segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Um copo no bar

Sentado na mesa de um bar, penso em coisas que sempre tive vontade de dizer, boto pra fora todos os meus sentimentos mais escondidos, todas as minhas idéias errôneas. Tenho necessidade de me jogar em palavras desmedidas, argumentos que vão se formando aos poucos e sempre tornam-se frases grandes e sem nexo algum que, nos meus ouvidos, fazem toda a diferença. Consigo achar a chave de tudo que estava precisando. Sem nenhuma intenção de procurar, acaba-se encontrando o que se almeja. E entre um copo e outro, novidades aparecem com cada vez mais intensidade de todos os lados, histórias mais diversas, vidas anteriores que são relembradas em alguns segundos de alegria que parecem ser eternos, querem ser eternos. Sinto saudade de tudo que falo, sinto uma ansiedade louca de querer começar a falar, de interromper qualquer assunto que julgue ser inferior ao que eu tenho a dizer. E tenho muito a dizer.
O copo esconde minha boca, o copo que seguro na mão é meu microfone disfarçado de amarelo. Tudo que digo não se diz a toa, então cada suspiro tem um significado importante no contexto de interpretação, no show que sempre é feito após cada gole. Somos todos reféns de nós mesmos numa prisão domiciliar da qual conseguimos fugir pro bar em certas ocasiões. Lá, longe de toda censura, podemos, enfim, dizer o que pensamos, ouvir o que precisamos, beber o que queremos. Um eterno refúgio de paz pra quem gosta de saber o que anda acontecendo por dentro de si mesmo. Procuro a mim mesmo sempre que as dúvidas exteriores tornam-se mais fortes do que realmente preciso saber. Não é de fofoca que estou dizendo, são fatos que acontecem simplesmente porque é necessário que aconteça e, quando menos se espera, nos atingem em cheio, deixando-nos desnorteados. Sou diferente e gosto de estar preparado pra encarar a bala perdida que tenta me achar.
Sento numa cadeira que parece ter sido destinada a mim. Não cometo pecados de começar ou terminar sozinho pois a depressão que sentiria, a falta de quem se foi, a nostalgia de tempos que julgamos terem sido melhores seria de tamanho enorme, o que acarretaria numa provável lágrima, ou prováveis lágrimas a correrem pelo rosto abaixo. Sinceramente, não sou assim tão emotivo, mas com os efeitos positivos que a cevada causa em nós, torna-se possível que algo do tipo aconteça. Com alguém do meu lado, a moeda vira de lado e seguro-me pra que um julgamento precoce não seja realizado.
Essa troca de experiência, conhecimentos mil que se adquirem em pouquíssimo tempo de conversa fiada, papos totalmente despretensiosos que vão tomando forma e nos levando a assuntos extremamente sérios e relevantes. Justamente nesse momento, devemos repensar o que estamos fazendo, de fato. Pois ali não é lugar de se discutir coisas assim de tanta importância.
Caio na noite, começo durante o dia, não vejo o tempo passar e nem sinto a chuva cair, do mesmo jeito que não sentiria o brilho do Sol me atingir. Tudo perde o tato com a sinceridade de um copo de chopp, com o que ele pode fazer conosco, com a inércia parada de uma batida de limão deslizando por nossa garganta, chorando de alegria ao ser degustada com prazer. Sei que sou um felizardo por ter companheiros fiéis que sabem o que é bom nessa vida, por mais que ainda não tenham sido completamente apresentados.
Vivo em função de ser feliz, de ter momentos eternos de felicidade junto do que mais me faz sorrir, junto das mais lindas histórias que podem ser narradas, dos assuntos mais banais que fazem toda a diferença num enredo de nós.
Tô aqui, esperando mais um copo...
P.V. 13:54 05/10/08

Um comentário:

Anônimo disse...

E faz tempo que a gente não divide uma mesa de bar, hein rapá!

E digo mais, insensibilidade não resporta-se à mesa. É só levar o copo à boca, da boca à mesa e entre esses processos: risadas, mulheres gostosas debaixo dos braços estendidos e uma amigo do outro lado da mesa que no final da bebedeira, você acaba por brigar alegando "Cê tá olhando pro decote dela,tá". HAHAHAHA..

Abraço!