Você sempre me avisou:
“Amor larga isso tudo e vamos viver...”
Mas é um pedido um tanto quanto exagerado e admito que não será atendido.
Você apareceu outro dia e já me vem com todas essas inquisições, todos esses erros bobos e infantis, toda essa palhaçada de perseguição, um incrível senso de maldade pra me deixar com raiva, palavras e perguntas inadequadas ao momento, gorduras excessivas e tudo mais que me estressa ao máximo. Por isso não quero, por isso não vou, por isso que fico aqui.
E existe um amor bem maior que me aguarda e espera de mim muito menos do que você vai querendo. Não trocaria o que amo pelo que me ama jamais. Já vá sabendo dessas verdades pois sei que a dor há de chegar em ti, mas minhas palavras já foram muito bem medidas antes de tudo ter seu falso início, antes do nada acontecer.
E era só uma música tocando no rádio e um telefonema que não me pertencia pra que tudo voltasse numa escala menor, é verdade, porém intensa a ponto de me fazer lembrar. Posso esquecer em um segundo, mas me lembro durante horas do que já aconteceu e me deixaria tão feliz se acontecesse mais uma vez, ou mais algumas vezes.
Lembrar dos momentos felizes que foram nossos é uma das melhores coisas a se fazer nessas tardes recheadas de responsabilidades fúteis e sem futuro. Queria me alimentar desse amor e nada mais importaria na minha mente a não ser fazer nascer mais uma vez o que estava tão morto.
E vá sozinha, vá com quem quiser, mas não irá comigo.
Pois estou aqui e aqui permanecerei até que venha a nova doença, até que a próxima epidemia seja forte o suficiente pra que me levante e faça as asas que se escondem por baixo da minha pele levantarem-se a bater forte levando-me para bem longe de tudo que rodeia minha vida pacata e tediosa perto de tudo que já vai se repetindo intensamente.
Queria só mais uma vez. E nem vou pedir pois sei do mal que vem caminhando em minha direção assim que minha voz se colocar à disposição de quem não me pertence. É um destino sem volta, o destino da dor. Ia lá afundando sem dó nem piedade, não podendo enxergar qualquer corda que jogassem pra mim. E dizem por aí que o pior cego é aquele que não pretende ver. Era eu, cego pela vontade... e toda vontade é atendida como a minha foi. E o arrependimento, maldito, me jogou ao chão fazendo a saudade, que também fica sempre deitada, me abraçar num sono eterno que ainda dura até os dias de hoje, até os segundos atuais, infelizmente.
Mas eu não vou mesmo largar isso tudo pra viver qualquer coisa que se assemelhe ao que já vivi antes, sei de cor o inferno que era meu paraíso aparente, sei das lágrimas derramadas, sei dos sorrisos forjados, sei de tudo. E por aqui não há mais sofrimento, só alegria. Sinceras mentiras que me fazem crescer a cada dia rumo ao que ainda não conheço, mas que me gritam aos ouvidos ser muito bom. E se nesse caminho, se nessa caminhada você vier ao meu encontro, cumprimentarei seus olhos com meus olhos, talvez beije sua boca com minha boca, quem sabe troque palavras com seus ouvidos, e será sua vez de tentar enxergar qualquer corda que não tentarão te jogar, pois continuarei andando como andava antes.
Mas o futuro é louco, meu amor...
Um dia eu volto e te faço a mais feliz do mundo.
P.V. 14:40 05/10/09
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário