domingo, 27 de setembro de 2009

Ode ao meu erro

A esperteza tem seu fim na última dança da cerimônia
Quando todos já querem se despedir
Quando a banda já não consegue articular música alguma
Quando o mundo dá adeus aos convidados
Quando a vontade supera a razão imposta
Pela sociedade, pelos costumes, pelos hábitos diários

O lugar do amor sincero
É ocupado pelas lágrimas que caem
Ou não.

Sei do que sentem e do que não sentem
Por quaisquer pessoas que estiverem lhes rodeando

Sei mais ainda do que sinto e não é bom
Pois há muito não cortava-me por dentro essa dor
Tão grande que se confunde com qualquer outra coisa
Menos o que de fato ocorre nesse instante que lhes digo
Nesse momento em que entra em mim
Uma adaga falsa de amor
Rasgando-me o peito sem que sangre em mim a minha dor
Mas doendo-me intensamente
A dor que nela se sente.

E meu medo é maior ainda...

Mas não quero saber desse medo pois
É a verdade que se esconde por baixo de minhas palavras
Que me faz ainda pior,
Que me deixa ainda pior,
Que lhe faz ainda pior.

O que foi já está deitado em seu leito
E nada mais nesse mundo terreno poderá
Levantar.

Que fique lá e esperemos o momento certo
Para que o que ainda resta de paixão
Tome conta do sentimento
E não grite mais dor alguma
Não traga mais sofrimento algum
Não seja nosso.

Pois o que era nosso
Parece tão distante...


P.V. 13/09/09

Irmão Antônio, meu Brother

Mas ia o Brother Antônio, todo arrumado na sua beca diária, saindo do quartel depois de mais um dia de labuta intensa, sem medo do que poderia lhe esperar na próxima esquina, sem medo de tropeçar na rua pois os brabos não se sentem acuados jamais, aqueles que tem a auto confiança seguem seu rumo sem olhar pra trás, um verdadeiro infante jamais desistirá de sua missão, correm ao invés de andar... a vida passa devagar pra quem não sabe viver, a vida é curta demais se o intuito da alegria não for cumprido.
E entrava em seu Escort vermelho, carro endiabrado no qual muitas mulheres já tiveram o prazer de se deleitar do amor da carne. E fazia questão que todos soubessesm, queria mostrar ao mundo toda a indecência que se escondia por baixo de sua farda de sargento. As mulheres lhe respeitavam, as mulheres lhe queriam pois o mel escorria de seu corpo. Era um Tigrão...!
Saía pelas noites sem destino, se fazia homem enganando a esposa, gastava seu dinheiro na rua, queria ser feliz de qualquer forma. As mulheres estranhas destilavam seus venenos e ele tomava goles dos mais deliciosos que haviam.
Queria o mundo inteiro em suas mãos pra que usasse de um jeito avassalador, queria as pessoas, as devassas, as piores, as criminosas. O crime que se via nas esquinas fazia dele uma vítima, queria ser suspeito de todas as obscenidades pra saciar o desejo louco de todo jovem.
A vida que já havia vivido, os sofrimentos e a dor do orfanato, a quarta série fraca, as histórias do Brizolão, tudo era só uma desculpa para ser quem era e, hoje em dia, são fatos pra que se torne ainda mais forte seu testemunho perante aqueles que lhe olham com visões diferentes.
Poder saber tudo que um dia já passou na vida de um homem que se deu a chance de mudar é das maiores alegrias que podem arrebatar um corpo durante a vida. Sou um desses pois conheço hoje um Irmão Antônio que continua sendo meu Brother, mesmo com as trevas negras do passado que já não cobrem seu céu. E toda a tempestade de antigamente são só pingos de chuva a molhar minha mente pra que abram-se os olhos de um alguém que ainda não entendeu a mensagem ou faz questão de não entender só pra ter o prazer de mergulhar mais uma vez na vida, mergulhar mais uma vez no que se faz correto hoje e desinteressante amanhã, só mais um mergulho até que a piscina de pederastia se esvazie e somente os pingos de bons conselhos tomem conta do meu leito.
O meu medo de se afogar já não existe pois sei que o certo e o errado existem sempre que Irmão Antônio grita suas palavras em meus ouvidos quase ensurdecendo minhas atitudes e transformando-me para o bem. Existe um Deus e esse Deus sabe o que faz. Irmão Antônio prega, mas quem dá o martelo é Ele.
E é tudo nosso, tudo sempre será nosso, apesar de toda a crítica, apesar de toda a descrença sobre o que penso, sobre o que ando fazendo ou deixo de fazer em relação a minha religiosidade. Mas não tentemos entender o que entendo, tentemos saber o que Irmão Antônio siginifica e já fiquemos satisfeitos desde já.
Pode ser que não goste do que leia, pela humildade que lhe circunda a vida, mas é importante e toda importância deve ser relevada.
Foi um tempo negro, de felicidades falsas que tapavam buracos momentâneos, e hoje vemos o sorriso de Irmão Antônio todas as manhãs mesmo com o cansaço dos empregos, mesmo com as adversidades que a vida lhe entrega, mesmo com tudo que lhe derruba, mas lhe faz levantar ainda mais forte.
Um pai para seus filhos, um marido para sua esposa, um amigo para mim.

