sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Material mastigável com fruta que engorda e faz crescer - Parte II

E idades altas e baixas se esbarravam na alegria eterna que tanto almejamos meses antes pra que justamente agora fossem desfigurados os golpes mais interessantes. Gritos de felicidade eram escutados sempre que passávamos perto de qualquer coisa que se mexesse. Sabíamos que não era por nossa causa, mas a sensação de ilusão compreendida era de tamanho sem igual, e se perguntássemos se era por nós aqueles gritos, diriam com a maior convicção que eram sim. Todos estavam se amando, não havia lugar pra tristeza, não havia lugar pro ócio, pro mal, pra quietude ridícula dos dias normais de sempre. Sentia que ali era meu lugar e de mais ninguém, só meu e de mais ninguém, como um pássaro que redescobre suas asas e consegue, enfim, voltar pro seu ninho, de onde nunca deveria ter saído.
Foi ficando cada vez mais quente, uma temperatura alta que fazia crescer pensamentos pederastas em todos. Pensamento pederastas são da melhor índole que se possa imaginar, contrariando muitos puritanos que imaginam todo o mal que alguém feliz não possui. E a safadeza então chegou, junto com o enxofre quente do que é pecado vindo de baixo trazendo o calor sentido antes. Deus abençoou a alegria, mas manteve-se com os olhos fechados, só por precaução.
Então, os donos da festa, homens que possuem seu nome antecedido por duas letras maiúsculas, os Djs da noite comandavam seus súditos: seres sem destino vestidos com roupas iguais a se remexer das formas mais variadas e velozes. Tocavam leis que deveríamos obedecer ao pé da letra ou seríamos expulsos do local. Ninguém queria ser expulso, ninguém queria perder o bom da vida que era estar ali naquele dia. O DJ dirigiu-se a uma pessoa de idade baixa, mandou um convite que era resumido quase em uma intenção de 2ª. Foi assim que eu pude escutar: “Alô novinha, eu vou te levar pra trás da equipe...” Podia haver um tanto quanto de bondade em sua fala ao declinar esses versos em direção ao povo que pulava alucinadamente na frente ao palco.
As caixas continuavam a dar ordens, certas vezes queriam fazer indagações a nós, pobres mortais. Elas perguntavam: “Como é que ela vai??” Eu respondia: “Vai quicando e mexendo os ombrinhos...” Era uma loucura, toda aquela gente sem medo de ser feliz, pulando e fazendo daquele dia o último, como fosse um único pingo de ar que tentavam alcançar cada vez mais alto, sentindo o som entrar-lhes pelas entranhas como um vírus a lhes consumir a carne.
Bebi, caí, levantei... Foi só um pouquinho de nada, ninguém nem percebeu porque minha discrição sempre foi meu forte. Estava desorientado pelo momento que passava e não lembrava de nada que pudesse me fazer brecar o que meus objetivos almejavam. Como o DJ disse logo depois: “Mas quem é não se esconde, é o bonde do Rinoceronte!” Eu sei que não faço parte dessa cadeia de animais, mas posso me enquadrar muito bem nessa trupe, pois sou e não me escondo. Só falta saber o que sou, né..?
Numa outra caixa de som, queriam saber que porra era aquela... mandavam segurar essa porra, soltar a porra... foi uma verdadeira confusão nessa hora, mas nada que umas aulas práticas não resolvam as idéias perdidas na cabeças das meninas mais desavisadas.
De repente uma aflição tomou conta do povo pois uma das caixas estava dizendo que o tamborzão tinha parado... mas era brincadeira e todo mundo ficou feliz de novo.
São as lembranças eternas que tenho e sempre cultivarei desse dia que nunca sairá de nossas cabeças, pois o que é bom e do bem deve ser lembrado e dito a plenos pulmões, tudo que nós fazemos é algo que devemos guardar e compartilhar com os amigos. Por isso que estou sempre buscando o que ainda não tenho, sempre almejando aquelas histórias que ainda não pude contar. Mas é questão de tempo pra que eu volte aqui e bote em dia as aventuras de um cavaleiro e seu fiel escudeiro.
P.V. 17:30 17/10/08

2 comentários:

leilinha disse...

“Alô novinha, eu vou te levar pra trás da equipe...” Q isso meu deus
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nem vou falar nada sobre esse fato
bjus

ELI BERNARDO disse...

CARÁIO VÉIO.....
TU FOI E NEM ME CHAMOU?
SACANAGEM!
VALEU MULEKE, FELICIDADE É ISSO AÍ,
BELO TEXTO.