Ó Pai, faz um tempo que não venho nessas brancas e pálidas páginas escrever-lhe sobre as vontades e desejos do meu ser, mas não entenda minha ausência como uma falta pecaminosa, ou qualquer outra intenção que pudesse ter me tirado do caminho de sua fé, quem sabe algum terreiro bem situado com pais de santo mais abusados e interesseiros querendo comprar o que tenho de melhor, gordos budistas me oferecendo melhores opções para se sentar e praticar a eterna ioga, árabes sem vergonhas que poderiam dar-me sete virgens no paraíso após eu aceitar seus dogmas e regras do Alcorão, deixando minha vida de lá em nome de Alá... jamais faria isso com o Senhor. Tava só meio sumido, mas voltei, Xuxu... (com o sagrado respeito).
Ó Pai, pois então já vá aí anotando os pedidos, não tenha pressa em realizá-los, sei de Vosso poder, sei de Vossa disposição e acredito piamente na concretização do que peço, uma vez que o passado me mostra boas recordações das alegrias vividas.
Ó Pai, não saiba de tudo, não tenha tudo em Vossas mãos, não tente adentrar muito nas intenções que vou escrevendo pois o pecado me persegue e não consigo mais fugir do tamanho de minhas ações e a última coisa que gostaria de fazer é envergonhar suas faces, sempre tão boas comigo. Ó Pai, não tentes de forma alguma, dessa vez, aumentar o poder que cai de minhas mãos, não facilite meu caminho, minhas idas, minhas voltas, meus passos tortos, o que não se sabe e o que está por vir; quero as dificuldades, quero os tremores nas pernas, a língua seca, o que não me agrada e o pavor da derrota. Ó Pai, sabes Tu, mais Pedrinho, parceiro invencível do teu lado como o meu que sempre há de me acompanhar, das lágrimas incansáveis que me fazem um tanto quanto mais feliz nos momentos em que mais precisamos, no momento certeiro e derradeiro que o amor chama aos mais íntimos de Ti, quando o sentimento aflora e a cama chama o resto do mundo para deitar, cansados de sono, diferentes de mim, uma vez que o sono já não mais me pertence de uns tempos pra cá. Ó Pai, vá adentrando na mente de quem me cerca, deixe que o certame transcorra de forma tranqüila, que o serviço seja executado da maneira mais fácil para todos, com a exceção de mim, que quero tudo de forma diferente dessa vez, quero tudo da minha maneira, a maneira que só eu sei fazer. Ó Pai, interceda por meio do que se faz menos estranho, do que a saudade não pode tirar de mim e me resgate do passado, me coloque de volta no presente e me faça viver, mais uma vez, os melhores momentos que a vida já me ofereceu. Ó Pai, vá tirando, vá chutando para bem longe de mim, quem sabe na cabeça de quem estiver mais perto, as pedras no caminho que possam me fazer cair, mas deixe ainda algumas só pra que eu tropece de leve e saiba que a vida não é a perfeição que eu sempre sonhei, desde que insistem em gritar isso em meus ouvidos, antes virgens de tanta tristeza e lágrimas. Ó Pai, dessa vez fico por aqui antes do que o esperado pudesse me proporcionar e admito com minhas poucas palavras que precisarei pouco de Ti nessa oportunidade, mesmo sem querer ferir sua capacidade, ou com a isenção de que ache que, por um motivo ou outro, estou renegando sua ajuda que sempre foi tão benéfica em meu favor.
Estarei, então, aqui embaixo admirando o poder que desce dos céus em direção a esse presidente que declama amor em palavras mal escritas em brancos papéis nos sábados a tarde que a vida me proporciona.
Tenho dito.
P.V. 14:33 07/08/10
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário