexo que poderiam ocorrer. É dançar na praça e plantar bananeira no cinema. É sorrir sem motivo, é sorrir um sorriso bobo.
Prometo que vou sempre te dar o que tenho de melhor. Te dou meu amor, se você quiser, pois é o que de melhor posso te oferecer, amada.
P.V. 21:38 17/08/08

falhas da amizade

Por toda a eternidade, continuarei pregando meus pensamentos e disseminando minhas idéias pois sei que, a cada dia que passa, tudo se resume a confirmar que estou sempre certo. Convencido? Sou mesmo porque sei do valor que dou a verdade e da sinceridade que gosto de gritar a todos que me cercam, justamente por isso, acho que continuam à minha volta e aceitando o que digo.
Falsidade é uma coisa terrível e deveria entrar no código penal brasileiro como crime gravíssimo, comparada a homicídios dolosos. Mas quem procura, acha e a realidade dos fatos continua, como sempre, sendo relativa, não podendo nem eu, nem você, julgar culpados e determinar sentenças. A vida segue rumo ao destino pré moldado e é assim que são as coisas, desse modo que vamos aceitar e ouvir a música conforme a banda toca. Claro que existem os salvadores da pátria, heróis de carteirinha, ideologistas prontos para fazer suas idéias controversas entrarem nas cabeças de todos que tiverem a fraqueza como ponto principal na mente, e são justamente esses que devemos temer mais.
Amigos existem para nos trazer o bem e isso é algo que todos devem concordar comigo. Agora me pergunto até que ponto deveríamos confiar e sentirmo-nos confiáveis. Sinceramente acho que nem todos que estão em nossa volta são adeptos do amor incondicional de saber preservar a alegria e estarem prontos quando necessário para ajudar a quem julgam ser os “amigos”. Uma penca de amigos às vezes não significa nada se nenhum deles está preparado realmente para lhe ajudar quando precisar. Eu admito e digo que tenho poucos, mas pelos que julgo que são meus irmãos mesmo, sinto alegria de poder estar perto ou saber que alguma coisa de boa está acontecendo.
O que dizer então, daqueles que se dizem amigos fiéis e num momento de fraqueza apunhalam você pelas costas te deixando sem chão, sem saber se acredita no que seus ouvidos estão a escutar, sem saber com que olhos encarar no dia seguinte, sem coragem de gritar a dor, talvez o sofrimento de poder perder esse “amigo” ser ainda maior que a traição de fato.
Rola muita coisa por trás dos bastidores de quem confia cegamente nas pessoas. Acho ainda que o mundo pode ser colorido e feliz em todos os instantes, deixando de lado toda a falsidade que existe na esquinas fétidas da vida, cantos sujos da mente humana que insistem em vomitar os dejetos tristes da mentira. Vou vivendo e continuo pregando o que penso. Olharei sempre com os olhos de quem desconfia de qualquer tipo de sinceridade exagerada.
Prefiro o brilho honesto de um olhar do que uma palavra recheada de entusiasmo enrustido.
P.V. 21:11 17/08/08

nexo inexistente

Quando o Sol se deita no fim de cada dia, no espetáculo sensacional que é a mistura de cores amarelo, laranja, vermelho, azul no céu infinito, notar a simplicidade e discrição da troca de turno entre os astros, manter-se parado enquanto tudo gira lenta ou rapidamente, julgue como quiser, é dessas sensações maravilhosas que se constitui a alegria de simplesmente existir. Felizardos, nós somos, e deveríamos ter orgulho de poder viver coisa parecida. E acontece todos os dias, já repararam?
Eu sempre fui assim de dar valor às coisas mais simples que me cercam e esquecer de fatos importantes que, talvez, possam ter um impacto maior na minha vida do que um cotidiano pôr do sol. São defeitos que constituem as pessoas, vou fazer o quê? Os problemas se perdem na mente quando visões fascinantes assim me atingem, chamam minha atenção, desviam toda uma articulação momentânea. Acho que estou precisando de uma luz do crepúsculo agora.
Tô me perdendo num erro antigo. Aprendi que não é nada demais e mesmo assim continuo a insistir em acreditar no contrário. Costumo sempre dizer a todos do que posso fazer e que sou mais do que aparento, digo só pra impressionar e, por mais que seja verdade, em situações como esta, não acredito em mim. Aí o tempo passa, não acontece nada demais e volto a dizer que sou foda e blá blá blá...
Pensamento do ser humano que confunde as cabeças alheias.
P.V. 15:58 17/08/08

sábado, 16 de agosto de 2008

mentiras duradouras

Qual o número que mais te impressiona? Toda minha vida, procurei acreditar que o 7 era meu número da sorte. Outro dia, fiquei sabendo que 7 é conta de mentiroso. Vou fazer o quê? Continuo com o 7, mesmo que me chamem de mentiroso. Abrindo o jogo aqui, nesse texto inédito, vou dizer que já se tornou normal me chamarem de mentiroso. Não pensem que me sinto feliz com isso. Talvez seja porque ainda não me conheceram por completo, não sabem, de fato, do que sou capaz.
Coisas que eu começo a ficar acostumado de ouvir é do tipo que nunca sabem se o que estou falando é uma verdade ou se estou só brincando, mais uma vez. Isso é algo que escuto toda semana, pelo menos sete vezes. Sete??
Sinceramente não ligo se não acreditam no que eu digo, até mesmo porque julgo eu, que seja das mais difíceis missões para uma pessoa analisar a verdade ou mentira que falo pois com todo o meu dom de persuasão e a fala abençoada que recebi ao beber daquela milagrosa água de chuva de janeiro a janeiro, tornei-me quase inabalável perante as discussões que explodem ao redor. Também sou feliz por poder fugir de encrencas épicas somente com as palavras bem escolhidas. Com certeza, minto. Admiti. Minto.
Mas as mentiras que correm por minha boca são da mais sincera honestidade que um homem de bem, como eu, poderia ter. Minto para favorecer o ego de quem me cerca, minto para manter por perto e conseguir dar a proteção necessária a quem gosta de mim, minto para não antecipar a dor em um coração que se aperta dentro do peito ao sentir a saudade de um beijo meu, minto com a intenção de trazer o bem para perto, minto para livrar um irmão da degola num momento difícil da vida, minto quando sinto-me pressionado a fazer algo que uma visão ou um sentimento momentâneo me dizem que o futuro reservaria tristezas se aquela decisão fosse tomada, minto quando faço uma merda e sei que encobrindo o fedor preservaria o nariz de quem tanto amo. Enfim, sinceras mentiras necessárias que qualquer um comete a toda hora. Não sou melhor nem pior que ninguém, minto também.
A diferença é que nas minhas mentiras a verdade nunca será descoberta.
Os homens passam, céus e terras passam, mares passam. Minhas mentiras ficam.
P.V. 22:18 16/08/08

