terça-feira, 31 de agosto de 2010

O fim da sede

Seria só ou tudo isso, mas não quero deixar de lembrar do que ainda está recente na minha cabeça, seus olhos, meus olhos, sua boca, cada ação inocente que o sentimento criou e se faz simples na vida de quem ama. Pouco ou muito menos que isso é a minha insensibilidade em querer desfragmentar o momento em palavras sujas e mal escritas pra que se eternize da forma errada, a forma que não mostra a verdadeira essência do que existe de fato, do que há, do que não há, das caretices e do que se faz motivos pros lindos e perfeitos sorrisos que caem da sua boca nos meus olhos.
Tenho todo o mundo em quereres para que a vida seja da forma minha, só minha, do jeito que Deus sabe que pode ser, e quer que seja. Escreveu, o poeta, num dia desses dos meses que já se foram, do que é poder andar de mãos dadas e da soma malcriada de que dois é bem mais que um. Prefiro ficar a sós com minhas reticências...
Do que se pode tratar os percalços do coração, faz-se a noite numa escuridão que a Lua prefere se ausentar, do que se pode tratar dos interesses da paixão, nasce o dia com o Sol que se coloca escondido por trás das nuvens, do que pode se tratar de Durique, me deixo estar sobre os escombros das minhas letras, jogadas e atiradas ao papel, travestidas de sangue no vermelho que lhes encobre, no que posso de melhor fazer, no que tenho me dedicado a tornar, dos sorrisos que venham a nascer no seu rosto, da minha maior alegria que é lhe fazer mais feliz.
Não estariam mentindo aqueles que disserem que Durique tem o que merece, e se muito tem, muito merece, se pouco tem, pouco merece, mas eu grito que se muito precisa, eu lhe ofereço o que tenho... e se não for o suficiente a minha vida, retiro meu personagem do palco.
Fiz dos meus dias, todos repletos de Durique, tomei surras da vida como jamais pensara que tomaria de novo, me quis dessa forma, me deixei estar assim, fiz questão do que não me agrada só pra entender mais uma vez o que significa tudo isso. Aprendi que não sabia realmente nada, aprendi muito pouco do que realmente queria, aprendi que a realidade é tão podre quanto qualquer outra coisa muito podre.
Dou voltas ao redor do buraco, mas não deixo meu corpo se precipitar lá dentro. A verdade é que quanto mais eu rodo, mais tonto eu fico, ando perdendo os sentidos...
Vou fazer, do que ainda tenho de bom pra oferecer, os melhores dias que possa tentar viver, vou fazer como sempre quis fazer, vou tentar, vou me dar, já lhe pertenço, pra falar a verdade, sou um nada perto do que ainda se pode ver; rosas na cama e pétalas no chão não mostram parcelas algumas da quantidade do sentimento que mora dentro de mim e nem mesmo eu poderia conhecer.
Há um futuro inteiro pela frente, são possibilidades que não podem deixar cair no chão enquanto se caminhar de mãos dadas, o que não faz bem só atrapalha e tem o poder de dar fim, se houver amor suficiente, a sabedoria conseguirá espalhar pra longe as pedras no caminho.
Grandes discursos me dizem pouco, palavras ditas e gritadas me dizem pouco, olhares, abertos ou fechados, me mostram o que preciso saber, o mundo ainda é pequeno e cabe na palma da minha mão. O que tiver que ser não deixará de ser mais uma vez.
Não engolirei outras lágrimas.

Amo você e mais ninguém.
P.V. 20:44 31/08/10

sábado, 21 de agosto de 2010

A participação no meu show

Mas como já estamos todos cansados de saber que nada é pra sempre e o tudo não existe, vamos indo com pressa e vontade de que não se deixe tornar só mais um momento entre tantos outros que já ocorreram antes. Vou te levar pra essa festa e testar o teu sexo com ar de professor que não sou. E se confundir as tuas coxas com as coxas de outras moças será só pra te mostrar toda a dor que a derrota pode lhe trazer depois que decidiu entrar nesse jogo perigoso onde não há porta de saída, apenas uma janela entreaberta. Mas a dor também faz contraste com todo o amor que posso e quero lhe dar, quando ainda não te levei pra escola, quando lhe encontro na escola, quando lhe buscar na escola.
Sei que vagarei pelas ruas, andarei sem destino certo embriagado de ti e seus beijos eternos, e pelo meu caminho não verei pedras do Arpoador, nem ondas quebrarão ao meu lado, mas o peito do inimigo poderá acalentar o meu descanso como um beijo de Judas ou um cavalo grego de presente.
As promessas malucas que te faço são bem mais compridas que um sonho bom e serão todas realizadas pois sei que não mora mentira dentro de mim quando falo a você. Mas, meu bem, admito, que se algum dia nascer a aurora implorando pra que te esconda alguma verdade, será pra lhe proteger de alguma inconveniente solidão que queira separar tudo que, por intenções do destino, ainda não se uniu.
Conta uma música que os feitos realizados, as atitudes tomadas, palavras, beijos, vontades e desejos fazem parte de um show. E o show é só meu onde tu és a convidada única e especial que não deve bater palmas para mim nem se emocionar com o que vai acontecendo no palco. Quieta e calada, assiste a tudo sem que ao menos eu saiba que está lá...
Pois no meu show, a platéia sou eu, o artista maior sou eu, dono do circo, dono do palco, dono do teatro e do tablado, minhas palavras saem da minha boca, minha dança evoca os sorrisos, as graças, a voz e tudo mais que possa existir, o que não quero é o que mais acontece, minhas asas foram cortadas pela metade e a cada dia que passa enxergo menos a liberdade que sempre usei como lema maior. Um show não pode acontecer se estiver sendo censurado... preciso ser livre.
Sabia pensar pouco e hoje em dia sinto falta de meus outros poderes.
Tenho um mundo inteiro para descobrir, tenho os defeitos que Deus resolveu colocar em mim pra serem solucionados, utilizados, reutilizados, reciclados, tenho um monte de palavras para escrever construindo orações, períodos, narrativas, histórias que só eu sei como escrever, só eu sei como viver pra gritar ao ouvido dos meus filhos daqui a algum tempo, tenho umas outras músicas pra ouvir nos momentos mais intensos que ainda vão me inspirar bem mais e fazer com que o mundo gire um pouco devagar me dando tempo insuficiente e desnecessário pra que organize as idéias, pra que pense mais um tanto nas coisas que me deixam triste, se é que a vida pode me dar motivos para triste estar...
Reclamo demais...
P.V. 17:38 21/08/10

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Looking for hope...