P.V. 18:37 23/09/09

A atriz e seu diretor

Essa repetição diária não vai me sufocar, não me deixará sem ar porque sei que a doença dos loucos não faz mal quando atinge os dois. Essa sandice incurável que me assola o pensamento todas as manhãs, todas as tardes, todas as noites é só uma brisa perto do que ainda está por vir. Sei de tudo que os seus beijos podem me proporcionar e quero nem tomar conhecimento do que a falta deles faria comigo.
Uma dependência absurda dessa boca sua que agora já é minha, pois assim digo, e assim é.
“Fui ali na esquina ver se achava qualquer coisa que prendesse um pouco mais minha atenção do que seu rosto brilhando na minha cabeça, mas não achei; como já era de se esperar. Conformado com a derrota, voltei para os seus braços de onde não deveria ter saído.”
Um trecho desse filme inédito, ainda, a todos os públicos, que vai passando devagar pelos meus olhos quando não estamos tão juntos. E é só um motivo a mais para que não te perca. Não sou cineasta, mas em todas as cenas te coloco como protagonista pra que eu jamais esqueça do seu rosto interpretando as mais belas dramatizações que já pude criar.
Existem prêmios bem maiores que poderia te dar só por você existir mesmo sem estar presente nas grandes produções do cinema. Mas assim estando aqui ao meu lado, tranvestindo meus sentimentos com suas palavras de amor, seus beijos inesquecíveis. Por vezes ao longo de um dia penso se, deveras, são todos reais, com a mesma intensidade, ou maiores, ou menores. Não sei o que dizer, pois mais uma vez te lembro, que és minha maior atriz, minha protagonista mais bela.
E sou eu que te escrevo, sou eu que te guio no seu próprio filme que faz sucesso sem que saibas. Vai por aqui ou por ali só porque eu quero que vá. Mas não se sinta mal com isso, não se sinta submissa ou pense que minhas palavras são duras ou majoritárias. Sua própria vontade quis isso. Sempre precisou de alguém que lhe dissesse o que fazer para que não se perdesse nesse mar de opções que a vida pode lhe proporcionar e eu, iniciante nessa função, perco-me bem mais do que você poderia se perder. Mas sou insistente, sou chato, sou seu diretor.
És meu amor maior, por mais que não queira acreditar no que tanto te digo, quase todos os dias. Em algumas ocasiões evito o contato com seus olhos pois tenho medo de cair dentro deles e jamais conseguir achar a saída. Isso me faz muito mal, isso me faria muito mal. E você com toda sua destreza do drama que lhe é peculiar, com toda sua habilidade vocal e na arte do amor me tem de forma fácil, me fala fácil, me mastiga fácil.
Pois se minha boca tem gosto de café, tu me beijas da mesma maneira. E acho que isso é amor... não porque a boca tenha gosto que não lhe agrada e sim porque me beijas mais uma vez sem que eu peça.
É bem mais do que eu poderia querer e esse muito é tão pouco quando estamos distantes.
P.V. 19:03 23/09/09

Asa partida²

A ave que já não voa tão alto
Te observa de longe e se esconde de mim.
Incessante, tento te alcançar em mais um salto
Mas a asa quebrada me joga no chão sem fim.

E te quero como há muito tempo quis alguém
Sem medo de admitir o tamanho dessa verdade.
Espero que sinta por mim também
O mesmo desejo que traz a saudade.

Às vezes perco os sentidos no meio da rua
Ao lembrar do seu rosto, seu corpo e perfeição.
Me contento em saber que a culpa é sua
E que tudo acontece porque assim as coisas são.

Mas o tempo provoca em mim uma certa estranheza
Quando lhe vejo e não sei o que fazer.
Deve ser pelo exagero dessa sua beleza
Que me deixa sem palavras quando a gente se vê.

Então te amo; é o que sobrou pra nós dois
Quando chegarmos no fim da estrada.
A maldita saudade só vai chegar depois
Pois nosso sentimento nasceu antes do nada.

