domingo, 27 de setembro de 2009

O furacão Júlia

Ela tem a alvura tão pálida que me faz crer que as nuvens estão desbotadas entrelaçando nossos dedos num lugar que ainda não sei o nome. Seus olhos me chamam para ver tudo de mais lindo que ela já conhece e eu vou, mesmo que cego fosse, só pra ter mais uma vez a felicidade de estar com ela. Seus cabelos também me chamam para caírem em meus olhos enquanto vivo a alegria maior que é me perder no meio de sua boca com a língua que agora é dela. E por falar em boca, deixo no ar tudo que pode ser dito sobre um único beijo que foi dado. Um só é pouco, que sejam dois então...
Havia pessoas ao redor, celebridades no palco e as estrelas com a mãe Lua no céu negro sobre nossas cabeças. As estrelas perdidas no mar da escuridão eram iluminadas de leve pela Lua, minha musa mais encantadora. Essa noite, infelizmente para ela, mais uma vez, eu me via sem destino preso ao prazer aqui no chão, solto num canto largado à sorte de ter encontrado quem se deseja, tão perdido quanto as estrelas, tão iluminado quanto as estrelas.
Não via o brilho nos olhos dela porque estava fechados enquanto me deliciava no mar de luxúria que é sua boca, enquanto corriam minhas mãos por todo o seu corpo, enquanto sonhava acordado temendo o fim desse sono perfeito.
Sou desses que não se contém com um sentimento individual dentro do coração e, justamente por isso, sentia doer-me no peito as lágrimas que corriam pelo rosto da Lua, dona maior da noite. O que não existe não deve ser levado em conta pois o desperdício é dos maiores pecados que um homem pode cometer. Já que estava lá, e ela também, lembrando que o desejo era mútuo, vivi o supérfluo da vida que é o prazer do momento.
Por mim, ainda estaria beijando sua boca até o presente instante em que transcrevo essas mal traçadas linhas para o papel, porém todo fim é inevitável e conosco não poderia ser diferente, infelizmente.
Júlia é um furacão noturno que devastou meu pensamento em tão pouco tempo que me sinto preocupado a ponto de não saber qual distância a violência desse fenômeno poderá alcançar. E por outro lado já aceito tudo; que venha e me levante, que me jogue ao chão, que maltrate meu corpo sem dó nem piedade, que me pise, que me ame, que me cuspa na cara, que faça sofrer, que me faça feliz.
Julia causa ciúmes na Lua e eu adoro ser o motivo de brigas.
Se passar um furacão por aí, diga-lhe que estou esperando...
P.V. 13:55 31/08/09

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