Fui por ali, mas sem dizer que o compromisso me chamava, da forma que me alertaram ainda há pouco, me concluí andarilho. Sou desses agora, mais uma fase que adentra em minha vida e dessa vez parece que meu rumo desconhecido achou destino no fim de uma estrada ainda não percorrida pelos pés que tanto já caminharam. Pois tudo é tão imenso e eu aqui preso nesse estado em casulo eterno. Não pode ser assim...
A vida foi me mostrando tanta coisa em palavras e algumas imagens que decidi pôr fim em tudo que me cercava pra saltar de uma forma que não há volta nem fim. Pularei ainda, mas como sempre foi costume em tudo que venho fazendo, vou me dedilhando enquanto não chega o primeiro passo antecessor do da felicidade. Sei lá em que lugares meu levarão meus passos, não faço a mínima idéia do que esteja me esperando quando pousar o avião ou quando parar o ônibus, quem sabe o carro que me pegou na estrada me levando ao seu destino depois de uma considerável carona ao lado de lindas mulheres sedentas de amor e tesão; a imaginação voa...
Temos por aí tantas coisas a fazer que não me sinto mais a vontade dentro do meu habitat, dentro do que sou conhecedor e dono. Vou sair pra caçar em regiões mais distantes que essa loucura estranha que chamam de lar, vou fugir de tudo que me cerca porque já não posso mais conviver com a mesmice do dia a dia, vou voar sem as asas que me foram negadas no momento de nascimento, mas sei que não poderei cair, quando alguém estiver lá pra me segurar, vou com palavras, vou sem palavras, vou sem medo, vou com música, e talvez até dance, por que não?
E se são andarilhos, também devem me acompanhar pois do amor que escorre de mim devo compartilhar com todos da minha espécie, uma vez que nada mais se opõe aos meus sentimentos novos, cheirosos e terríveis.
Um grupo de guerreiros, com a mesma ambição que eu, partirá sem rumo nem destino certos, somente com o intuito claro de sentirem aquilo que jamais sentiram, com a intenção de verem o que jamais seus olhos puderam ver, de pular de onde é perigoso, de cair onde se pode morrer, de ter na ponta dos dedos a natureza e poder gritar sobre a liberdade que um dia lhes foi negada pelos donos da responsabilidade maldita que nos prende ao chão.
Vamos fugir de tudo isso, vamos acabar com a labuta diária, vamos trocar os altos edifícios pelos arvoredos como bem disse um desses poetas, vamos acordar enquanto os outros dormem e vamos evitar o sono para aproveitar mais os momentos. O dia é lindo e a noite é perfeita. O que não há, não existe e isso para nós está distante. O próximo é o que interessa.
Quero as praias novas que ainda não conheço, quero o horizonte ao longe e o medo de não conseguir voltar, quero o litoral sem fim onde a vista não alcança sequer o seu começo, quero a brisa batendo de leve em meu rosto me convidando para o banho de mar, quero a intensidade de um amor desgarrado de costumes e que dure somente o tempo em que o mundo conseguir me segurar, quero novas terras, talvez virgens, talvez exploradas, quero o novo, quererei de novo, a aventura que me aguarda não guarda rancores nem tristezas, serão dias felizes os que eu passarei longe de casa, saudoso do que já não mais me agrada.
E quando voltar será para contar a todos sobre o que vi e sobre o que vivi, que é o dobro da realidade.
P.V. 06/03/10 10:14
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