P.V. 16:25 08/09/09

Asa partida

Há bem mais do que o simples desejo quando toco meus lábios nos dela e os olhos se fecham naturalmente pra que nada mais importante que o beijo em si seja reparado. Só sua boca, só seus olhos, só seu rosto, seu corpo e nada além disso me interessa quando o mundo se faz pequeno e a distância se anula. Sou vítima consentida do crime praticado por ela, pois sangra meu coração com a flecha certeira cravada no meu peito enquanto me admira de longe rindo seu sorriso tão perfeito, tão meu...
E se lhe digo aos ouvidos as palavras descritas, me desmente, me descrê, me faz como falso e mentiroso. Já não me importo mais com o que pensa de mim, não me interessa tentar mudar o pensamento que lhe come a mente, não quero ser um intruso indesejado e incoveniente na sua vida. Basta que me ame, que me queira e não há necessidade em acreditar no meu amor ou minha vontade.
Sou um passarinho louco, com a asa quebrada,
tentando, incessante, te alcançar no alto de sua gaiola aberta, de onde me observa com tanto falso desdém que chega a impressionar e apaixonar ainda mais um coração que só bate pra valer na sua presença. E se de longe te vejo, devagar bate meu coração e falta-me o ar pra te alcançar. É o motivo pelo qual tu vens a mim, meu amor. Não queres que meu ar chegue ao fim e ainda faz questão de o jogar nos meus pulmões pessoalmente.
Só porque o tempo me mostrou que não há nada nem ninguém que pudesse se comparar a você, eu fico aqui como um bobo catando letras só pra agradar seus olhos quando lerem o que tenho a lhe dizer. E são tantas coisas que tenho que lhe dizer...
Certas vezes te chamo de amor... e nem quero dizer mais nada depois que me atende pois seria tão chato se soubesse de uma vez tudo que existe em mim, tudo que se faz seu quando estamos juntos, toda a saudade que sei que sentirei quando se for daqui pra bem longe.
E me perco em qualquer lugar que esteja quando seu rosto me vem à mente assim de repente. É algo que não se pode explicar com razões ou motivos, simplesmente fatos que já ocorreram e continuam a martelar minha cabeça na sua ausência tão triste para mim.
Por mais que caia a chuva do outro lado desse vidro sujo, nada afogará o que eu sinto por você mesmo quando a distância se colocar como o maior obstáculo entre nós dois. Se o tempo quiser que fiquemos juntos, ficaremos; por mais longos que sejam os dias, as noites, os meses sem sorrir seu olhar, olhar seu sorriso...
E já não posso ter mais dúvida alguma sobre o amor que me enterra cada vez mais em seu coração, já não desconfio de mim, já não sinto mais medo, pois sei que em ti sempre confiarei os melhores momentos que viver. Se o amor não for assim tão intenso como venho sentindo, que seja leve, mas que me leve até você sempre. Não quero discutir sobre o que seja ou deixe de ser, não quero mais essas burocracias melosas e tudo que envolve a perda de tempo, não quero isso pra mim, muito menos pra você.
Antes do tudo nascer, o nada não existia.
Mas o nosso amor sim...
P.V. 12:32 24/09/09

Perfeição

You don’t know how to Love me...
No even how to kiss me…

Não me venha com exageros de beleza, sorrisos brilhantes, palavras engraçadas ou qualquer outra qualidade que parta de ti e caia em mim. Meus olhos estão abertos para a falsidade e não me iludo mais com pequenas grandes coisas, por mais que a sinceridade esteja explícita aos atos seus.
E também já me cansei de toda essa contradição em relação ao que é e ao que deveria ser. Essa sua ignorância infantil de tentar querer envenenar meu pensamento com ciúmes torna-se cada vez mais ridícula. Um idiotismo tão grande que não condiz com o que tenta me passar ao dizer que me ama olhando nos olhos.
Tenho os piores defeitos e eles se multiplicam em você nessa eterna ironia afogada no amor de forçadas palavras que caem de sua boca como o mais fétido vômito. Não quero mais saber do seu passado, pouco me importa seu presente pois as distâncias sempre vão separar os fatos para que estes não tenham vida própria trazendo uma tristeza desnecessária ao nosso cotidiano.
E vem me dizer de amor! Como se realmente soubesse o que é o maior dos sentimentos. Cospe expressões corriqueiras sem pensar nas conseqüências que simples palavras podem ter.
Já não preciso mais me importar com as lágrimas que vão rolar no seu rosto pois a dor lhe fará bem mais uma vez. O sofrimento é seu amigo e te chama para andarem juntos rumo ao destino final da tristeza.
Talvez a saudade lhe faça pensar nas atitudes que vem tomando com relação aos repetidos erros praticados. Abra seus olhos e veja o que, de fato, existe. Pare, não tema o futuro promissor que a vida poderia lhe oferecer. Esqueça de tudo e vem me amar como fosse a primeira vez.
Ou melhor, nem venha me amar.
Fique aí, bem longe de mim pois hoje já não quero mais te ver.
Minha cabeça já está cheia de você e todas as suas manias incríveis que vão roendo de leve meu coração até acabá-lo, até terminá-lo, comê-lo inteiro. Não quero lhe contar sobre o que vi, sobre o que ouvi, sobre o que disseram de ti. Minhas palavras já se esgotaram quando devem ser relacionadas a você, não tenho mais paciência para seus erros, suas bobeiras, suas luxúrias, seus podres poderes e bárbaras vontades.
Não sabe me amar, de qualquer forma. Nem sequer sabe me beijar.
Como poderia estar presente em minha vida se não preenche as mais básicas vontades que meu desejo pode almejar? Então pegue suas coisas e vá pra bem longe. Tão longe que eu não possa saber mais coisa alguma de ti, tão longe que eu me sinta livre de todo seu horror e intenso ódio desmedido.
Seu enxofre já vai contaminando minha vida de tal forma que não sei o que fazer para me livrar dessa desgraça maldita que invadiu meu costume.
O inferno sente sua falta, meu bem...
Da mesma forma que também sentirei, quando partir.


