segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mais que um melhor amigo

Tenho uns amores na minha vida, alguns maiores que outros, uns que são praticamente uma dependência pra mim. É bem verdade que seria da maior tristeza, quase que uma inutilidade eu continuar vivo se não tivesse com o que me divertir, essas coisas que dependo. Time, família, namorada (não necessariamente nessa ordem) são exemplos do que me fazem feliz, amores que eu dependo. Mas há cinco anos, fui atrás de algo que me deixaria muito feliz. Tenho um cachorro muito lindo chamado Dark que é meu filho. Minha mãe sempre diz que eu não cuido dele, e vive dizendo que vai dá-lo pra qualquer pessoa que tenha um mínimo de responsabilidade em pelo menos dar um banho por semana nele, ou quem sabe comprar ração. Tá bom que eu sou meio relaxado com essas coisas, mas não significa que eu não o ame, que eu não goste tanto dele, que ele seja uma das razões da minha vida. Quase um caso de amor.
E são verdadeiramente nas horas mais difíceis da nossa relação que fica explícito o quanto nós nos amamos e somos ligados por algo mais forte, coisa que eu não sei o nome. Pode ser porque sempre me chamaram de cachorro (as meninas, especialmente) e talvez, com isso, tenha incorporado um pouco do instinto animal presente nesses caninos tão adoráveis, melhores amigos dos homens, como dizem. Mas não o vejo como um amigo, o vejo como um filho, mais que um irmão. Dividimos nossas tristezas, dividimos nossas alegrias.
Arrepio-me quando lembro daquela final entre Flamengo e Botafogo em que estávamos perdendo de virada por 2 a 1 e eu, já desanimado, saí da sala, fiquei ali na varanda olhando pro Dark enquanto o jogo ia terminando, chegando perigosamente à marca de 40 minutos. Via no semblante do meu filho algo estranho, como se ele me olhasse e dissesse que eu deveria acreditar até o fim, que eu não deveria desistir de apoiar o Flamengo, e que mesmo se não desse daquela vez, na próxima nós levaríamos a melhor. Justamente nesse momento enquanto sentia tudo isso vindo dele, que o Renato Augusto, incrivelmente, acertou um chute de fora da área que surpreendeu o goleiro e entrou no ângulo empatando o jogo e o levando para a disputa de pênaltis, culminando, enfim, na vitória e conseqüente título para o nosso Mengão. Foi tanta alegria na hora do gol que comemoramos juntos, eu gritando, ele latindo. Eu me lembro disso.
Nas vezes em que eu bebia demais também; ficava ali na varanda olhando pro nada infinito, pensando em todas as mazelas que se abatiam sobre minha pessoa. Foi sempre o Dark que esteve do meu lado, mesmo que lambendo meu pé e eu o chutando, era ele que estava lá escutando minhas lamúrias. Eu sempre soube que ele me compreendia, por mais que não conseguisse falar, ou mesmo entender o que eu dizia. Ele se comovia com as histórias tristes que eu dizia, meus desamores, minhas dívidas intermináveis, uivava um uivo triste em meu pesar. Ele se alegrava com minhas histórias mentirosas, minhas grandes conquistas, os fatos inéditos que só eu conseguia realizar, o sucesso que batia à minha porta, latia feliz como um cachorro de rua que descobria mais uma lata de lixo virgem.
Eu também o entendo. Sempre sei o que se passa em sua cabecinha ingênua, sua mente de cachorro. Dark faz parte de um seleto grupo que nunca vou poder esquecer, ele é meu amigo como poucos outros são, aceita meus defeitos com a calma e a compreensão. Não pede nada em troca quando me passa seus conselhos sinceros. Por mais que sejam sempre conselhos iguais... umas vezes eu entendo que devo levantar minha perna e mijar em cima dos problemas, outras vezes entendo que devo latir mais alto pra cima da cachorra que quiser arrumar confusão comigo, quem sabe até mesmo defecar em cima da conta do cartão de crédito quando ela chega, em alguns casos ele me aconselha a correr atrás do carteiro a fim de lhe arrancar um pedaço da perna, só pra manter as aparências. Sei que são do fundo do seu coração todas as atitudes que me passa através de seus gestos simples.
Hoje estou triste pois em um de seus passeios matinais, arrumou uma confusão na rua. Meu Dark não leva desaforo pra casa e ao saber por um gato fofoqueiro que um cachorro sem vergonha, bem maior que ele, estava a dar em cima de sua namoradinha, com a qual já teve 6 filhos lindos, resolveu saber do que se tratava essa história mal lavada e ordinária. Como eu bem o ensinei a ter educação e não se envolver em brigas, ainda mais se for por fêmeas, foi dialogar com o tal grandalhão que é envolvido com uma gangue de maus elementos que dominaram essa área há algum tempo e estão formando uma nova facção de cães que traficam rações sabor Cannabis. Por mais que tentasse conversar, o outro não quis ouvir seus latidos e lhe deu uma surra, que o deixou com um leve machucado no dorso. Maldito cachorro dos infernos sem pai nem mãe que não tem compaixão para com um companheiro da mesma espécie e fica furando o olho assim sem mais nem menos. Meu Dark veio pra casa, escondeu-se em sua casinha pra que eu não visse o machucado e tomasse atitudes drásticas (um ato de caráter dele), com isso o ferimento infeccionou, e hoje tive que comprar remédios pra que ele volte ao normal.
Estou triste, mas sei que ele vai ficar bem, sei que vai dar tudo certo porque ele é forte e nunca me deixou. Não vai ser agora que me deixará. Ainda temos muitos jogos do Flamengo pra assistir, muitas cervejas pra beber juntos, ainda terá muito champanhe pra você lamber do chão nos fins de ano, muitas alegrias pra dividirmos.
Estarei te esperando. Amo tu.
P.V. 12:12 29/09/08

