quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sobre velas que morrem

Tô perdido no escuro e não há nada em minha volta a não ser meus pensamentos que em momentos de solidão extrema saem de mim para apreciarem por alguns momentos a minha aflição de ter medo de estar nessa situação. Mas tudo volta ao lugar bem mais rápido do que parece quando me pego correndo em direção de quem estiver mais perto de mim e das minhas lindas e boas intenções.
A chama do fogo nessa vela que jaz do meu lado não me diz nada, mas mostra todo o pesar de uma vida curta dedicada a quem quiser que lhe pegue pela primeira vez. Não há vida alguma em uma chama de vela acesa, pois a vida vive num plano superior ao fogo que queima essa mesma vela. A vida vive em torno de tudo que pode ser iluminado pela chama acesa. E sofre por isso esse rijo pedaço de matéria que tem suas gotas de cera caindo pelo próprio corpo como fossem lágrimas que deslizam por um rosto abandonado pelo tempo onde somente lhe procuram num excesso de necessidade quando todas opções não se fazem presente. Dói em mim olhar pra essa vela acesa do meu lado. Acho melhor apagá-la e guardá-la pra outra ocasião...
O que não deveria existir, todo o invisível que eu quero escrever e já não consegue mais se apagar depois que acenderam essa vela do meu lado, o que ainda está por vir e a necessidade que o destino tem de fazer as lágrimas rolarem, o pesar é ainda mais pesado quando se pensa nele.

Não sei se vou aturar esses seus abusos, não sei se vou suportar os seus absurdos.
Cantando coisas marrons eu me viro no pouco que me é oferecido em troca de tudo que sei ou deveria saber fazer, de tudo o que ainda tenho pra oferecer, meus sonhos de criança que não passam de sonhos e nada mais.
E as possibilidades estão ainda mais intensas do que antes quando eu tinha o mundo nas minhas mãos, quando o giro era de poucos graus e eu conseguia ver bem mais do que existe, já me considerava muito bom quando via além dos meus olhos; hoje escrevo e enxergo o invisível, coisa que era de se considerar muito boa, porém se faz ao contrário pois meus braços não estão ao alcance de tudo que eu vejo...
Porém, a capacidade ainda é mostrada de uma forma que a vida se coloque a minha disposição, e o medo de todos os lados que vai gritando um ato final na peça que o destino resolveu interpretar no meu palco de aventuras. É realmente incrível isso e daria tudo para não estar em certas ocasiões, certos corações, certas situações me provam que nada poderia ser feito para reverter o que não se pode evitar.
A vela acesa e a sua iluminação natural do que não se podia ser visto, é inevitável que ela morra, que ela expire, que seu fim seja visto aos poucos enquanto suas lágrimas de dor por morrer queimada ou felicidade por cumprir seu papel vão caindo, devagar, pelo seu corpo roliço, antes perfeito, agora deformado. E a realidade é tão fatal quanto o destino da próxima vela que há de tomar o lugar desta que vai morrendo. O ciclo da vida e as coisas que acontecem com quem não tem nada a ver com seus problemas (de falta de luz, por exemplo) são tão medonhos que inflamam as intenções de quem pretende, um dia, ter paz e felicidade somente na vida.
O fim da cera é o recomeço da antiga luz...
Penso se era melhor continuar na escuridão...
P.V. 13:11 19/08/10

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