O mérito supremo é combater a resistência do inimigo sem lutar e, mesmo frente ao impossível, tentaremos...
Se me diz isso aos ouvidos o Irmão Antônio, dono das melhores palavras já escutadas pela minha pessoa, pregador assíduo da palavra do Senhor, guerreiro de atitudes impensadas mas tomadas com o ímpeto do coração, amigo inseparável do qual não mais me esquecerei, se me diz tudo isso o Irmão Antônio, eu devo agradecer e ao menos tentar entender algo de bom em tudo isso.
Se são palavras de Deus, ou palavras do militarismo nacionalista, também já não faz muita diferença, uma vez que tudo se completa e mostra que a vida não se faz com palavras escritas por alguém que não se conheceu; a vida se faz de escolhas bem feitas e de como se levará adiante as regras que se toma por destino.
Palavras bonitas, por vezes na vida de um homem, fazem um grande estrago quando se escolhe a pessoa certa a ouvi-las, quando as dedica de forma correta, nos instantes mágicos que somente se sabe quando se diz, quando se escuta o que é preciso escutar; e não tenho mais tempo nem paciência pra tudo isso, admito.
Se eu fosse procurar motivos ou razões, ouvidos dispostos a me ouvir, bocas pra me dizer coisas diferentes do usual, se eu fosse me dar ao trabalho de querer sequer tudo isso, já não faria sentido algum o termo amizade, o termo necessidade, o termo que diz respeito a todo tipo de dependência que o homem criou desde que homem ele é.
Os motivos e as razões que eu tinha, já não os tenho mais. Mas o inferno é bem ali, as escolhas foram feitas e se eu não estiver satisfeito posso pular de cabeça no desfiladeiro do fogo eterno.
Não me quereriam, de qualquer forma, nem os mortos, muito menos o Diabo. Deus que me ature.
Passo dias entediados porque assim escolho, passo tardes terríveis a tentar achar algum tipo de sono que me faça esquecer que estou perdendo meu tempo dormindo porque assim quero, martelo palavras incessantes, encho páginas de internet com imensas besteiras repletas de nostalgia fazendo nascer em mim ainda mais nostalgia porque assim é da minha vontade, sou estranho, me dizem esquisito, gritam mais horrores nos meus ouvidos e acabam por terminar meu dia com estresse desnecessário porque assim eu quero que seja. São as escolhas, e o buraco com fogo me olhando...
Busco inspiração onde menos se acha.
Ainda me dou ao luxo engraçado de deixar todas essas podridões registradas, ainda me deixo jogar na cama do pecado que sempre soube existir, sempre prometi não realizar e vou descumprindo mais uma vez, outra vez, como sempre...
O que se repete me irrita, e ultimamente muitas coisas vêm me irritando, fato que comprova não só uma tristeza como várias outras, pois o que não quero ver se diz invisível, mas meus olhos tendem a estarem bem abertos quando menos quero, porém escrevem também os autores de tais palavras sobre o que não se encontra dentro de caixa nenhuma escondida embaixo das camas do medo. A esperança ainda é aliada do sentimento maior de felicidade plena que cultivo dentro da manga direita da minha blusa da sorte...
Vou trabalhar.
P.V. 16:51 20/08/10

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobre velas que morrem

Tô perdido no escuro e não há nada em minha volta a não ser meus pensamentos que em momentos de solidão extrema saem de mim para apreciarem por alguns momentos a minha aflição de ter medo de estar nessa situação. Mas tudo volta ao lugar bem mais rápido do que parece quando me pego correndo em direção de quem estiver mais perto de mim e das minhas lindas e boas intenções.
A chama do fogo nessa vela que jaz do meu lado não me diz nada, mas mostra todo o pesar de uma vida curta dedicada a quem quiser que lhe pegue pela primeira vez. Não há vida alguma em uma chama de vela acesa, pois a vida vive num plano superior ao fogo que queima essa mesma vela. A vida vive em torno de tudo que pode ser iluminado pela chama acesa. E sofre por isso esse rijo pedaço de matéria que tem suas gotas de cera caindo pelo próprio corpo como fossem lágrimas que deslizam por um rosto abandonado pelo tempo onde somente lhe procuram num excesso de necessidade quando todas opções não se fazem presente. Dói em mim olhar pra essa vela acesa do meu lado. Acho melhor apagá-la e guardá-la pra outra ocasião...
O que não deveria existir, todo o invisível que eu quero escrever e já não consegue mais se apagar depois que acenderam essa vela do meu lado, o que ainda está por vir e a necessidade que o destino tem de fazer as lágrimas rolarem, o pesar é ainda mais pesado quando se pensa nele.

Não sei se vou aturar esses seus abusos, não sei se vou suportar os seus absurdos.
Cantando coisas marrons eu me viro no pouco que me é oferecido em troca de tudo que sei ou deveria saber fazer, de tudo o que ainda tenho pra oferecer, meus sonhos de criança que não passam de sonhos e nada mais.
E as possibilidades estão ainda mais intensas do que antes quando eu tinha o mundo nas minhas mãos, quando o giro era de poucos graus e eu conseguia ver bem mais do que existe, já me considerava muito bom quando via além dos meus olhos; hoje escrevo e enxergo o invisível, coisa que era de se considerar muito boa, porém se faz ao contrário pois meus braços não estão ao alcance de tudo que eu vejo...
Porém, a capacidade ainda é mostrada de uma forma que a vida se coloque a minha disposição, e o medo de todos os lados que vai gritando um ato final na peça que o destino resolveu interpretar no meu palco de aventuras. É realmente incrível isso e daria tudo para não estar em certas ocasiões, certos corações, certas situações me provam que nada poderia ser feito para reverter o que não se pode evitar.
A vela acesa e a sua iluminação natural do que não se podia ser visto, é inevitável que ela morra, que ela expire, que seu fim seja visto aos poucos enquanto suas lágrimas de dor por morrer queimada ou felicidade por cumprir seu papel vão caindo, devagar, pelo seu corpo roliço, antes perfeito, agora deformado. E a realidade é tão fatal quanto o destino da próxima vela que há de tomar o lugar desta que vai morrendo. O ciclo da vida e as coisas que acontecem com quem não tem nada a ver com seus problemas (de falta de luz, por exemplo) são tão medonhos que inflamam as intenções de quem pretende, um dia, ter paz e felicidade somente na vida.
O fim da cera é o recomeço da antiga luz...
Penso se era melhor continuar na escuridão...
P.V. 13:11 19/08/10

Explanações


Vai se aproximando de mim e de meus seguidores uma dessas festas perdidas no mar de pederastia que o calendário de felicidade nos proporciona e já vejo desde já que o dia será de grande importância no cenário anual de prazer para com o meu peito repleto de uma felicidade que não se vê pintado nele há algum tempo, devido até mesmo ao Deus do destino que, por alguns momentos estranhos, quis que caísse sobre mim essa nuvem negra de má fase. Mas todo império do mal chega ao fim pra dar lugar àquele famoso êxtase que já se tornara comum por onde meus pés me levavam.
Admito que já nem tenho toda a certeza do mundo quando começo a dissertar sobre o futuro pois trata-se de assunto bem delicado e um tanto quanto imprevisível, mas utilizando-me de minha experiência vou tentando traçar o melhor caminho para mim e meus tão fiéis seguidores.
Disse o rapaz, no alto de sua indecência, no sublime momento do poder de intensas loucuras que a União proporciona e sua libido aflorada quando menos se espera... disse não, gritou:
"Mas o que queremos de fato é só um pouco de sem vergonhice da parte das meninas que estarão lá nos aguardando, queremos beijos indecentes, beijos eternos de prazer, queremos também um pouco de compaixão pois, além de cafajestes, também somos românticos, por mais que digam o contrário sobre nossas pessoas.
Já não me agüento mais de tanto estar preso dentro dessa jaula onde não há nada mais que acomode meu prazer tão contido dentro do meu jovem corpo; preciso desesperadamente fugir de tudo que me prende, de tudo que me faz mal e joga ao chão as intenções que ainda tenho de poder almejar um lugar de descanso no mundo negro do que se faz proibido."