sábado, 27 de setembro de 2008

Sou ciumento, sim!

Vou expressar, sincera e literalmente o que estou sentindo.
Sei lá qual é a verdade absoluta da minha vida; quanto mais o tempo passa, mais eu percebo que qualquer certeza é mera enganação de um sentimento do qual não tenho o mínimo controle. Vejo que tudo não passa de pra representação e o labirinto de adjetivos cresce diante de mim, misturando o que era bom com o que torna-se ruim.
Minhas palavras cheias de convicção ficam sem base quando perco a luta para o que não mais domino. Abomino momentos como esse e admito que estou preocupado com o futuro e desenrolar dos fatos que estão para acontecer daqui a não muito tempo.
Peço perdão desde já se alguém sentir-se afetado por tais conseqüências, mas é bem verdade que não era minha intenção que o pensamento caminhasse por essas vias. Sendo assim, ainda tenho forças pra dizer que farei de tudo, mesmo que inutilmente, pra que regrida a situação na qual estou envolvido. É uma questão de honra pra mim e de proteção a quem me ama e parece ter parte de culpa.
Talvez não. Talvez seja eu que não suporto idéias a rodarem na minha cabeça e, enquanto o furacão continua a soprar seus ventos, me mantenho ordinariamente ansioso a fim de que a brisa tome conta de tudo novamente, como antes. Minha cabeça dói e não sei o que fazer pra que isso pare. Tenho muitas obrigações pela frente e somente coisas do passado ficam martelando dentro de mim. Como um prego que teve a ponta amassada e insiste, incansável, insiste em tentar entrar, enquanto, bravamente, reluto em desespero pra que me deixe em paz, só pra eu dormir tranqüilo.
Ouça-me. Estou falando sério.
Vamos viver em paz.
P.V. 18:23 25/09/08

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Se importa?

Tá aí um texto que ainda não tinha postado, não lembro porque. Sei que faz muito tempo que escrevi e nota-se como eu escrevia mal há alguns meses... Mas até que ficou bonitinho. Acho que tudo que escrevo e consegue transparecer a verdade dos sentimentos fica ótimo, por mais curto que pareça, por mais bobo, por mais exagerado. E naquela época nem tinha muito sentimento pra expressar, era só aquilo de momento que deu vontade de escrever enquanto perdia-me em um copo de cevada num sábado quente verão. Ficou brega, mas ficou bonitinho:

“Se importa se eu beber?” Talvez, um dia eu faça essa pergunta a ela. Simples. Talvez até mesmo sem fundamento pra quem não presencia o ocorrido. Ela mexeu comigo, é verdade. I don’t know what it is but it seems she got me twisted. Mas ainda nem tive a oportunidade de conversar olhando em seus olhos. O meu maior medo (ou não) é que seja tudo maravilhoso como deve mesmo ser.
“Se importa se eu beber?” Talvez ela não curta o gosto de cerveja na minha boca. Mas não conseguiria ficar sem beijá-la. A curiosidade de saber que segredos escondem aqueles lábios é muito grande. Deixaria de beber por ela?? É provável...
“Se importa se eu beber?” Talvez eu beba demais e aconteça o que geralmente acontece quando passo da conta. Imagino coisas que não são reais. Então minha paixão não seria verdadeira. Mas quem disse que estou apaixonado?
Há tão pouco tempo que eu conheço ela. Já conversamos sobre tudo e ainda tenho um infinito de segredos pra contar. Tenho certeza que ela não se importaria se eu bebesse....
15:25 19/01/2008

Há muito tempo...

