segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O neném da mamãe

Foi lá caminhando, solene no seu passo de princesa indefesa, no meio da floresta negra, tão cruel quanto qualquer outra coisa cruel, com seus labirintos naturais, feras terríveis da mata verde, animais horríveis que pulam, rastejam, gritam, mordem, comem... e como comem...
Durique, em sua eterna inocência, viu caídos pelo chão, alguns pedaços de sentimento. Ó boa menina, doce em sua eterna languidez, foi catando cada um dos pedacinhos destroçados que achou pelo chão e montando um a um numa tarefa difícil e complexa, formando em sua mão alguma coisa ainda desconhecida, mas que aos poucos, de pedaços em pedaços, ia se mostrando aos seus olhos.
No último pedaço, viu que o amor se formou. Levantou os olhos e viu um homem em sua frente, lindo, como se fosse extraído de alguma revista de modelos perfeitos, com a mão esticada, como se tivesse perdido alguma coisa, como se algo de valioso lhe faltasse, como se não soubesse mais o que fazer da vida e apenas aquilo que tanto procurava pudesse dar sentido ao que ainda pretendia.
Achou na mão da doce menina, seu coração remontado.
E a paixão se fez, o amor se deu, as selvagerias, as sucessagens, todos os termos sujos do amor e seus líquidos sagrados que escorrem de lados para lados, toda a sujeira que é feita, os cabelos embaralhados, os corpos vermelhos em cima de camas maltratadas e barulhentas, tanto lá quanto cá, o mundo perverso e feliz do prazer.

Mas a vida é real e de viés.
A idade não lhe é alta, os estudos lhe impedem de formar família, as crianças, enquanto bebês, comem e cagam demais, as despesas não dariam conta de tudo que se faz necessário, ainda que aquele mesmo homem quem estava com o coração perdido e depois o vira remontado tenha um ótimo emprego, onde se fez funcionário público federal da mais alta e importante patente da União através de seus próprios esforços e intelectos fazendo de sua vida um mar de maravilhas e grandes possibilidades de crescimento futuro para todos os lados possíveis. Disse o homem: “Há de tomar anticoncepcionais!”
Mas ora vejam só. Deus não tem nada a ver com isso e até mesmo critica o uso das tais borrachas malditas que ensacam os filhos benditos que um dia me darão alegria, mas disse aos meus ouvidos que um bom local de esconderijo seria apropriado a fim de que a progenitora do amor da vida desse novo homem, Dona Leila, não flagrasse tal absurdo dentro de sua própria casa, caracterizando assim, uma forma de traição, afinal, havia de ser a última a saber e seu forte gênio não traria boas conseqüências para a prolongação da vida do casal.
Pasmem, queridos e queridas leitoras. Num fim de tarde, num instante de alto pavor e suspense, o que era esperado, esperou pouco para suceder.
Não se vêem mais mães liberais como antigamente...
"Mas o neném da mamãe não pode fornicar porque fornicação é coisa do Sete Pele, é coisa do Capeta. O vestido branco no dia do casamento indica pureza, do corpo, da alma, da cama barulhenta em que se deita e quebra no meio do amor."
E Durique, menina doce e um pouco fútil, continua sua caminhada pela floresta negra, repleta de perigos, pensando no que fazer para apaziguar as dores do coração e as intenções estranhas do destino. Já não há mais pedaços de sentimento pelo chão...
Cata, agora, comprimidos coloridos, todos os dias pela manhã, evitando que o falatório seja ainda maior em sua residência...
P.V. 20:14 09/08/10

Um comentário:

Karoline disse...

criiiiiiiiiiiiminoso vcc .
AOSIIAISIIISOI