Perverso no auge da falta de boas intenções de futuro...
Pois o que está por vir é bem maior do que tudo o mais que já tenha vivido o dono dessas palavras perdidas num mar, tal qual aquele outro do tal dia que vai se aproximando devagar e lindo do meu ser, vai se dedicando somente a alegrar o presidente e seus seguidores, vai alicerçando as bases de uma bela história a ser escrita para que o resto do mundo possa conhecer um pouco do amor verdadeiro que é uma festa dedicada à paixão.
Já nem sei dizer ao certo sobre que disserto pois o desconhecimento sobre tal evento é total, a ponto de me cegar até mesmo para quaisquer informações que possam ser jogadas em direção a mim com relação à essa festa.
O passado me mostra a falta de conhecimento, o êxtase, a distância do meu corpo de tudo isso faz com quem nada mais eu saiba, faz com que nada mais me suprima, a palavra que me foge, a inspiração que não mais existe, se faz invisível, porém a cor, somente a cor me faz lembrar de como tudo se mexe ao ritmo único da batida que leva todos ao rumo comum, leva todos ao que mais se conhece de sentimento quando a vida deixa de ser normal e passa ao incomum, ao grito, à correria desmedida e sem vontade de parar, podendo, uma vez ou outra se olhar pra trás pra identificar pessoas que possam querer lhe fazer companhia, mas infelizmente, jamais conseguirão lhe acompanhar...
Felicidade não se mede, muito menos se compara.
Que corram então, que não queiram olhar para trás, nem deixe que murche o sorriso mais verdadeiro que existe, não deixem que falhe a voz, nem que se deixe de gritar o amor, o sentimento, a felicidade plena que era escrita há tempos...
Não deixem o amor morrer. Tudo menos isso.
P.V. 13:24 19/08/10

O Pai perdoa

Era de se querer que as palavras começassem com um mínimo de ansiedade e alegria no modo de escrever, no modo de agir e o pensamento que ficava flutuando de lados para lados enviando positivas energias para aqueles que mais necessitavam no momento de frio quando a chuva caía dos céus abençoando a noite que mostrou, pela primeira vez, a ausência de um presidente.
Porém, adentro nas letras invocando o poder de Deus e pedindo-Lhe o perdão pelos erros alheios.
Ó Pai, perdoe essas crianças abandonadas no escuro da noite que não souberam caminhar sobre seus próprios pés enquanto a música cantava alto nos auto falantes, enquanto o amor era distribuído em cada canto que os olhos os levassem; ó Pai, entenda minhas palavras como um ensinamento para esses jovens que vão agora começando a vida, entenda como se eu quisesse que Tua palavra forte adentrasse em seus ouvidos sujos e lhes levasse a sabedoria e a sagacidade que a festa do amor pede, que deixem os medos e os problemas do lado de fora dos grandes portões do Templo do amor; ó Pai perdoe essas crianças pelos seus falatórios exigentes e equivocados após o certame do sentimento, pela falta de decoro para com a maior das festas, para com o amor do momento, para com todas as possibilidades que estavam lá dentro esperando por eles de pernas abertas e tudo que, infelizmente, não souberam fazer; perdoe também, ó Pai, essas crianças por terem dito horrores da festa da Bahia, por terem escarrado sobre as terras fofas onde crescem ramas de grama da mais pura que já se viu nesse condado de paz do Rio de Janeiro.
Pois bem, tendo então o perdão de Deus entre nós, e a Sua mão divina a pairar sobre a mente daqueles que pecam sem saber do pecado, vou dando continuidade ao meu trabalho uma vez que aqui estou com esse intuito, único e solene, de levar conhecimento aos que mais necessitam.
Doeu fundo dentro do meu coração quando soube de todas essas notícias desmedidas, e da alegria de uns e do sofrimento de outros, e algumas vitórias, é verdade, porém muitas outras derrotas, do medo, do pavor, do desconhecimento dos que se dizem experientes no amor, e mostram que nunca mais poderão ter uma alegria como essa, explícita aos olhos, e não sei mais o que pensar senão a verdade que está muito descrita aos meus desejos. Minha convicção ainda é maior...
Tive a visão do futuro de alguma coisa que deve ser feita em prol dessa sociedade que ainda há de viver muito mais do que o pouco que eu já vivi, e com a ajuda divina de Deus, vamos colocar os pingos nos ii e nos jj, uma vez que todas as letras são bem dotadas de características específicas e nada seriam sem suas devidas origens, sem suas devidas especificidades, assim também são os homens, ou que digam então, os meninos, como já fui um dia, como ainda o sou no dia de hoje.
Homens de todas as religiões, todas as crenças, todos os credos e todos os amores, vão caminhando devagar por cada uma das estepes que a vida lhe proporciona, vão com bandos, vão sozinhos, vão, de uma forma ou de outra, a nostalgia não lhes atinge pois são fortes, quem sabe até mais fortes que eu, quem diria, porém lá vão eles, sem dó nem piedade para com suas próprias dores que não me reconhecem, para com suas idéias inabaláveis, com suas certezas cheias de convicção...
Deus me perdoe pelo pecado da inveja...
P.V. 12:24 19/08/10

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Na maternidade

Não se deixe levar pela noite porque os olhos podem enganar quem quer descansar e transportá-los pelo mais escuro e lindo destino da vida que são os sonhos, os mesmos que escrevem com imagens perfeitas todos os desejos que mais queremos que se tornem verdade...
Dormi.
As paredes brancas que me cercavam não diziam muito aos meus olhos, o que estava acontecendo também não deveria me ser estranho, muito menos comum, nunca estive nesse quarto, mas o sono me prega peças, queria continuar dormindo...
Deus sabe que eu queria continuar dormindo, mas esse barulho, e a dor na minha cabeça, e que sensação estranha no meu coração como se possuísse já algo, como se algo muito meu tivesse partido de mim, e agora esse vazio... uma saudade estranha apertou meu peito.
As pessoas entravam no meu quarto, uma a uma, e a estranheza ficava cada vez maior uma vez que todos entravam sorrindo, e se sentavam mesmo sem serem convidados, perguntavam se eu estava bem, e de verdade, não me lembrava de estar mal por algum instante.
Não queria mais acreditar no que meus olhos me mostravam, parecia que eu estava com algum problema muito sério e o mundo escondia de mim uma verdade que eu deveria saber antes de todos, o que não havia em mim, estava perdido por aí, e sabiam, e não me contavam, apenas sorriam seus sorrisos estranhos e mal-vindos para amenizar qualquer tipo de incômodo que pudessem estar causando...
Minha mãe entrou, então, com um senhor vestido de branco. Um sorriso tão grande no seu rosto contagiou o meu...
Perdeu-se o tédio e qualquer medo, sumiu-se o pavor e acabou o silêncio, o Sol teve êxito então em adentrar no tal quarto desconhecido, meu sorriso se fez eterno quando foi colocada em meu colo a nova razão da minha existência, entendi de vez o que estava acontecendo, lembrei de tudo e vi como fui boba...
Ser mãe é o meu novo desafio...
E a Cris é uma dorminhoca...
P.V. 23:42 16.08.10