Já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção...
Venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade nos liberta. Chega de maldade e ilusão, venha..


P.V. 20:14 23/09/09

O furacão Júlia

Ela tem a alvura tão pálida que me faz crer que as nuvens estão desbotadas entrelaçando nossos dedos num lugar que ainda não sei o nome. Seus olhos me chamam para ver tudo de mais lindo que ela já conhece e eu vou, mesmo que cego fosse, só pra ter mais uma vez a felicidade de estar com ela. Seus cabelos também me chamam para caírem em meus olhos enquanto vivo a alegria maior que é me perder no meio de sua boca com a língua que agora é dela. E por falar em boca, deixo no ar tudo que pode ser dito sobre um único beijo que foi dado. Um só é pouco, que sejam dois então...
Havia pessoas ao redor, celebridades no palco e as estrelas com a mãe Lua no céu negro sobre nossas cabeças. As estrelas perdidas no mar da escuridão eram iluminadas de leve pela Lua, minha musa mais encantadora. Essa noite, infelizmente para ela, mais uma vez, eu me via sem destino preso ao prazer aqui no chão, solto num canto largado à sorte de ter encontrado quem se deseja, tão perdido quanto as estrelas, tão iluminado quanto as estrelas.
Não via o brilho nos olhos dela porque estava fechados enquanto me deliciava no mar de luxúria que é sua boca, enquanto corriam minhas mãos por todo o seu corpo, enquanto sonhava acordado temendo o fim desse sono perfeito.
Sou desses que não se contém com um sentimento individual dentro do coração e, justamente por isso, sentia doer-me no peito as lágrimas que corriam pelo rosto da Lua, dona maior da noite. O que não existe não deve ser levado em conta pois o desperdício é dos maiores pecados que um homem pode cometer. Já que estava lá, e ela também, lembrando que o desejo era mútuo, vivi o supérfluo da vida que é o prazer do momento.
Por mim, ainda estaria beijando sua boca até o presente instante em que transcrevo essas mal traçadas linhas para o papel, porém todo fim é inevitável e conosco não poderia ser diferente, infelizmente.
Júlia é um furacão noturno que devastou meu pensamento em tão pouco tempo que me sinto preocupado a ponto de não saber qual distância a violência desse fenômeno poderá alcançar. E por outro lado já aceito tudo; que venha e me levante, que me jogue ao chão, que maltrate meu corpo sem dó nem piedade, que me pise, que me ame, que me cuspa na cara, que faça sofrer, que me faça feliz.
Julia causa ciúmes na Lua e eu adoro ser o motivo de brigas.
Se passar um furacão por aí, diga-lhe que estou esperando...
P.V. 13:55 31/08/09

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Ode ao nosso amor


Pois que não tentem uma vez sequer derrubar os nossos pensamentos
Nem queiram ser mais fortes do que já somos, pois
O mal é fraco
E o bem é ridículo.
O que existe somos nós, e nada mais além disso, se faz importante pra que a vida
Siga seu rumo
Rumo à plenitude de uma felicidade que já foi gritada um número infinito de vezes.

Quero saber de nada não
Quero que me diga nada, absolutamente nada, pois a verdade me é esquecida
A verdade se faz quando não se quer que nasça algo dentro de nossas cabeças
Aí aparece a verdade para que possamos transmitir ao próximo
A falta de uma mentira bem articulada
A falta de uma tristeza bem sentida
A falta de um choro que há de cair um dia.

Nosso tempo é curto, nosso silêncio, escandaloso
Vamos nesse bonde, nesse trem, nessa hora
Pois não sei mais do que você, não sei menos que ninguém
Sou assim, sem mentiras pra mim, se você me quiser
Da forma que vim, da forma que continuarei sendo apesar de todo
O equívoco da humanidade em não admirar o que tenho para oferecer
O que temos pra oferecer
O que fazemos juntos.

Deitados na cama, rolando ou parados
Somos os donos da tarde
Da noite
Do dia
Somos donos do prazer, pois é assim que foi convencionado
Você sai de mim e eu entro em você
E saio de ti e você entra em mim
E não há vontade de parar, não há necessidade que o tempo nos diga sobre
O que não querendo ouvir.

Quero mais de você pra que todos possam saber,
Quero que o mundo, a humanidade, a vida
Saibam que a perfeição acaba de nascer
Já que antes não se acreditava que fosse possível.
Fizemos eles acreditarem que tudo não existe
A não ser a partir do momento em que tornamo-nos apenas um.

Eu e você
Num só corpo.