amaciando o motor

Passo no momento em que a mudança torna-se clara em minha vida. Pra falar a verdade, faz um tempo que não escrevo nada. E no meio desse tempo pouco mudei meu pensamento. Algumas coisas de impacto ocorreram nesse espaço, mas o que sinto por dentro continua igual. A mudança que mencionei é de nível maior, um nível que nem sempre conseguimos perceber se não prestarmos muita atenção. Essas coisas acontecem comigo seqüencialmente, e nem sempre dou o devido valor ao bem que isso pode me causar. Ainda agora, botei em prática o que sempre digo aos outros. Tenho mania feia de ser hipócrita com os conselhos bons que passo adiante. Faço todos serem felizes mas me perco no meio dos meus problemas quando a solução é a mais óbvia possível. É só esquecer e deixar rolar. Estou deixando rolar, agora.
Quase nunca fico doente, mas quando a doença me atinge, é foda. Já sou naturalmente preguiçoso com tudo, com essa moleza que se abate em minha pessoa, tudo parece estar em câmera lenta, o mundo parece girar devagar, os segundos, ainda mais lentos no rodar tedioso do relógio. Tenho medo de ficar doente porque tenho medo de morrer. Todos acham que uma simples febre ou resfriado não mata ninguém. Pode até ser, mas já é meio caminho andado pra morrer. A morte só quer uma desculpa pra chegar e meter a foice em quem insiste em continuar vivo. Tenho medo de morrer, todo mundo sabe disso. Não adianta me dizer que a hora será certa, e que um dia vai acontecer e está tudo programado. Eu que não vou antecipar nada, evito tudo que possa me matar. "Ahh, Paulinho, você não aproveita a vida, assim..." Claro que podemos aproveitar a vida. Ninguém é obrigado a andar em montanhas russas gigantes, pular de pára quedas, entrar na favela de madrugada. Continuarei careta até que o tédio ocupe totalmente minha mente e, só assim, pra estar completamente desesperado, e fazer uma dessas loucuras.
Mas como disse, o pensamento pode mudar e de repente viro um doido radical que respira adrenalina e, sem ela, não poderia viver. Resumidamente a vida baseia-se nisso, não é mesmo? Sempre existe algo em que nos apoiamos e, aparentemente, sem esse algo não poderíamos viver. Alguns dizem a família, o cachorro, o namorado, o carro... sinceramente, chegamos aqui sozinhos, eu não sabia nem falar, hoje em dia até ando, não deve ser impossível viver sozinho. Claro que prefiro depender de todos que amo.
Tenho tanta coisa pra dizer ao mundo e o mundo me cala mais a cada dia. Estou confuso.
P.V. 11/08/08 11:11

back in black

Voltando à realidade e tentando, mais uma vez, dar continuidade aos trabalhos que não deveriam ter parado. Desde que o ofício tornou-se oficial parece que meu coração deixou de sangrar o vermelho vibrante e inspirador que me fazia dialogar com o papel. Pode parecer coincidência, tomara que seja mesmo, mas é algo que preocupa e deve me deixar alerta. Não cometo a injustiça de dizer que estou menos apaixonado pela vida ou que passo por um momento desgostoso do que me cerca, mas é simplesmente uma falta de vontade de expressar os sentimentos que povoam minha mente. Cheguei até mesmo a pensar ou conjeturar sobre uma possível redução do tamanho de qualquer amor que eu já tenha sentido por qualquer coisa que seja. Exemplificar e definir algo que se ama é verdadeiramente difícil, por isso sempre julgo mais fácil generalizar. Também não é de se pensar que ame tudo e todos. De certa forma, até que é verdade.
Porém, retornando mais uma vez às linhas de pensamento, estou respirando o ar mais novo, mais leve, talvez, experimentando novamente o prazer de poder viver do deleite de escrever. Sinto-me como uma virgem a conhecer os desejos carnais pela segunda vez, sendo que na primeira não foi chegado "aos finalmente". Tenho muito o que dizer e não é novidade nenhuma admitir que sou feliz ao gritar a todos o que se passa em meu ser. O povo é curioso, gosta de saber da vida dos outros, estarão tão felizes quanto eu ao tomar conhecimento de tudo que vem acontecendo por aqui, sempre fazendo pensar nas linhas estranhas que escrevo onde, certas vezes, nem eu mesmo me entendo.
Nunca fiz questão de ser simples porque coisas desse tipo não chamam a atenção de ninguém. Podem dizer que gosto de aparecer, é bem verdade, mas prefiro que digam que minhas idéias estão em movimento e o movimento provoca o interesse alheio. Sacudindo a cabeça e deixando a boca aberta, todas elas caem e só preciso escolher, selecionar as melhores, organizar de modo complexo, escrever aqui e pronto. Estamos todos felizes e contentes por ter o que fazer, por ter um jeito agradável de se passar o tempo. Digo que estou de volta. Agora em High Definition...
P.V. 21:46 16/08/08