domingo, 15 de agosto de 2010

Águas coloridas

São gotas das mais belas e perfeitas as que caem do lado de fora da minha janela, e é bem provável que caiam sem dó em alguma outra parte mais longe daqui, e também tenho quase certeza que caem tão frias quanto gelo e, numa ocasião normal, afastaria a multidão pois assim acontece, pois assim é normal.
Mas vejam bem os senhores, afirmo com as minhas palavras que são milhares os que se deliciam embaixo das gotas mais benditas que Deus poderia jogar sobre aquelas cabeças, Pedrinho indecente deixando cair de leve a abençoada chuva fazendo umedecer a inspiração dos que vão caminhando de lados para lados, loucos e felizes, mais felizes, procurando nada, encontrando tudo e os sorrisos que dividem enquanto o mundo lhes pertence, esse sentimento perdido que um dia já foi meu, o que não existe, o invisível e o colorido, a chuva, o som, o barulho em si, queria as batidas pra mim, daria até as do meu coração em troca...
Mas o que mais dói é a chuva.
Dizem os guerreiros do futuro que nada abalaria a vitória, uma vez que a água não deve ser vista como inimiga e sim como aliada.
E não disseram mal. Homens com bons pensamentos sempre têm boas frases e expressões pra dizer nos momentos de maiores dores e eu queria ser assim um dia...
Não, queridos leitores... esse meu drama não deveria ter motivo, o que há e o que não há já deve ser esquecido, existe uma linha quase imperceptível entre o passado e o agora, a única coisa que poderia delimitar esses dois fenômenos é a memória, e admito, amigos, a memória é parente próxima do pensamento. Por isso me retiro dessa conversa. Pensando, eu sofro, pois lembro, lembrando o passado me grita, e hoje... agora já é tarde, a noite chegou, grande parte das perfeitas gotas já caíram.
Diz o poeta que não valeria à pena gastar os dedos e o intelecto com desperdícios de palavras que já não fariam voltar o instante passado, o momento perdido. Mas não me resta nada além disso.
Poderia bendizer os que estão lá, poderia admirar de longe ou imaginar qualquer outra coisa que pudessem estar fazendo e os trejeitos que eu usaria pra disfarçar quaisquer risadas que pudesse fazer nascer naqueles momentos, poderia um monte de coisas, mas infelizmente cairia no meu erro maior, no pecado que Deus não gosta, teria inveja...
O mundo sabe que eu não nasci pra sentir inveja. Mas essa chuva... e as circunstâncias... meu reino por um cavalo que me levasse ao Templo do amor.
Caminho parado de um canto até o outro, os olhos são minhas pernas, imagino dentro de mim cada uma das incríveis e infinitas gotas que caem do céu, todas elas imensamente iluminadas pelos refletores de luz, quanta luz, vejo todo o caminho sinuoso do espaço que percorrem, vejo o vento que as leva, que as empurra, que as cola umas nas outras tornando três ou quatro numa só, magia do amor na água, e se precipitam, pousam levemente no rosto do povo, molham suas cores, desmancham maquiagens, desfazem cabelos, enlameiam o chão...
E todo mundo continua tão feliz...
Onde foi parar a futilidade? Esse povo é demais...
Viva a chuva...
P.V. 22:11 15/08/10

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O desenho da nostalgia

Não era de se esperar que o rapaz, dono das maravilhosas palavras bem escritas e mal elaboradas em papéis roubados das impressoras do poder público, se retirasse de sua residência em direção ao Templo do amor, caminhasse solene e calmo rodeado de seus comparsas e admiradores, aspirantes a algum cargo na tão desejada União, enquanto invejosos incríveis, idiotas sem tamanho, a criatividade que passa longe, muito longe, se vestem de forma idêntica, a mesma blusa, a mesma cor, como fosse uma grande coincidência, ou talvez como se tivessem combinado... muito estranho, Sr. Presidente.
Mas agora, depois que se colocou no mundo e prometeu jamais caminhar com os pés no chão, somente com os pés em cima do tapete cheiroso de borracha de sua nova Ferrari, vermelha por pleonasmo, se contradisse ao chegar no certame andando, humilde como sempre fora, mesmo antes, mesmo depois de se tornar famoso e rico, com a patente de Excelência, e salário de Federal.
Mas antes do Templo do amor, há de se ter notícia mais uma vez, depois que a saudade exagerada se colocou sobre minha mente, depois que a paixão do sentimento se colocou tão distante de mim, depois que me desloquei de lados para lados abandonando as coisas mais simples da vida, depois que não coloquei mais meus lábios grossos na garrafa mal lavada de Seu João do Boteco de Fefy’s House. Há de se ressaltar o sabor do vinho mais gelado e doce de todo o condado de Janeiro’s Rio City, por um preço irrisório e camarada, uma vez que já me faço cliente de sua bodega há tantos anos e anos, ainda quando novo, me coloquei no primeiro porre em seus braços e os tapas na cara que levei para acordar, o primeiro rosto que vi foi o enrugado e oleoso de Seu João do Boteco de Fefy’s House...
Pois com o líquido sagrado em mãos, como fosse uma bendita mamadeira, ia mamando de leve com medo de que o álcool chegasse ao fim, com medo de que meus pés me levassem com muita rapidez ao local da festa, com medo de acordar do sonho que meus olhos me mostravam a cada instante que o colorido ia tomando conta do lugar, com medo de um monte de coisas inclusive de uma lacraia gigante que ia atravessando meu caminho, mas logo depois de parar de gritar eu pude tomar coragem e pisar em cima desse bicho do capeta...!
E lá está...! Templo à vista!
Uma hora havíamos de chegar, isso já era previsto... tudo está da mesma forma que deixei na última vez que pisei por aqui... O Templo do amor e seus portões abertos fazendo com que os jovens dessa geração sintam a felicidade explodir em seus peitos com o poder do som que vai gritando pudores e ausência de dores, com o elogio da rima para o autor das palavras.
A fumaça tomava conta do lugar, a nostalgia tomava conta de mim.
Seria pedir muito se eu me inocentasse do capricho de levar aos dedos ao menos um desses que acalmam, ao menos um desses que há tanto tempo não se fazem meus até a última ponta, a minha fumaça que deveria subir aos céus, me envolver em paz e silencio, em amor, em sentimento, em mais paz, em muito amor do que eu mereço...
Tempo de adentrar.
Não se façam de rogados, vão indo, vão na frente, hoje sou aqui um mero espectador de toda a falácia, de toda a ilusão que sempre vivi e me remediava quando as dores do coração se faziam gritantes, sou um mero admirador de seus tempos que um dia se chocarão com o meu e tudo será igual para todos... eu fico por aqui...
Sequem minhas lágrimas, crianças...
P.V. 18:20 13/08/10

Escolhas²


Acordei pra vida numa manhã qualquer
E vi que contava um amor e duas amizades.
Não dormi pra morte uma noite sequer
E só podia contar, agora, um amor pela metade.

Mas do que entende a matemática
Quando se fala em subtração ou divisão?
Ainda prefiro a antiga e correta didática
Que me explica a teoria sem decorar a equação.

O que se vê é um tanto quanto do que existe
Mas não diz respeito ao que de fato pode ser.
Se numa noite eu me ponho na cama com o sorriso triste
A culpa não deveria cair em mim, nem em você, você ou você.

O que da vida se conhece é a possibilidade
De se viver a aventura do que nunca será esquecido.
Eu, juntando meus cacos somados a minha idade,
Só vou poder lembrar das coisas que poderia ter sido.

P.V. 17:34 13/08/10

Olhos nos olhos


Quando você me deixou, meu bem,
me disse pra ser feliz e passar bem...
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
mas depois como era de costume, obedeci...
Quando você me quiser rever,
já vai me encontrar refeita, pode crer...
Olhos nos olhos quero ver o que vc faz,
ao sentir que sem vc eu passo bem demais..