P.V. 20:51 11/09/09

O rei

“Estou amando loucamente a namoradinha de um amigo meu.”
E ainda vêm me dizer os loucos desvairados, ditos críticos musicais da mais alta qualidade, ouvintes assíduos das canções do rei, que o mesmo era do maior romantismo que a terra brasileira já pôde fazer germinar. Mas contrario totalmente os falantes dessa tal falácia eterna que se perpetuou na mente da sociedade.
Roberto Carlos era fura olho e ninguém me tira isso da cabeça. Amar a namoradinha de um amigo é da maior sacanagem que pode haver na face da história da evoluição da inteligência humana. Posso dizer sem medo que já fiz parte dessa marginalidade e hoje, do lado de cá, dou meu testemunho que irá alegrar os corações desses que necessitam de ajuda na vida amorosa.
Não... melhor não dar meu testemunho nessa crônica.
“Splish Splash fez o beijo que eu dei nela dentro do cinema.”
E cretino... ainda era safado o homem que leva o título de maior cantor de todos os tempos desse país continental. Agarrando meninas indefesas dentro de salas escuras enquanto os filmes impróprios para pessoas de 18 anos passavam na grandes telas do maravilhoso cinema, sétima arte (ou será a sexta?). Não creio em nada que essas músicas dizem só para que eu não me sinta inspirado a fazer tais coisas e transformar minha vida numa pederastia sem fim, agarrando pessoas dentro do cinema, ainda mais as namoradinhas dos amigos meus.
“Existem mil garotas querendo passear comigo... Bye, bye...!”
Sem vergonha, indecente, poligâmico, homem de mil mulheres, mundano, meu ídolo... é um rapaz bem querido pelas fêmeas daquele tempo, o que me deixa intensamente preocupado, pois as novinhas de hoje em dia já não se interessam mais pelo Rei, porém as mesmas que o desejavam antes continuam desejando. Então que tivesse aproveitado enquanto eram jovens e as meninas estavam com seus respectivos tecidos corporais macios e peitinhos duros e bundinhas empinadas e cabelos coloridos. Porque hoje aquelas que o amavam estão flácidas, gordas, com peitos batendo nas canelas e cabelos mais brancos que as nuvens.
“Se um outro cabeludo aparecer na sua rua... e isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua.”
Já foi corno, o dono das mais cantadas músicas do Brasil. Na verdade, ainda não foi corno, mas já prevê a cornitude que há de chegar em forma de longos cabelos como os seus, na rua que muito freqüentou, na cama que muito se deitou, na boca que muito já beijou. Mas não... vejamos também o lado positivo do amor que se esconde pelos becos sórdidos das letras que são soletradas nas canções que tocam em algumas rádios ainda. O sentimento há de nascer na vida dessa mulher que o abandonou, há de vir à tona mais uma vez pra provar que o que é cantado é verdade, somente a canção com suas rimas pode trazer a sinceridade de algo que ainda não aconteceu; o futuro que se diz, só se crê quando acontece. E se aparecer mesmo um cabeludo na rua dela, fudeu... a cama vai quebrar.
“Detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer.”
E vejam ali que o rapaz que escreveu a tal música é bem inteligente e ligado a gramática normativa da Língua Portuguesa pois usou a antítese, a antonímia, para que pudesse chegar aos nossos ouvidos a beleza de um léxico abrangente a fim de entreter as noites ou os dias em que estivermos situados. Detalhes são coisas tão pequenas e se fazem tão grandes quando a tarefa é tentar esquecê-los. Realmente choro horrores quando penso nessas palavras assim reunidas, tão bonitas e esclarecedoras para a minha cabeça ainda virgem de tanto amor e sentimento puro de maldade ou indecência por mais que já tenha sido verificado que Roberto Carlos perambula pelos cantos da paixão sem deixar de lado a safadeza de ser fura olho, de agarrar meninas indefesas dentro do cinema e ainda de conjecturar a possibilidade de sofrer adultério.
Que continuem cantando o rei..