É a primeira vez que faço coisas desse tipo, colocando um texto agregado à um vídeo. Mas nem que seja por não ter vídeos à disposição, é que sou preguiçoso mesmo, demora muito pra carregar um desses aqui. A verdade é que outro dia estava vasculhando os profundos mares da saudade que existe dentro de mim dos tempos longínquos em que ainda era jovem e solto no mundo, quando deparei-me com fotos das mais engraçadas e descomunais que já tive o prazer de participar. Nessas fotos, que não tinham nada demais, além de muita graça, ficava estampada uma alegria que há muito eu desconhecia. Mas que depois de muito tempo, me foi apresentada novamente. Tá bom que hoje em dia, tudo continua lindo, mas fiquei anos sem viver coisas parecidas e lembrei do desperdício de felicidade que consumi. Pra homenagear os bons tempos, resolvi postar um texto sobre qualquer coisa relacionada com o passado.
Mas não seria nada de interessante se colocasse aqui milhões de palavras como costumo colocar, relatando aventuras, desventuras, tristezas, alegrias, mil mentiras que ninguém iria acreditar. Só que eu não sou de inventar as coisas e gosto de deixar tudo bem claro pra que meus fãs possam sempre estar por dentro das minhas histórias magníficas. Daí o motivo e a razão por eu ter encontrado esse vídeo muito louco em que canto alucinadamente uma das músicas mais bonitas que já fizeram, que na minha voz ficou ainda mais bela, diga-se de passagem...
Não é nada demais, uma pessoa que não tinha objetivos na vida, a não ser saber onde passaria a próxima festa e qual era o boteco mais próximo pra comprar cerveja quando a que estava na geladeira acabasse. Não julgo que isso seja uma grande derrota, mas admito que não viveria assim pro resto da minha vida, por mais que ainda sinta saudades eternas daquele tempo sem responsabilidades. Eu era assim, solto, sempre com sede de tudo o que estivesse nas garrafas mais alcançáveis. E quem andava comigo tinha que me acompanhar pois sempre fui carente e precisava beber com alguém, até mesmo pra dividir meus complexos, ter alguém pra encostar o ombro quando a cabeça ficasse mais pesada.
Adorava minha vida de boêmio, sem nunca ter sido bamba. Cantava pelos cotovelos, fazendo minhas garrafas de microfone, de violão, de guitarra, quando o copo caía no chão dizia que era a bateria querendo gritar mais alto que eu. O coro sempre ia me acompanhando em cada canção nova que se desenrolava nas intermináveis festas organizadas pela saudosa e querida UCM. Tudo no melhor intuito de ser feliz, independente de raça, credo, ou qualquer besteira parecida. Sempre na paz, as pessoas sempre do bem, sem qualquer tipo de droga envolvida, a não ser a nossa Linda Kátia, citada no vídeo abaixo.
Eu nunca tive jeito mesmo, mas faz tanto tempo que não canto...
P.V. 14:02 26/09/08

Churrascão em Fefy's House - 2006

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pra não dizer que não falei das flores