Então eu me decidi, pus os pés na rua, não quis olhar pra trás, ainda que caíssem pelos lados de meus olhos negros as lágrimas que sempre dediquei a quem não mereceu, por mais que minha vontade maior fosse voltar correndo, implorar seu perdão mesmo sem a culpa estampada em qualquer coisa que eu não tenha feito, por mais que eu quisesse me jogar ao chão, a tristeza que come cada parte do corpo quando algo de errado se dá e toma conta de tudo que ainda resta de vida pra se viver.
"Quis morrer de ciúme."
Não é nada demais, não é algo que o mundo e todas as pessoas não entendam, uma vez que o amor só acomete quem, de fato, não merece. Disse um poeta, outro dia, só é feliz quem nunca amou. E se meus cabelos ainda estão na minha cabeça, acreditem, a força não foi a suficiente para que eu pudesse arrancá-los; meu medo, minha descrença, meu pavor, meu horror, essa distância, quis morrer. Mas a morte também não lhe mereceria...
"Tantas mulheres me amaram, bem mais e bem melhor que você."
E não é nenhum exagero dizer que amores tem tamanhos, não é nenhum absurdo dizer que o que se sente pode-se colocar de lado em tensão ao que se deseja, o amor é ridículo, amor só se for de mãe, amor você não soube me dar, nem nunca saberá pois cai pela sua boca palavras sem verdade, escorre de suas mãos ações ridículas, guerreiros sem escudos não têm medo de suas armas pois elas não farão mal a ninguém depois que eu disser sobre seus podres poderes e o passado que não mais lhe pertence após tudo que foi de meu conhecimento. Estou cansado de falsas intenções, palavras que se repetem, e expressões corriqueiras de sentimento que não tem um pingo de veracidade, o amor não se deve ser dito jamais. Estou estressado, minhas palavras não estão conectadas ao que eu digo então, perdoem-me se por algum instante eu sair, sem intenção alguma, do foco principal do que ia dizendo, mas não me deixo levar por momentos e arroto cada sufoco que minha garganta pede.
"Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz."
Já acabei. Passou. Não precisei da ajuda de ninguém, pra falar a verdade. Minhas dores são passageiras porque assim eu escolhi que fosse, não me deixo levar pelo sofrimento eterno do que nunca me fez bem, caio de cabeça no que não me pertencia só até o momento de saber de verdade que aquilo não era meu. Um erro isolado é mais que normal, mas não admito a mim mesmo errar duas vezes. E abro meu sorriso lindo e meu, só meu, abro minha boca grande e todos os meus dentes se mostram pra que o mundo sinta-se contagiado pela felicidade que voa de mim para todos os lados, para cima e para baixo, ali embaixo também onde você está...
Parei, e a música também.
P.V. 16:35 13/08/10

A máquina do tempo

E ficou essa dúvida na minha cabeça, se quando eu levantei e olhei o Sol entrando pela janela do nosso quarto, atravessando sem dó a cortina rosa ou roxa, estava numa casa, dessas que sempre sonhei, com grande quintal, piscina e muita grama pra eu cair bêbado nos dias de festas entre os amigos do meu e do seu trabalho, ou se era lá pelo oitavo ou décimo segundo andar de um apartamento da Tijuca, ou da Barra, lugares que eu também sempre tive registrados nos meus sonhos mais bobos e gays, conjeturando possibilidades de vida eterna e feliz ao lado de quem se ama.
Mas então, o fato foi que devia ser o meu dia de colocar o lixo pra fora, porém os mais de 20 anos dormindo numa cama muito dura me fizeram viciar nesse colchão maravilhoso de molas e passei do limite dos acordes do despertador e lá se foi o caminhão da Comlurb.
Seu estresse é conhecido desde aquele distante 25 de abril quando pediu minha mão em namoro, meu amor, mas nunca pensei que pudesse ficar com tanta raiva e tanto ódio no coração se por um diazinho de nada eu tivesse esquecido de colocar o lixo pra fora... ora, amanhã ou depois, o caminhão há de passar de novo, e será sua vez de colocar pra fora, o que nos dá a segurança de que, de fato, ele estará lá, longe dos domínios da residência. Aliás, seria sim uma boa idéia se você cumprisse essa missão sempre... Não? Tudo bem... não precisa gritar.
A minha total sorte é que sei de todas as formas de arrancar sorrisos do seu rosto que está cada dia mais lindo, cada dia mais apaixonante, cada dia me chama mais para lhe beijar como nos primeiros dias de amor... olha aí... já está sorrindo... Pode deixar que eu não vou mais esquecer de colocar o lixo pra fora.
E são essas promessas que eu faço todos os dias que eu tenho certeza que não terei capacidade alguma de cumprir, ainda que eu me esforce de maneira enorme, ainda que eu madrugue, que eu acorde antes dos senhores do lixo, que eu esteja de pé no portão abraçado com o lixo desejando a todo instante que o caminhão vire a esquina e venha pegar o que lhe pertence.
Promessas como amor eterno e essas outras coisas são bem mais fáceis de cumprir. Agora não me venha com pedidos de lixo, nem de remédios estranhos, nem chás com plantas ordinárias que isso não cola nem funciona comigo.
Foi um pouco mais ou um pouco menos do que eu sempre sonhei e aí, num dia desses, num momento estranho que já vai se fazendo comum aos meus olhos devido à sequência com que acontece, que eu parei pra pensar e lembrar de tudo que já aconteceu e dos erros, dos medos, e de como éramos infantis e pequenos dentro de nosso próprio tamanho, relacionei todo o sentimento que costumávamos dizer um ao outro, como se já fosse decorado, como se fosse tão certo que nada mais abalaria o que a gente sentia, e ao mesmo tempo era um pavor tão grande de que tudo fosse pelo ralo abaixo como água suja que procura mais água suja e me arrependo de tudo isso...
Uma puta perda de tempo...
Hoje, cada dia da semana, de segunda a domingo, abro os olhos pela manhã e a primeira coisa que vejo são suas grandes bochechas rosadas, seus olhos fechados, o meu eterno anjo sem asas dormindo como um bebê e nada do que digam, ou do que disseram, ou que tenha um dia acontecido pode ser maior ou mais importante do que isso pra mim, não preciso lhe dizer nada, você não precisa entender nada, minha princesa, posso te olhar mais uma vez antes de levantar, posso, vez ou outra, trazer-lhe o café na cama, uns dias com coração desenhado com ketchup, outros dias com mais um copo de suco de melancia só pra ouvir dizer que não gosta, e gosto tanto de lhe ouvir dizer que não gosta, só pra eu beber olhando pra você... ou posso lhe deixar lá dormindo, tomar meu banho sem fazer barulho, me vestir, me arrumar, escrever alguma coisa num papel velho e deixar em cima da cama, em cima do meu travesseiro, pra você saber que ainda te amo, pra você sorrir mais uma vez quando acorda, só porque eu sei todas as formas de arrancar sorrisos do seu rosto.
Devia estar me sentindo como um bobo, deveria querer que o dia corresse de forma rápida pra que eu voltasse logo pra casa e te encontrasse lá me esperando, quem sabe cansada do seu trabalho, quem sabe com alguma surpresa preparada pra mim, ou um jantar especial, pois só agora depois quatro anos casados vai aprendendo a cozinhar um pouco melhor... mas me deixo estar, aprendi que a saudade é necessária, que faz parte da vida do casal, ninguém está predestinado a enjoar de ninguém, nem é obrigado a querer olhar pra cara do outro durante o resto da eternidade, porém existe o esforço pra que seja tudo melhor do que pode ser. Relações perfeitas não existem. Mas a gente tenta chegar perto disso até que as coisas lá que o padre falou aconteçam...
Mas então... vou deixar o futuro acontecer e depois quem quiser que diga se eu não tinha razão.
P.V. 11:04 13/08/10