domingo, 3 de agosto de 2008

não desanimo

O Flamengo anda muito mal das pernas. Deveria estar correndo, pelo menos. Mesmo que continuasse mal, mas que mostrasse alguma coisa de útil pra torcida, alguma coisa que valesse a pena, de verdade, o ingresso pago pelo trabalhador suado que freqüenta as arquibancadas do Maracanã. Porque minha maior tristeza, e quem me conhece sabe que é verdade, não é ver o Flamengo ganhando, é sim, ver a torcida feliz, ver que o time se esforçou ao máximo e deu alegria à nação. Ir ao estádio é um martírio muito grande para quem não tem condições financeiras assim tão boas, ou seja, a maioria.
Mas estava tudo indo tão bem, vitórias seguidas, atuações perfeitas, de fato, a alegria que isso causava em minha pessoa era de extrema grandeza. Nem eu mesmo acreditava no que acontecia por nunca ter vivido situação parecida. É certo que o Flamengo está acostumado a ser o primeiro lugar sempre, e por dentro, sabe da capacidade de poder ser campeão em qualquer território que pisar, qualquer competição que participar, qualquer desafio que lhe for proposto. Nunca se deixa levar por perdas repentinas e levanta-se após os seguidos tombos que a vida destina, mas é assim mesmo e devemos continuar na luta por um lugar melhor no certame. Levantará e correrá para dar mais alegrias a torcida que tanto o ama.
Chega de perder, Flamengo!
No meio da queda repentina, depois de tantas vitórias, lembro-me das conversas adolescentes e jogadas ao vento na qual o rapaz, ainda formando sua ideologia de vida, perdido no mar de informações e oportunidades que o cercavam, disse, sabiamente: "O homem é o reflexo do espelho do seu time."
Novos tempos se aproximam...
P.V. 18:20 03/08/08

