Fui chamado ao lugar, pois do amor tudo se deve esperar, ainda mais nas ocasiões que seu presidente estiver envolvido, direta ou indiretamente. Fui sozinho, pois a companhia nos abandona, nos deixa na mão na última hora, no último segundo que ainda restava para tentar conseguir chegar a felicidade plena de duas pessoas perdidas num mar de gente que desconhece, sem responsabilidades, sem obrigações, sem costumes diários que tornam a vida um pouco mais triste.
Pois fui e a música que me levou.
Vou contando tudo nas palavars escondidas que ainda tenho guardadas dentro da minha cabeça, com a memória pouca de um dia que há muito já se foi. Na verdade, eu nem me lembro muito bem como tudo aconteceu, nem sei mesmo se aconteceu de fato, mas é algo que deve ser lemabrado, pois da beleza tudo se recorda, na perfeição tudo se encaixa, na libido se revela a mulher impura.
Um mar de sangue que escorria pelos seus cabelos assim que se deram os primeiros toques, assim que a ferida inicial foi aberta pela canção que atenuava nossos corpos, pela música que fazia nossos ouvidos sentir a emoção do que é uma bela letra sussurrada em nossos virgens ouvidos. Esperei o momento. Admito que não foi o momento certo, mas era só pra que eu pudesse contar depois que o que pensei antes tornara-se verdade.
Era um mar de fogo; realmente por todos os lados que se olhava, eram labaredas que se levantavam, eram cenas desconexas, coisas que não se pode entender, tudo acontecendo ao mesmo tempo, e o povo passando, e as histórias se desenrolando, e os casais se formando, tudo ao mesmo tempo enquanto ainda se fazia um beijo desenhado, enquanto tudo parecia parado num único lugar, o mundo girava violentamente ao nosso redor.
E a música acabou.
E tudo volta ao seu lugar como era antes. Só um encejo, só uma intenção, só um momento falso de amor, puro de desejo, livre de paixão, convicto de libido. Só mais um, só mais uma...
Mas a noite insistia em não ir embora; a noite fica por mais que passem os minutos, por mais que segundos morram e nasçam novamente, por mais que a vida tente nos atrasar, por mais que fiquemos ali parados olhando algum relógio, por mais que não saibamos o que fazer com a palavra que há de sair na nossa boca assim que esta se abrir novamente.
Foi assim que aconteceu, mas não era ainda hora de escrever a última letra da crônica.
Um carro, um momento, um local escuro, e o movimento a alguns quilômetros por hora numa estrada sem fim. Foi o bastante para que se botasse em prática aquilo que fora aprendido durante todo o tempo em que estive por aqui. Só o tato nos importa quando não podemos enxergar e abusei do sentido quando percorri seu corpo com minha mão enquanto, lado a lado, nossas bocas se entrelaçavam num beijo tal qual a estrada percorrida. Agora sim, aliado e inimigo, o tempo parou, e pude viver tudo que a madrugada oferece a quem sabe o que quer.
Falsa, a estrada enganara-me e chegara a um fim.
Desci do carro sem me despedir de quem fez a alegria da minha noite pois não quero guardar no seu coração a imagem da minha saudade que não consegue fugir do meu rosto quando dá as caras.
Dormi ardendo num mar de fogo, procurando salvação num mar de sangue...
P.V. 15:54 03/09/09
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