Cansei de tudo isso, estou indo embora desse lugar. Pra mim já chega, acabo de tomar uma decisão que há muito tempo já vinha passando pela cabeça. Isso é um relato do que estou sentindo e nenhum ser humano merece passar por tal situação. Não agüento mais esse inferno. Todo esse deserto que só parece saber crescer ante meus olhos já secos por não haver mais lágrimas a deles rolar. Sei que serei o único, sei que ficarão contra mim, mas devo seguir meu pensamento e partir o quanto antes... Ninguém tem o direito de tirar a vida do outro, muito menos eu. Largo tudo agora pra que não aconteça coisas piores. Deixo meu fuzil aqui, sempre soube que nunca iria precisar de algo assim. Descarrego minhas balas no chão, pois somente o chão é sem vida, somente no chão podemos jogar toda nossa raiva, tudo aquilo que só faz o mal, tudo aquilo que não precisamos de maneira alguma.
Tô andando agora rumo a qualquer lugar que me leve para bem longe desse inferno. As coisas que vi, a tristeza estampada nos rostos de todos em minha volta, toda a raiva dos que estavam, com justiça, contra mim. Atiram em mim e sou obrigado a revidar a bala quente e repleta de ódio que vem de todos os lados. Quero fugir daqui, me tirem desse lugar pois já não agüento mais. Sou eu quem vive tudo isso, não é aquele que fala por nós, aquele que não sabe de fato o que venho passando, aquele que não sabe a vida que levam os homens aqui. Preciso fazer algo pra salvar esse povo de toda a miséria que come a saúde dos mais jovens, dos mais velhos, das mulheres, dos homens. Uma grande derrota para meu coração, sangro por dentro só de lembrar de todo o horror que presencio todos os dias nesse campo de batalha.
Cidades devastadas por toda a ganância exorbitada que faz encher os olhos desses vermes da política, donos do mundo que julgam serem melhores que todos. Raiva transparente em cada muro, cada esquina destruída que um dia já foi normal, tudo que, um dia, estava de pé e hoje mantém-se deitadas para todo o sempre. Assim como os homens de família que também estão e permanecerão deitados para sempre. Seus filhos, suas esposas a regar com lágrimas o chão em que jazem. Quero mais isso não. Me tirem desse inferno. Prefiro não mais dormir pra tentar fugir dos meus pesadelos mais terríveis. Sempre vejo aquele homem caindo, sendo atingido por uma bala do meu fuzil. Quem sou eu? Não me reconheço mais. Sei que atirei por defesa, mas sou eu quem está a invadir o país dele. Minha vida para trazer de volta a sua. Quem cuidará agora de sua família? E se filhos ele tiver? Quem será o pai agora? Meus pesadelos estão devorando minha mente, tenho que sair daqui, tenho que fugir pra bem longe de tudo que está me fazendo mal.
Tenho total responsabilidade por tudo que aconteceu, tudo que está acontecendo, e já vem sendo encarado como normal há tantas décadas. Preciso botar um fim nisso. Vou sair daqui, vou juntar um novo exército, vou combater o mal com armas diferentes. Somos todos iguais, não podemos nos matar assim todos os dias, temos que fazer algo pra melhorar nosso mundo. E minha cabeça... não suporto mais ver tudo isso. Essas cenas estão me devorando por dentro cada vez mais. Sou um ser insignificante na minha existência, mas acredito que todos juntos, todos em nossa própria insignificância poderíamos mudar tudo de errado que está acontecendo, tudo de triste que aumenta cada vez mais. Dar um fim ao que não pode mais ser.
Estou indo embora, estou indo pra bem longe desse inferno. Não tentem me parar pois o que sinto agora é diferente de tudo que já quis um dia sentir. Não agüento mais tudo isso e vocês também deveriam discordar dessas ordens sem fundamento. Vamos formar um novo exército pra combater o que não deveria existir. Mas com novas armas, por favor.
Fuzis ao chão, flores na mão.
P.V. 10:33 22/09/08