sábado, 2 de agosto de 2008

amor em quatro rodas

A gente tá acostumado a andar em carros, é bem verdade. Obras primas da inteligência humana criadas com objetivos semelhantes, alguns usam para carregar cargas, outros para apresentar inovações em design, e a maioria usa mesmo para o transporte em geral. Claro, até aí tudo bem, nada que aqui foi dito pode parecer algum tipo de novidade aos olhos de quem simplesmente existe. Mas meus rodeios destinados a encher página e aumentar a curiosidade de quem lê chegará em seu clímax daqui a pouco.
É bem verdade que o setor automobilístico vem crescendo nos últimos anos e aqui no Brasil não é diferente. Carros de todas as marcas, cores, variedades infinitas, tamanhos para todos os tipos de interesse. E o povo suando, trabalhando todo dia em busca do sonho de ter um carro do ano. Não faz muito minha cabeça, mas tudo bem, até mesmo porque a crônica não é sobre mim. Deixo-me de lado (o que é difícil) e dou continuidade à saga do amor em quatro rodas.
Saibam vocês, queridos fãs, que existem pessoas ninfomaníacas nesse mundo. Pessoas que sentem cheiros, odores de sexo ao longe e, com aquela voracidade peculiar, deixam-se levar pelo momento e se entregam à luxúria do prazer. Doentes, maltrapilhos, ficam até mesmo descabelados por esse motivo tão banal que consiste na copulação básica entre macho e fêmea. E o perigo começou a rondar as atividades de quem pratica essa malfadada ação.
Digo que tenho a intenção de revelar à sociedade, as verdades que não podem mais se calar pois, ao presenciar aquela cena tornei-me um escravo das palavras e pus-me, imediatamente, a escrever desordenado, sem fins lucrativos, somente para entreter o povo que batalha para ter um lugar sombra, que de frente ao caos do mundo globalizado, ainda tem que aturar casos estarrecedores como esse que passo agora a declamar.
Estava eu, na minha caminhada noturna, lá pelas tantas da madrugada, saindo do meio de um bosque arvorado com minha maleta, onde guardo meus documentos tão preciosos e meu instrumento de trabalho/lazer/distração/hobby/e-tudo-mais-que-se-possa-pensar (notebook), quando avisto uma situação um tanto quanto inusitada à minha percepção. De fato, é coisa de se admirar, um carro estar chacoalhando-se parado. Eu, inocente, não pude pensar na verdade que estaria, segundos depois, de frente aos meus olhos. A selvageria deflagrada pelos movimentos rápidos que se davam confundiam minha vista a ponto de me deixarem tonto por um instante e, cambaleante, pude me colocar a um ângulo mais privilegiado a fim de enxergar com mais clareza o lado esquerdo superior do útero da menina. Era um casal praticando o ato sexual, embrenhando-se, no canguru perneta, afogando o ganso, molhando o biscoito, fazendo o vuco-vuco, o lésco-lésco, como queiram...
Mas vejam senhores e senhoras de bem, que minha intenção não era admirar o amor evidente e sem vergonha de ninguém, apenas parei ali para poder colher informações para meus textos que, como todos sabem, são repletos do fogo da paixão, coisa esta que era bem exemplificada dentro daquele carro. De repente, pensei ter sido descoberto, mas com minhas táticas de ninja samurai pude me deslocar 3 metros à noroeste e cair por trás de um monte de arbustos que, felizmente, me deram uma visão ainda mais privilegiada que antes. Desse ângulo poderia ver, além do lado esquerdo superior do útero, o lado direito do meio e um brilho intenso que naquele momento não pude identificar qual seria sua origem. Somente depois de algum tempo fui entender que era a camisinha fluorescente que brilhava com os raios da Lua que adentravam pelo espelho do pára brisa.
Mas nem tudo que é bom dura pra sempre. Como fosse um castigo dos céus pela indecência praticada sem pudores no meio da rua, uma moléstia abateu-se violentamente sobre a menina que estava a saltitar como uma gazela nova que descobria a vida de ser livre. Aos poucos os movimentos intensos foram diminuindo e o fogo apagando, para dar lugar a uma inquietação por parte do casal. Minha incompreensão dos fatos foi momentânea, logo percebi que a mulher passava mal, parecia estar com falta de ar, seu rosto ia mudando de cor, um lagarto multicor no cio, parecia. O homem gesticulando, como querendo que ela voltasse ao lugar que ocupava antes pois um vazio ali fora deixado, mas a coisa parecia séria e ela, sem voz nem ar para respirar, começou a ficar roxa e o homem a sacudindo de um lado para o outro querendo saber o que acontecia. Algumas hipóteses passaram por sua cabeça:
**pensou ter sido tão ruim que a moça odiou de tal forma que até passou mal;
**pensou ser muito membrudo que, pelo tamanho exagerado, atingiu um dos pulmões causando a falta de ar;
**pensou que o carro, que possuía Kit Gás, possa ter tido algum tipo de vazamento o que ocasionou uma reação alérgica na mulher;
**pensou nos amigos, na família, pensou na derrota do flamengo no meio da semana.

Fato certo é que a situação foi um tanto constrangedora e deve ter sido a última experiência daquele casal dentro de carros. A moça foi melhorando e recuperando a cor gradativamente até que o carro partiu sem destino e eu, enfim, pude sair de trás do meu esconderijo básico.
Continuarei na busca por informações, continuarei na batalha contra a perversidade e a falta de pudor. Pederastas e ninfomaníacos, temei!
Dica do Paulo: andem com um balão de oxigênio na bolsa sempre que forem fazer putaria dentro de carros.
P.V. 22:29 01/08/08