segunda-feira, 1 de junho de 2009

Caminhando e cantando

Palavras... se elas somente já têm o poder de persuadir a mente de um ingênuo como eu, evito a imaginação do estrago que uma simples ação possa provocar. Por mais que me esforce, continuo o mesmo de antes e agora caio mais uma vez sem destino da mesma maneira que cai a chuva do outro lado dessa fosca janela. A única diferença é que o chão é o destino da chuva, enquanto minha queda parece tão eterna nesse precipício desmedido e sem fundo.
Durique planava soberana, dona de tudo, rainha desta terra, a musa que mais inspira minha mente com seu andar sossegado, indiferente a tudo, a todos e a mim, seu maior admirador. A distância me cerrava os ânimos, mas algo me levou a encarar aquele local justamente no momento que Durique passava. Talvez tenha sido o brilhos dos seus olhos que ofuscara minha visão, ou o seu sorriso exagerado que apaixona os infelizes que lhe cercam. Porém, a velocidade dos fatos inibe a essência dos detalhes. Existe uma galeria em meu coração onde estão expostos os mais belos quadros que mostram a beleza de Durique em todas as suas formas e cores exaltando a pureza perfeita do seu corpo. Vertem lágrimas de sangue, cada um dos quadros a cada dia que se passa e nós permanecemos separados. Ontem vi o fim da tristeza, ontem vi Durique.
Caminhava em frente à casa de Deus, autor dessa obra-prima que se põe em meu caminho, porém, talvez, santos não fossem os pensamentos que lhe borbulhavam na cabeça. Em que será que pensava quando andava mirando o horizonte com seus olhos sorridentes? Entristeci-me dentro daquele transporte coletivo ao conjeturar que não fosse em mim. E, de fato, não deveria ser em mim por mais que minha vontade gritasse alto. Durique, do alto de seu pedestal, teria que descer a vista para tentar me enxergar, perceber que estou aos seus pés; seria almejar demais querer estar presente em sua mente.
A verdade é que meu desejo era de pular daquela van mesmo se estivesse em movimento, gritar seu nome mais uma vez e entregar meu corpo aos seus braços, entregar minha boca a sua boca e simplesmente esquecer que algo chamado “resto do mundo” existe. É bem cinematográfica a minha escrita e já me disseram que a arte imita a vida; o contrário também deve ser possível. E ela nem sequer sabe que eu estou ali passando ao seu lado, admirando de longe a sua beleza exagerada enquanto caminha alegre em frente a uma igreja.
Mas essas minhas vontades nem sempre são atendidas. Na verdade, um dia há de chegar que tudo o que se move dentro de mim tomará sentido e rumos certos pra que me indique o caminho que guarda o baú da eternidade onde jazem estáticos os meus tesouros, que não são de papel, nem de dinheiro... Um tesouro tal qual esse que digo agora, passou por mim enquanto tudo parecia acontecer em câmera lenta na minha vista, enquanto os passageiros que estavam ao lado também se emocionavam ao ver a interdição de um amor que era separado pela velocidade do carro, e o destino de uma mulher.
Ahhh... essa Durique...
P.V. ??? 29/05/09

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