sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O desenho da nostalgia

Não era de se esperar que o rapaz, dono das maravilhosas palavras bem escritas e mal elaboradas em papéis roubados das impressoras do poder público, se retirasse de sua residência em direção ao Templo do amor, caminhasse solene e calmo rodeado de seus comparsas e admiradores, aspirantes a algum cargo na tão desejada União, enquanto invejosos incríveis, idiotas sem tamanho, a criatividade que passa longe, muito longe, se vestem de forma idêntica, a mesma blusa, a mesma cor, como fosse uma grande coincidência, ou talvez como se tivessem combinado... muito estranho, Sr. Presidente.
Mas agora, depois que se colocou no mundo e prometeu jamais caminhar com os pés no chão, somente com os pés em cima do tapete cheiroso de borracha de sua nova Ferrari, vermelha por pleonasmo, se contradisse ao chegar no certame andando, humilde como sempre fora, mesmo antes, mesmo depois de se tornar famoso e rico, com a patente de Excelência, e salário de Federal.
Mas antes do Templo do amor, há de se ter notícia mais uma vez, depois que a saudade exagerada se colocou sobre minha mente, depois que a paixão do sentimento se colocou tão distante de mim, depois que me desloquei de lados para lados abandonando as coisas mais simples da vida, depois que não coloquei mais meus lábios grossos na garrafa mal lavada de Seu João do Boteco de Fefy’s House. Há de se ressaltar o sabor do vinho mais gelado e doce de todo o condado de Janeiro’s Rio City, por um preço irrisório e camarada, uma vez que já me faço cliente de sua bodega há tantos anos e anos, ainda quando novo, me coloquei no primeiro porre em seus braços e os tapas na cara que levei para acordar, o primeiro rosto que vi foi o enrugado e oleoso de Seu João do Boteco de Fefy’s House...
Pois com o líquido sagrado em mãos, como fosse uma bendita mamadeira, ia mamando de leve com medo de que o álcool chegasse ao fim, com medo de que meus pés me levassem com muita rapidez ao local da festa, com medo de acordar do sonho que meus olhos me mostravam a cada instante que o colorido ia tomando conta do lugar, com medo de um monte de coisas inclusive de uma lacraia gigante que ia atravessando meu caminho, mas logo depois de parar de gritar eu pude tomar coragem e pisar em cima desse bicho do capeta...!
E lá está...! Templo à vista!
Uma hora havíamos de chegar, isso já era previsto... tudo está da mesma forma que deixei na última vez que pisei por aqui... O Templo do amor e seus portões abertos fazendo com que os jovens dessa geração sintam a felicidade explodir em seus peitos com o poder do som que vai gritando pudores e ausência de dores, com o elogio da rima para o autor das palavras.
A fumaça tomava conta do lugar, a nostalgia tomava conta de mim.
Seria pedir muito se eu me inocentasse do capricho de levar aos dedos ao menos um desses que acalmam, ao menos um desses que há tanto tempo não se fazem meus até a última ponta, a minha fumaça que deveria subir aos céus, me envolver em paz e silencio, em amor, em sentimento, em mais paz, em muito amor do que eu mereço...
Tempo de adentrar.
Não se façam de rogados, vão indo, vão na frente, hoje sou aqui um mero espectador de toda a falácia, de toda a ilusão que sempre vivi e me remediava quando as dores do coração se faziam gritantes, sou um mero admirador de seus tempos que um dia se chocarão com o meu e tudo será igual para todos... eu fico por aqui...
Sequem minhas lágrimas, crianças...
P.V. 18:20 13/08/10

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