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O neném da mamãe

Foi lá caminhando, solene no seu passo de princesa indefesa, no meio da floresta negra, tão cruel quanto qualquer outra coisa cruel, com seus labirintos naturais, feras terríveis da mata verde, animais horríveis que pulam, rastejam, gritam, mordem, comem... e como comem...
Durique, em sua eterna inocência, viu caídos pelo chão, alguns pedaços de sentimento. Ó boa menina, doce em sua eterna languidez, foi catando cada um dos pedacinhos destroçados que achou pelo chão e montando um a um numa tarefa difícil e complexa, formando em sua mão alguma coisa ainda desconhecida, mas que aos poucos, de pedaços em pedaços, ia se mostrando aos seus olhos.
No último pedaço, viu que o amor se formou. Levantou os olhos e viu um homem em sua frente, lindo, como se fosse extraído de alguma revista de modelos perfeitos, com a mão esticada, como se tivesse perdido alguma coisa, como se algo de valioso lhe faltasse, como se não soubesse mais o que fazer da vida e apenas aquilo que tanto procurava pudesse dar sentido ao que ainda pretendia.
Achou na mão da doce menina, seu coração remontado.
E a paixão se fez, o amor se deu, as selvagerias, as sucessagens, todos os termos sujos do amor e seus líquidos sagrados que escorrem de lados para lados, toda a sujeira que é feita, os cabelos embaralhados, os corpos vermelhos em cima de camas maltratadas e barulhentas, tanto lá quanto cá, o mundo perverso e feliz do prazer.

Mas a vida é real e de viés.
A idade não lhe é alta, os estudos lhe impedem de formar família, as crianças, enquanto bebês, comem e cagam demais, as despesas não dariam conta de tudo que se faz necessário, ainda que aquele mesmo homem quem estava com o coração perdido e depois o vira remontado tenha um ótimo emprego, onde se fez funcionário público federal da mais alta e importante patente da União através de seus próprios esforços e intelectos fazendo de sua vida um mar de maravilhas e grandes possibilidades de crescimento futuro para todos os lados possíveis. Disse o homem: “Há de tomar anticoncepcionais!”
Mas ora vejam só. Deus não tem nada a ver com isso e até mesmo critica o uso das tais borrachas malditas que ensacam os filhos benditos que um dia me darão alegria, mas disse aos meus ouvidos que um bom local de esconderijo seria apropriado a fim de que a progenitora do amor da vida desse novo homem, Dona Leila, não flagrasse tal absurdo dentro de sua própria casa, caracterizando assim, uma forma de traição, afinal, havia de ser a última a saber e seu forte gênio não traria boas conseqüências para a prolongação da vida do casal.
Pasmem, queridos e queridas leitoras. Num fim de tarde, num instante de alto pavor e suspense, o que era esperado, esperou pouco para suceder.
Não se vêem mais mães liberais como antigamente...
"Mas o neném da mamãe não pode fornicar porque fornicação é coisa do Sete Pele, é coisa do Capeta. O vestido branco no dia do casamento indica pureza, do corpo, da alma, da cama barulhenta em que se deita e quebra no meio do amor."
E Durique, menina doce e um pouco fútil, continua sua caminhada pela floresta negra, repleta de perigos, pensando no que fazer para apaziguar as dores do coração e as intenções estranhas do destino. Já não há mais pedaços de sentimento pelo chão...
Cata, agora, comprimidos coloridos, todos os dias pela manhã, evitando que o falatório seja ainda maior em sua residência...
P.V. 20:14 09/08/10

Espantando o tédio

Na verdade do que se mostra, não teria mais palavras pra expressar um sentimento, porém, vou contrariando as vontades do destino e desenhando minhas as expressões invisíveis que brotam de corações para corações no mundo afora e inspiram um pouco mais do que eu necessito a fim de transformar em letras o amor que sinto por ela.
Se Deus, eterno brincalhão, fez questão de esconder suas asas, meu amor, Ele não conseguiu me enganar pois você é um anjo lindo que me apareceu com olhos de cristal, que brilham tanto, tanto, uma luz cintilante, amor em forma de qualquer coisa que ainda não sei o nome.
E paro de plagiar a canção, pois sei de minhas indagações e não precisaria de nenhuma outra que fizesse nascer ainda mais do que já foi criado dentro de mim, além de tudo que um homem pode, um dia, sentir por uma mulher, de todas essas certezas inabaláveis que ainda lhe fazem desconfiar, mas tudo bem, nada há de me fazer desviar do caminho certo.
Aliás, aproveito o adendo para retificar, ou talvez ratificar, que os sentidos opostos tenham a mesma intensidade, os momentos estranhos que a vida me proporciona e tomo atitudes das quais certamente o arrependimento tomaria conta num futuro bem próximo me fazendo cair ao chão de saudade, quem sabe com as distantes lágrimas nos olhos. O orgulho me grita horrores e todos os meus dois ouvidos doem de lembrar tudo que fiz.
Fosse lá um instante eterno de tédio em minha vida e não me deixei levar pelo segundo infinito, não deixei que a tristeza se apoderasse da minha vida no dia de hoje, não quis deitar e pensar no que não existe, não quis levantar hipóteses nem medos futuros, fui abrindo meu sorriso largo, fui sentado de leve nas idéias que me povoam a cabeça, fui declarando meu sentimento aqui em forma de palavras pra que tirasse de mim todo o peso de um amor tão grande que faz meu peito inclinar-se pra frente em algumas partes do dia..
A página não me contém, as letras não me suportam, o mundo ainda é pequeno pro tudo que posso fazer, suas lágrimas me queimam a felicidade e posso cair a qualquer momento, levando até mim o medo maior que guardo dentro do meu coração.
Calei-me e ceguei-me pra tudo que não for Durique.
O passado me traz bem mais do que eu poderia querer, a simpatia, a ingenuidade ainda maior do que hoje em dia. Os tempos que já se foram parecem ter ido há tanto, e ao mesmo instante parecem tão perto que ainda lhe vejo aqui sentada, as pernas cruzadas, de frente ao meus olhos, a paixão que se multiplicava dentro de mim também devia somar alguma coisa dentro de ti, e aqueles beijos primeiros, a descoberta de uma perfeição tão grande que poderia jurar e escrever tudo que aconteceria hoje. E, de fato, escrevi. Quem leu, sabe...
É só e muito pouco...
Ainda tentam contar nos dedos, a maioria não bota fé, a desconfiança é maior do que qualquer outra coisa, mas não me abalo, sei do que sinto e sei do que quero. Se o futuro optar por motivos diferentes, já disse a mim mesmo que não precisarei de esforços para procurá-los; do contrário, continuo por aqui, almejando aventuras, sabendo que dois ainda é mais que um, que sorrisos valem um dia, e torcendo pra que o resto continue sendo o resto.
P.V. 19:57 09/08/10

