Foi por ali andando no meio da rua, a cabeça baixa encarando fixamente o chão, cada pedra que passava pelos seus pés sem destino certo enquanto a madrugada engolia toda e qualquer luz que pudesse haver. Nada mais fazia sentido na sua vida depois daquela noite maldita em que o pranto já havia lhe mergulhado na tristeza maior que um homem pode ter em toda a sua existência. Era apaixonado, coitado...
A noite prometia muito para aqueles que partiram de suas respectivas casas em busca da felicidade plena de não ter com o que se preocupar durante algumas horas de som alto e de qualidade. Felippe estava ali para tentar esquecer seus problemas íntimos, seus complexos interiores, suas paixões mal resolvidas desde o tempo de criança, seus erros e equívocos, e tudo mais que acaba com um adolescente nessa faixa terrível da idade.
Os amigos o acompanharam nessa aventura. Mas não seria tão linda assim a noite, como todos esperavam...
Chamavam de Ratazana, aquela que era dona do coração de Felippe. Olha, admito que a vergonha passa pelos meus olhos quando me lembro de tal desgraça a transpassar a sorte do amigo maior que já tive, pois o amor não se explica, o amor retardado não tem lógica, o amor ridículo e doente não tem cura, e incrivelmente não escolhe beleza nem caráter, dois artícios que faltavam naquela que fez mal ao meu brother.
Era gorda.
Perdão, acabo de mentir.
Era muito gorda!
Ratazana chegava na escola e todos já conseguiam a avistar quando botava o pé na entrada do portão principal, dado o tamanho exagerado da circunferência de seu corpo. E acreditem, pois não minto quando disserto sobre as histórias da minha vida; tremiam as escadas quando ela ia subindo em direção a sua sala de aula, cada degrau era um pico na escala Richter.
Tínhamos muito medo dessa garota pois diziam pelas esquinas que fazia seriíssimos trabalhos de macumba com um pai de santo muito famoso pela redondeza. Na verdade até mesmo sei o nome da tal entidade, mas prefiro recolher-me e não divulgar pois não quero me envolver com essas magias negras. Mas falavam muito sobre algumas farofas amarelas, fitas vermelhas, galinhas semi-mortas, capas pretas... Fefy com certeza estava enfeitiçado com todo esse poder, pois somente essa é a explicação para um homem se apaixonar por aquilo.
E voltando ao dia do evento que unia os membros da UCM, já chegávamos perto da tal muvuca que se aglomerava do lado de fora dos muros da festa. Era um dia especial, era dia de alegria, era dia de beber. A sede, quando bate, faz a garganta secar e avistamos de longe um homem que ia vendendo felicidade dentro de copos de plástico. Compramos todos. E perguntou se queríamos o tal do combustível. Virgens da noite, dissemos que sim. E ia lá colocando uma coisa que deixou o copo todo verde, tão bonitinho, tão fofinho, parecia a grama que não havia no chão, queria nem beber pra não estragar. Mas a sede foi mais forte e viramos num só gole a primeira caipirinha de nossas vidas. Quente... deu um calor!
Pulemos a parte feliz do dia, pois isso não nos interessa. Entramos, bebemos mais, pulamos, cantamos, gritamos, azaramos, bebemos mais, e o show acabou. Mas ainda não se foi a madrugada e o dia ainda estava longe de raiar. Enquanto ainda havia música e pessoas ao redor, ficamos por lá observando o movimento.
Já depois que o show havia acabado, depois da despedida maravilhosa das canções que tocavam no palco, nos encaminhamos para alguma barraca que vendesse álcool pelo preço mais baixo possível, pois éramos estudantes pobres e sem futuro.
Felippe, vulgo Fefy, estava se divertindo, estava vendo que a vida poderia ser bem mais linda sem aquela mulher maldita em seus pés, estava admitindo para si próprio que tudo mudara, que a partir de agora tudo seria diferente, tudo seria melhor, tudo seria do seu jeito sem ela...
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2 comentários:
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
COITADO DO AMIGO FEFY...
AMAR É SE DESGRAÇAR!!! RSRS*
dkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkk
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