P.V. 20:30 11/09/09

Olha, meu amor

Olha, meu amor, preciso ser da maior sinceridade com você, tanto nesse momento que agora abro minha boca e disserto sobre tudo que penso, quanto todos os outros dias da vida que nós ainda temos pela frente, seja juntos ou não. Pois não quero esconder-lhe nada, não quero que nada passe por nós, por mim, por você sem que a verdade seja a base de tudo que for dito, de tudo que for feito.
Pois admito que um dia desses fiz uma pessoa chorar. Uma semana depois fiz outra pessoa chorar. Nada disso fez bem ao meu pensamento, tudo isso machucou muito tudo o que sou, as lágrimas que correram pelo rosto de quem me amava molharam muito mais a minha consciência do que fizeram sofrer o sentimento delas. E veja, não estou somente dizendo o que aconteceu naquele presente, mas digo as conseqüências que ainda são provocadas nesse futuro.
Não posso lhe dar o que tanto parece querer, meu bem. Sinto muito...
Não vai ser tão ruim de aceitar, sei que tudo é muito passageiro e seu sentimento talvez nem seja verdadeiro a ponto de entristecer seus dias, a ponto de desinteressar-se pela vida ou quem sabe por mim. Mas não peço nada mais do que sua sinceridade, assim como lhe ofereço a minha agora. Se quiseres deixar-me, entenderei de bom grado. E se não me deixares, saberei que nem sequer estamos juntos pra que isso aconteça.
Só vou dizendo o que precisa entrar em você, só quero que saiba que o mundo não gira a toa, só quero que entenda o que ainda não viu, não quero que a ilusão de algo simples torne-se complexo na sua mente, só quero que me ame, pois tenho certeza que te farei feliz.
Minhas promessas sempre foram cumpridas e não será dessa vez que se fará falível o plano que desenhei na minha cabeça especiamente pra você. Acredite ou não, envolva-se em mim ou não, siga suas amigas, siga seus pensamentos, leia minha palavras como se lesse essas revistas baratas que tentam adivinhar o futuro pelos signos. Sou como um astrólogo inútil que vai escrevendo só o que vem à cabeça pra tentar iludir as idéias das jovens bobas que querem um passatempo pra aliviar as angústias terríveis da vida que parece não ser tão eterna como dizem...
Se quer minha palavra amiga, posso lhe dar, se quer minha mentira sincera, posso lhe dar. Beijos intermináveis, prazer na cama, ombro para chorar, piadas para que ria durante horas... tudo que quiser, comigo pode ter. Mas a ilusão é notória e não quero que acredite piamente em tudo que partir de mim; ou que acredite se quiser, pois a verdade é só o que posso lhe oferecer quando nada mais existir além de tudo.
Estou aqui pronto pra lhe atender, pronto a cumprir minha promessa de lhe dar a felicidade e o descanso não me conhece nesses momentos da mesma forma que não tenho intenções de lhe fazer cortesias. Quero somente chegar ao êxito de saber que tu me amas e sentes a mais pura alegria que eu, e mais ninguém, pode lhe dar. Quero essa fama, quero esse poder, quero esse glamour de jogar na sua cara um sorriso a cada segundo que estiver ao meu lado, quero essa chama que acende em ti quando junto nossos lábios no beijo interminável que lhe ofereci há pouco, quero você e só você, por mais contraditório que eu possa ser e também pela vontade diferente que meu coração, órgão louco e cheio de bocas a gritar, venha a ter.
Olha, meu amor, são muitas as coisas que pretendia lhe dizer, mas minha mania de querer fazer caber nas poucas linhas que me são oferecidas pela vida, mínguam as letras que posso escrever e lhe dou esse pouco, talvez como já uma intenção de lhe educar os sentidos para que se contente com algo menor do que espera. Quem sabe assim, a dor seja menor quando sentir-se acuada no canto escuro em que sua própria paixão lhe jogará daqui a algum tempo. Mas não há de ser nada, pois com nossa força, nossa cultura poligâmica, a loucura de amores que sempre invade os corações carentes, e tudo mais que pode curar as dores platônicas...
Olha, meu amor, esquece tudo isso e me beija de novo porque entre um copo e outro de chopp escondem-se muitas palavras desconexas... P.V. 20:26 09/09/09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Coração


Há o que existe e o que ainda está por ser conhecido. Já não me intereso por nenhum dos dois, pra ser totalmente franco. Quero somente agradar ao meu ego, ao meu nome, à minha vontade própria e cheguei, hoje, à conclusão de que meu ego, meu nome, minha vontade é fazer feliz a sua pessoa, é ver nascer no seu sorriso o brilho que sempre procurei durante toda a minha vida, é estar ao seu lado enquanto o mundo voa lá fora, é sentir frio e calor enquanto todos só sentem um dos dois, é gritar sem vontade, calar-se por querer, correr estando parado, viver...
Não quero mais nada que não seja você e falo do fundo de mim, do fundo da minha garganta por mais exagerada que esta seja. Sei que não quer ouvir nada disso, sei que não faz questão de me acreditar justamente pelas palavras que já lhe dirigi e faz bem, meu bem. Mas é esse instinto de amor que vive em mim que me dá o direito de extravasar tudo que em mim já não mais cabe e flutua meu corpo sempre que estamos juntos deitados, de pé, rolando ou não. Sei que és minha durante o tempo que comigo estiveres, mas é pouco demais para saciar a vontade gigante que tenho de ti.
Não vou mais lhe importunar sobre permanecer, sobre querer-me para todo o sempre pois sei que são fábulas joviais, sonhos de criança, desejos inquietos de pós adolescentes frustrados.
É o meu amor que escreve nesse momento, esqueça minhas mãos, meus dedos loucos que martelam o teclado, pense somente no sentimento que brota de algum órgão. Pense no coração por ser ele o mais importante. Pense no coração, Coração...
“Aperto-me por dentro se a mente, que mora ali em cima, começa a lembrar do seu rosto e faço jorrar o sangue de mim da forma mais gritante possível pra tentar aliviar essa dor que os homens costumaram chamar de saudade. Não quero saber de nenhum dos sentimentos criados do lado de fora dessa caixa que vivo pois o meu é o maior de todos, somente o amor pode curar as mazelas que venho sofrendo durante todo o tempo em que o idiota que ainda deixo viver fez escolhas erradas. Mas o passado não mais importa...
Agora é você que toma conta de mim, pelo menos pelo tempo em que estiver por perto. Justamente esse é o medo maior que me povoa as artérias e flexiona o miocárdio pois quando fores para bem longe, onde costuma se esconder durante a maior parte do ano, lá onde ganha a vida no seu trabalho árduo e infeliz, ficarei aqui sem dona, jogado ao léu mais uma vez, acreditando em falsas promessas que me fazem a cada semana, lendo palavras insinceras a cada momento, sentindo o gosto amargo de diferentes bocas a cada instante...
Você é minha maior vontade, minha única esperança, minha salvação para o fim da poligamia que vem assolando minha saúde. Claro que existe em mim uma porção indecente notável, e normal a certo ponto, se é que um coração também pode se achar no direito de usufruir desses sabores que a vida no plural nos traz. Essa loucura sem fim, essa safadeza exagerada, essa libido liberada trouxe algumas alegrias, porém todas passageiras, todas sem futuro certo, todas com falsas felicidades escondidas por baixo das saias pequenas ou dentro dos decotes infinitos. Já estou a ponto de explodir com tantas solicitações pendentes, tantas que se perdem dentro de mim, tanta informação acumulada...
Quero só você, nada mais, mais ninguém...”