sábado, 7 de agosto de 2010

Ó Pai³+¹

Ó Pai, faz um tempo que não venho nessas brancas e pálidas páginas escrever-lhe sobre as vontades e desejos do meu ser, mas não entenda minha ausência como uma falta pecaminosa, ou qualquer outra intenção que pudesse ter me tirado do caminho de sua fé, quem sabe algum terreiro bem situado com pais de santo mais abusados e interesseiros querendo comprar o que tenho de melhor, gordos budistas me oferecendo melhores opções para se sentar e praticar a eterna ioga, árabes sem vergonhas que poderiam dar-me sete virgens no paraíso após eu aceitar seus dogmas e regras do Alcorão, deixando minha vida de lá em nome de Alá... jamais faria isso com o Senhor. Tava só meio sumido, mas voltei, Xuxu... (com o sagrado respeito).
Ó Pai
, pois então já vá aí anotando os pedidos, não tenha pressa em realizá-los, sei de Vosso poder, sei de Vossa disposição e acredito piamente na concretização do que peço, uma vez que o passado me mostra boas recordações das alegrias vividas.
Ó Pai
, não saiba de tudo, não tenha tudo em Vossas mãos, não tente adentrar muito nas intenções que vou escrevendo pois o pecado me persegue e não consigo mais fugir do tamanho de minhas ações e a última coisa que gostaria de fazer é envergonhar suas faces, sempre tão boas comigo. Ó Pai, não tentes de forma alguma, dessa vez, aumentar o poder que cai de minhas mãos, não facilite meu caminho, minhas idas, minhas voltas, meus passos tortos, o que não se sabe e o que está por vir; quero as dificuldades, quero os tremores nas pernas, a língua seca, o que não me agrada e o pavor da derrota. Ó Pai, sabes Tu, mais Pedrinho, parceiro invencível do teu lado como o meu que sempre há de me acompanhar, das lágrimas incansáveis que me fazem um tanto quanto mais feliz nos momentos em que mais precisamos, no momento certeiro e derradeiro que o amor chama aos mais íntimos de Ti, quando o sentimento aflora e a cama chama o resto do mundo para deitar, cansados de sono, diferentes de mim, uma vez que o sono já não mais me pertence de uns tempos pra cá. Ó Pai, vá adentrando na mente de quem me cerca, deixe que o certame transcorra de forma tranqüila, que o serviço seja executado da maneira mais fácil para todos, com a exceção de mim, que quero tudo de forma diferente dessa vez, quero tudo da minha maneira, a maneira que só eu sei fazer. Ó Pai, interceda por meio do que se faz menos estranho, do que a saudade não pode tirar de mim e me resgate do passado, me coloque de volta no presente e me faça viver, mais uma vez, os melhores momentos que a vida já me ofereceu. Ó Pai, vá tirando, vá chutando para bem longe de mim, quem sabe na cabeça de quem estiver mais perto, as pedras no caminho que possam me fazer cair, mas deixe ainda algumas só pra que eu tropece de leve e saiba que a vida não é a perfeição que eu sempre sonhei, desde que insistem em gritar isso em meus ouvidos, antes virgens de tanta tristeza e lágrimas. Ó Pai, dessa vez fico por aqui antes do que o esperado pudesse me proporcionar e admito com minhas poucas palavras que precisarei pouco de Ti nessa oportunidade, mesmo sem querer ferir sua capacidade, ou com a isenção de que ache que, por um motivo ou outro, estou renegando sua ajuda que sempre foi tão benéfica em meu favor.
Estarei, então, aqui embaixo admirando o poder que desce dos céus em direção a esse presidente que declama amor em palavras mal escritas em brancos papéis nos sábados a tarde que a vida me proporciona.
Tenho dito.
P.V. 14:33 07/08/10

Mulher nova bonita e carinhosa


Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
Faz o homem gemer sem sentir dor

Até mesmo aquela tal de Helena de Menelau, ou seria depois de um outro covarde qualquer residente da sociedade nobre de Tróia, talvez Maria Bonita com seu charme nordestino que dominou o homem mais cruel de todos os tempos, talvez uma outras, talvez umas poucas, porém todas muito intensas e por fim, mulheres.
Dizem os homens de bem, e outros de mal, que não há nada mais terrível na face desse planeta em que vivemos, não há nada mais podre, não há coisa pior do que uma mulher quando esta mulher está com a intenção de atingir seus respectivos objetivos.
E digo mais.
Ou digo menos.
Digo que a regra tem lá suas exceções, pois um presidente disserta somente sobre aquilo que ele conhece, e o conhecimento está do meu lado quando o assunto da tese são as perspectivas mundanas de uma mulher decidida. Não se levantam contra mim, pois não querem cair de novo.
E vem de lá, como vem o vento, palavras tais de julgamento, como me dissessem convencido, como me chamasse prepotente, como dissessem que as palavras não cabem em minha boca e caem aos milhões no chão poluindo o solo com minhas sujeira. Admiro cada uma das críticas...
Porém, é verdade e não nego mais de três vezes. Mulheres são seres terríveis mas não destilam seus venenos comigo. Muito menos com quem estiver perto de mim e tiver a intenção de seguir meus ensinamentos.
Helena de Menelau, Maria Bonita de Virgulino Ferreira, o Lampião, Cleópatra do Egito e seus amantes, Elizabeth, dita rainha virgem para o fascínio dos ingleses puritanos, todas loucas e amantes assíduas de seus companheiros, e seus companheiros todos loucos e retardados de se deixarem levar pelos encantos dessas fêmeas sedentas de poder e ostentação.
Pois sorriem aqueles que me amam, uma vez que o poder depositado em mãos minhas passa daqui para lá devagar, sem que eu perceba...
Uma vez reconhecido o erro, uma oportunidade de consertá-lo enquanto ainda há tempo suficiente de se fazer o bem para o bem que se quer daqui a um tempo ou que seja ainda agora mesmo. Não há outra saída, não há o que não se esconda quando os olhos enxergam tudo, não há mais nada a se fazer quando o amor toma conta do que resta e só uma mulher consegue mudar a estrada, girando curvas sem fim quando a intenção era manter-se em linha reta.
Fui.
P.V. 13:36 07.08.10

Codinome qualquer coisa

Eu não deveria me preocupar tanto com as fraquezas que assolam meu pensamento em momentos de solidão das noites de segunda feira, mas não posso me deixar levar por ruindades que voam de leve ao redor da minha cabeça enquanto penso nas possibilidades do que o futuro me reserva, do que eu fiz questão de ter, das escolhas que o sentimento me oferece e meu coração que se faz tão... carente.
Falar e dissertar, descrever, dissimular, fingir carência é um pecado dos mais cruéis que meu peito poderia despertar e transpor para meus dedos a fim de dedilhar, de leve, as teclas do meu teclado fazendo nascer palavras tão podres quanto minha intenção quando me ponho a dialogar comigo mesmo.
Revive todos os dias da minha curta vida, as coisas que pretendo fazer ainda, e são tantas, que nem mesmo características eu poderia apontar, nem mesmo chances eu teria de contá-las, jamais conseguiria enumerá-las com o intuito básico de poder organizar o tempo que ainda me resta e as oportunidades que serei obrigado a criar, mesmo que burlando as regras do destino.
E por falar em destino, deixo-me quieto...
Nos tempos em que eu poderia me dizer da forma que sempre quis me dizer e fazia total questão de botar em prática cada um dos pensamentos, cada uma das ações que povoavam minha mente, todas as possibilidades que eu tinha escondidas nas mangas curtas do meu querer, todas as coisas que me rodeavam e me chamavam para brindar ao orgulho, ao ego, ao saber, ao poder que sempre foi meu, que ainda é meu e não mais se faz por força do destino... perdão, mais uma vez o destino...
De coração muito puro eu mergulhei no escuro, aliás, de coração repleto de boas vontades para comigo mesmo, uma intenção básica de me proporcionar a felicidade que sempre almejei, o orgulho do amor, o sentimento que é meu e faço questão de distribuir, o que não existe, o que já existiu, a nostalgia do que era, e hoje não entra mais na minha conjugação de verbo.
Tenho, ainda, um monte de medos para resolver e um monte de aventuras para viver...
Disse lá, alguém na alvura da tez pálida, lembrança hedionda do que me faz querer, brincadeiras a parte e matrimônios declarados em fotografias bem fotografadas, que a ignorância é felicidade, a pureza é alegria, o desconhecido dá mais satisfação, sabe melhor quem sabe menos. Tenho todas as minhas concordâncias a respeito disso e assino embaixo de cada palavra dita.
Sinto falta do tempo em que os rostos tristes na rua me deixavam tristes também. Quando acordo, me olho no espelho, e só assim fico triste.
É bem certo que lembrar de tristezas não é saudável, mas só quem sabe o que é a tristeza pode ficar triste. Ainda morro de inveja dos ignorantes...
Deixei jogadas na última esquina que passei algumas palavras, outras expressões, e um tanto de besteiras que só faziam mal a minha saúde emocional, ao meu ego cada vez mais apaixonado pelo chão, minha felicidade perdida, minhas intenções afogadas, meus desejos, minhas mentiras de amor; o destino em si.
Entendam como armadilhas, os mais sabidos...
Ou entendam como pegadas, os mais ignorantes...
Ainda torço pra que o segundo grupo me descubra primeiro.
P.V. 13:01 07/08/10

Canções bem cantadas


"Por que ela tem que ir, eu não sei... ela não me disse, mas escute, talvez haja algo errado... ontem o amor era um jogo tão fácil de brincar, agora se faz tão difícil em minhas mãos, mas eu acredito em ontem...
Este deve ser o dia mais triste da minha viida, eu t chamei aqui hoje pra te dar más notícias, eu não poderei mais lhe ver devido às minhas obrigações e as q vc Tb tem, nós temos nos encontrado aqi todo dia e desde q esse é o nosso último dia juntos eu quero te abraçar a última vez, quando vc se virar e se for, não olhe pra trás, eu quero lembrar d vc assim, vamos só nos beijar e dizer adeus...! "

Disseram os senhores autores das devidas canções, assim como escreve a minha inspiração em uma segunda feira noturna e pouco promissora de doenças, e idas e vindas de pernas pelas ruas estreitas e afobadas da minha estranha cidade, que a partida era inevitável, que o amor chegou ao fim, que o que se fez eterno agora se faz saudade de um tempo feliz e que vá, que vá, sem olhar pra trás, por favor.
Não me nego a aceitar nem mesmo poderia viver um momento sequer sem analisar as devidas proporções que as canções jogam em nossas caras nas oportunidades mais insanas de se querer um bem querer ao seu lado, mas infelizmente as ocasiões do destino gritam horrores que nos fazem um mal sem tamanho nem fim nos levando a única saída que pode amenizar a dor, nos levando a não fazer aquilo que estávamos programados a fazer desde o início e pedimos que vá, que vá, sem olhar pra trás, nem pra mim.
Chorando se faz um homem, porém amando se faz mais de um.
É certo que os autores todos que escrevem tais canções e desenvolvem tais melodias chegam a conclusões que os levam ao modo mais fácil de agir e de pensar, mas o que não se sabe é o que ainda foi vivido e eu ficaria mais satisfeito se pudesse dividir uma ponta de tudo que vive em mim com quem me faz bem.
E quem me faz bem?
Fui ouvindo mais canções, deixei meus ouvidos bem abertos para tudo que poderia me satisfazer, pra tudo que pudesse, de uma forma ou de outra, adentrar por meio do que tenho de melhor, transformando palavras cantadas em ações minhas, os amores, o sentimento, a saudade, tudo evoluindo de repente enquanto uma outra pessoa diz aquilo tudo que está dentro de você, a magia da música, o amor em melodia, em notas vermelhas sujas de sangue...
Então, no intuito do querer, na vontade inexplicável, no incenso do sentimento que tomava conta desse lugar que agora estou, na vista da porta se fechando e a pessoa partindo pra longe, tudo se fez estranho, tudo se fez anormal e tive outras visões, outras vistas diferentes de tudo que estou acostumado a sentir, as coisas que se fizeram tão normais no tempo pouco em que me dediquei a algo único, o que não se esconde, palavras, mais palavras, e que vão, então, que vão, pra bem longe, sem que eu possa mais entendê-las, sem que eu me dirija outra vez a tudo isso que me faz mal, que transforma meu humor, que me deita na cama, que me tira o sono, que me tira a fome, que me tira a paz...
Vai lá, então, disserte aí sobre o que te apetece, sobre tudo que vai vazando de olhos para olhos, tudo que umedece também os meus, matando minha vontade de multiplicar felicidade, como Deus prescreveu no meu prontuário há alguns anos...
Vá.. vá..
P.V. 13:13 07/08/10

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Escrevendo o invisível

Se for necessário buscar motivos, não vou precisar me esforçar, se é minha alegria que se perdeu, eu vou tratar de retirá-la debaixo do tapete junto de toda a poeira que por lá vive.
Cansei de viver dividido entre felicidades e tristezas. Essa balança invisível sempre teve só um peso. Meus sorrisos ocupam todo o espaço que me cerca e lágrimas não fazem parte do que sonhei pra mim.
O ciclo se fechou mais uma vez e tudo ficou repetitivo me provando que nada vai mudar apesar de todas as promessas feitas, apesar de todas as desculpas mendigadas e quase imploradas, apesar do que se torna e, talvez, evolui.
Nada mais está sendo escrito, jamais viu-se tanto silêncio e ao mesmo tempo tanto barulho desnecessário, nada do que se mexe parece estar no ritmo que eu desejo, a carne chama, mas a pele não sabe mentir, muito menos meus olhos, ainda menos o meu sentimento.
A engenharia forte de um desejo, a liberdade de se querer andar descalço pela madrugada quando os sentidos se afloram, sons que gritam o poder solto em minhas palavras, o alcance de tudo que inveja quem me cerca, o desafio do improvável e a certeza da vitória no fim elevando ainda mais meu ego que, um dia, passou das nuvens e viveu mais coisas que imaginam quaisquer outras vãs filosofias.
A desconfiança no que se faz normal, no que se faz puro, no brilho do olho de quem é grato por pouco, por muito pouco, uma outra palavra dita e as lágrimas, e uma música, e mais lágrimas, a certeza de poder confiar em alguém e saber onde se apoiar quando cair, saber segurar com força se alguém cair, a sinceridade de uma amizade talvez seja vista com outros olhos por quem prefere enxergar com olhos de terceiros, mas meus olhos não mentem, e eles são mais importantes pra mim agora, afinal, que egoísta sou eu...?
O que nunca se fez e agora é rotina, a saturação do convívio não deveria partir de mim, mas meus ouvidos ainda não conseguem filtrar e excluir o que me irrita, o pavor e o medo só sairão de mim quando o que não me agrada não mais existir, porém o que não me agrada me mostra todos os dias que durará pra sempre. Dizem do sentimento a mesma coisa que dizem de mim, e só dizem porque não conhecem nem a mim e nem ao amor. Tô cansado de todos esses erros incríveis, de todos esses soluços sufocados, das lágrimas, das promessas que não se cumprem, das mentiras. Meus erros, meus soluços, minhas lágrimas, minhas promessas, minhas mentiras.
A chuva que cai não aumenta a dor, só aumenta a certeza.
Minhas vontades me traem e é bem provável que eu não queira nada disso nunca mais... mais mentiras que se repetem...
Se eu sangrar, se a vida quiser partir pra bem longe de mim, se meu humor mudar, se tudo em volta de minha pessoa cair e desmoronar, será só mais uma prova, mais um lado virado da moeda, a revolução que deixa cicatrizes que se fecham com o tempo, os sonhos de criança enterrados mais uma vez.
Continuo escrevendo o invisível.
Aos vossos olhos...
P.V. 20:18 03/08/10