E cala-se o coração.
Mas nem mesmo boca tem um coração, quanto mais poder-se-ia acreditar em monólogos intensos sobre as mais puras formas de sentimento que um dia viveriam dentro do que chamam de amor em forma de órgão.
É tarde demais para discutir com a carne.
E nem sequer teria argumentos suficientes para contradizê-lo...
P.V. 20:04 09/09/09

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pra Pai...

Pois veja bem, meu pai, o senhor já não sabe das coisas como sabia antigamente, já não usa as mesmas roupas, muito menos o penteado com seus fios de cabelo preto enrolados até os ombros que fazia sucesso em sua antiga juventude. Talvez se fosse traçado um paralelo com seu estilo de antes e o de hoje, poderíamos ver como a vida mudou e tudo que ainda há de acontecer. Mas não tenha medo de me encarar quando lhe digo as verdades que já não acredita, que já não faz sequer questão de parar um segundo para ouvir pois sabes que minha voz grita mais alto do que podem escutar seus ouvidos. São só os pensamentos oprimidos de quem ainda está jovem, de quem não quer se calar perante as adversidades, só pra não acostumar-se com um conformismo que poderia durar por toda a vida. São os argumentos que ficam pipocando na minha cabeça sempre que algo incrível adentra em minha mente e torna o certo em algo errado, pelo menos para mim. Acredito também que fosse abusado e argumentativo em sua juventude distante com seus cachinhos negros a cair pela testa.
E eu também admito que já nem sei muito bem o que venho fazendo nessa vida, tal qual um bêbado que vai caminhando de volta pra casa e não acha o rumo certo, tateando cego por outros bares, caindo em esquinas, levantando-se sempre que alguém lhe olha com uma cara mais incriminadora. As vezes sinto que me julgam como vivesse à margem da sociedade, por meu jeito quase igual, por essa fome de querer tudo que se move, por não perder oportunidades e não saber esperar nada. Mas foi o senhor que me ensinou a ser assim, então já não tenho remorso, nem arrependimento e posso encarar esses que me olham, sem medo.
Mas pai, o senhor já não sabe mais o que dizer e não entende nada do que digo. É estranho pois a idade, com seu avanço, deveria trazer-lhe a sagacidade. Mas também já olho por outro lado e vejo que o tempo do passado mexe com o verbo sempre que ele quer se colocar no presente. Seus idos antigos trazem à tona a verdade esquecida, aplicada ao que tentam vivenciar hoje em dia e assim se dá o conflito inevitável. Longe de brigas, só fico olhando...
Já vai dizendo a mesma coisa tantas vezes durante o mesmo dia, pois esquece que já me disse aquilo. Sem ter o que falar, apenas ouço e repito a mesma coisa que disse antes pra não frustrar suas intenções, que parecem ser boas. Mas não me entende e isso irrita o pensamento meu.
Disse um poeta: “Eu calço 37, meu pai me dá 36; dói, mas no dia seguinte, aperto meu pé outra vez. Pai, eu já tô crescidinho...” Deve entender que já sei andar com meus próprios pés, já sei que calça querer usar, já sei que caminhos andar, pelos morros, se pelos montes, se pelas montanhas. Entenda que não há diferenças tão visíveis, quanto o simples relevo de cada um. O mundo não é suficiente pra mim, pai. O mundo nunca será tão bom que possa me satisfazer. Nem suas palavras, nem suas idéias, nem de ninguém. A satisfação momentânea não substitui a plenitude. Eu sei que nada é eterno; saiba também.
Pois, meu pai, não escute muito o que digo porque minhas pretensões são profundas e complexas, vivem se transformando, vivem sofrendo incríveis metamorfoses que me dão um certo ar de contraditório e incrédulo. Mas sou assim, saído de minha fôrma: você.
Nem bandido nem herói, nada de super homem, simplesmente o suficiente para fazer meus bons gostos serem apurados, criar as bases de minhas idéias, um toque de beleza no corpo desenhado, alguns bons conselhos, outros nem tanto, a companhia nos jogos do Flamengo, eterno confidente.
Também me lembro que me ensinou a ser homem, a gostar de mulher.
Um dia íamos andando pela rua, quando passou uma linda mulher por nós com seu decote avantajado, sua saia curta, seus lábios pintados. A criancice e infantilidade ainda me deixavam com um tanto bem grande de inocência e falta de maldade. Mas virou-se e olhou pra trás e me disse que era só pra não perder o costume. Hoje em dia, passam mulheres lindas, perfeitas, cheirosas, algumas fedidas, outras feias, umas anãs, poucas sem braço, e sempre viro minha cabeça pra trás e olho. Só pra não perder o costume.
Foram bons ensinamentos que continuam germinando na minha cabeça, prontos para serem usados a qualquer momento que a vida me obrigue a ser mais sábio que o que se prosta em minha frente desafiando minha inteligência, tentando devorar o que restou em mim, querendo derrubar-me com palavras soltas no ar. Aprendi que tudo é relativo e vai ser verificado somente no fim pois a verdade há de existir e partirá de mim. Meu pai que me ensinou...
E diz também que ainda vou viver muita coisa, que não sei de tudo, que estou longe de ter a experiência que tanto grita em meus ouvidos. Já não sei bem ao certo dessa convicção pois tempo de estrada é uma coisa; competência para bem andar nessa estrada é outra coisa. Vou indo por aí dirigindo minha vida desviando dos buracos, freiando nos quebra-molas, respeitando os sinais (sempre que possível...)
Mas é tudo parte de um grande plano do bem que só vai me dar felicidade, como sempre acreditei, e continuo acreditando.
Meu pai é o dono desse plano, meu pai está arquitetando o que ainda há de acontecer de bom na minha vida e vou seguindo como um cego que não quer ver (pois sempre dou uma olhadinha pra me certificar).
E no adendo da vida, deixo claro a posição que mostra o sentimento verdadeiro de amigos que vieram desde o berço, literalmente.
Meu pai é meu melhor amigo.
P.V. 16:16 03/09/09

Fogo

Fui chamado ao lugar, pois do amor tudo se deve esperar, ainda mais nas ocasiões que seu presidente estiver envolvido, direta ou indiretamente. Fui sozinho, pois a companhia nos abandona, nos deixa na mão na última hora, no último segundo que ainda restava para tentar conseguir chegar a felicidade plena de duas pessoas perdidas num mar de gente que desconhece, sem responsabilidades, sem obrigações, sem costumes diários que tornam a vida um pouco mais triste.
Pois fui e a música que me levou.
Vou contando tudo nas palavars escondidas que ainda tenho guardadas dentro da minha cabeça, com a memória pouca de um dia que há muito já se foi. Na verdade, eu nem me lembro muito bem como tudo aconteceu, nem sei mesmo se aconteceu de fato, mas é algo que deve ser lemabrado, pois da beleza tudo se recorda, na perfeição tudo se encaixa, na libido se revela a mulher impura.
Um mar de sangue que escorria pelos seus cabelos assim que se deram os primeiros toques, assim que a ferida inicial foi aberta pela canção que atenuava nossos corpos, pela música que fazia nossos ouvidos sentir a emoção do que é uma bela letra sussurrada em nossos virgens ouvidos. Esperei o momento. Admito que não foi o momento certo, mas era só pra que eu pudesse contar depois que o que pensei antes tornara-se verdade.
Era um mar de fogo; realmente por todos os lados que se olhava, eram labaredas que se levantavam, eram cenas desconexas, coisas que não se pode entender, tudo acontecendo ao mesmo tempo, e o povo passando, e as histórias se desenrolando, e os casais se formando, tudo ao mesmo tempo enquanto ainda se fazia um beijo desenhado, enquanto tudo parecia parado num único lugar, o mundo girava violentamente ao nosso redor.
E a música acabou.
E tudo volta ao seu lugar como era antes. Só um encejo, só uma intenção, só um momento falso de amor, puro de desejo, livre de paixão, convicto de libido. Só mais um, só mais uma...
Mas a noite insistia em não ir embora; a noite fica por mais que passem os minutos, por mais que segundos morram e nasçam novamente, por mais que a vida tente nos atrasar, por mais que fiquemos ali parados olhando algum relógio, por mais que não saibamos o que fazer com a palavra que há de sair na nossa boca assim que esta se abrir novamente.
Foi assim que aconteceu, mas não era ainda hora de escrever a última letra da crônica.
Um carro, um momento, um local escuro, e o movimento a alguns quilômetros por hora numa estrada sem fim. Foi o bastante para que se botasse em prática aquilo que fora aprendido durante todo o tempo em que estive por aqui. Só o tato nos importa quando não podemos enxergar e abusei do sentido quando percorri seu corpo com minha mão enquanto, lado a lado, nossas bocas se entrelaçavam num beijo tal qual a estrada percorrida. Agora sim, aliado e inimigo, o tempo parou, e pude viver tudo que a madrugada oferece a quem sabe o que quer.
Falsa, a estrada enganara-me e chegara a um fim.
Desci do carro sem me despedir de quem fez a alegria da minha noite pois não quero guardar no seu coração a imagem da minha saudade que não consegue fugir do meu rosto quando dá as caras.
Dormi ardendo num mar de fogo, procurando salvação num mar de sangue...
P.V. 15:54 03/09/09