Perfeição perdida

É perdido no meio de tanta beleza que o homem costuma ficar, parado no meio de tanto movimento, sem saber o que fazer, só por ser de sua própria natureza o fato de ser bobo, ser inoperante quando a perfeição lhe atinge e, acreditem, isso sempre acontece um dia, por mais que demore. A marca simples e clara de que algo de estranho está acontecendo é o novo brilho nos olhos que nos acomete, sempre que, na lembrança, o rosto saudoso aparece. Mas é tudo muito normal se deixarmos o preconceito e o machismo de lado, pois já que as mulheres podem se apaixonar, os homens também têm todo o direito. A diferença é que as meninas costumam se dedicar de corpo e alma mostrando sem pudor pro mundo todo como é grande seu amor pelo outro. Os meninos, ainda que amem bem mais que elas, sentem-se um pouco retraídos em relação aos sentimentos e não se expõem muito por ter medo de sofrer, por um dogma, ou talvez essas coisas históricas e culturais que pregam as mentiras de que o homem tem que ser sempre o maioral e não demonstrar nenhum tipo de afeição exagerada só pra não dar muita moral às mulheres. De certo modo, até que pode ser.
Mas mesmo com todas as idéias, permanecem lá, incontidos por não conseguirem mais sair do buraco em que foram se meter, por não terem forças pra tentar mudar tudo que aconteceu tão de repente e já parece ser tão eterno. É uma situação difícil de se administrar quando muito se pensa nela. Pessoas que não gostam de pensar esse tipo de coisa, levam a vida bem mais facilmente, sem analisar nada do que vem acontecendo, só driblando os previsíveis problemas e aproveitando todas as alegrias que um amor correspondido pode trazer.
Porém, não é de amor que estou falando, explicitamente. Tô dizendo da beleza, da perfeição, do detalhe que tira a atenção. Não sei qual o problema, ou qual a solução em casos desse tipo. Devo estar mesmo ficando um pouco desorientado. Mas vou tentar continuar seguindo no foco, pois a intenção deve sempre ser conservada, chegar aos fins com as idéias do começo, justamente como numa relação a dois, ou mais.
São pensamentos, pois tudo que se passa na nossa cabeça um dia há de se tornar realidade, quer queira ou não. Por mais que tentemos, iremos desembocar na mesma saída, no mesmo rio que corre pra algo maior, o rio que corre pro mar, nosso pensamento que corre pra realização das idéias. E uma imagem, mesmo que não signifique um desejo, pode exprimir o sentimento, pode trazer à tona uma realidade oculta, um pensamento que povoou a mente em dado momento, e naquele instante não significou nada, mas agora, passado algum tempo, tem total importância, quem sabe até mesmo identidade própria, uma ideologia que faz seguidores.
Não sei, de fato, qual a verdade a ser seguida. Quando olho pra algo, vejo com os olhos artificiais, em primeiro lugar. Não sei se o caráter da pessoa é bom ou ruim a encarando nos olhos, pois o mundo está cheio de pessoas mentirosas. Mas sei identificar sentimentos verdadeiros, coisas que não se vê, coisas que se sente. Sei que são poucos os casos de pessoas que são assim, únicas em seu intento de só fazer o bem, de querer o bem, de amar incondicionalmente e serem lindas, tanto por dentro quanto por fora. E toda essa perfeição exagerada só traz mais força pra dizer tudo que quero, tudo que só faz explodir em mim implorando pra que seja dito, não agüentando mais continuar preso, lacrado em lugar que não pertence.
Tenho que seguir sempre assim, no meu caminho, procurando esse “nãoseioquê” que só quem me ama pode oferecer, por mais que seja tão fácil de se achar, por mais que se destaque, por mais que isso esteja no meio de coisas que me interessem ainda mais. É o que eu tenho que ter, é o que eu preciso, toda essa perfeição há de ser minha e não descansarei até chegar lá, por mais que seja algo colorido no meio do preto e branco.
P.V. 10:05 22/09/08

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Uma coisa muito legal

Tô preso aqui dentro desse casulo de tecido que foi formado pra esconder o amor vira-lata que caiu sobre nós. Mas aqui está muito bom e não quero ir lá pra fora pois o frio é grande e o vento rasga ao meio qualquer intenção de aumentar a temperatura. É, de fato, a melhor opção continuar aqui dentro. Somente a cabeça pensante como a dela que poderia chegar a essa conclusão tão inteligente, uma idéia tão boa; tanto quanto ela. Mas vou ficando por aqui e não vejo o que acontece lá fora. Eu sei que a noite já chegou mas estamos em lugar bem iluminado, luzes repletas de vida a fazer transparente tudo que quero esconder. Mas aqui é escuro, mesmo com os olhos abertos não vejo nada. Estou cego num mundo que só tem tato para ser usado. Não quero falar, não quero ouvir, não quero cheirar. Só quero sentir.
Sentir um sentimento é coisa bem mais complexa e, sinceramente, não acho que seja um momento de se esforçar para chegar em pensamento assim tão profundo. Só quero deixar o tempo passar,as horas voarem, inventar mentiras em cima de mentiras pra continuar aqui por mais alguns minutos. Um minuto é muita coisa pra quem vive nesse forte de beleza, onde o ar tem que ser dividido pra dois. Nunca fui egoísta, se quiser posso até mesmo respirar por você.
Agora que já estou aqui há algum tempinho, meus olhos começam a se acostumar com o escuro e vejo seu rosto na minha frente. Ahh.. mas já estou te vendo há tanto tempo, vou fechar os olhos de novo e aproveitar o momento com toda a intensidade. Não pense, por favor, que cansei de olhar seu rosto. Pelo contrário, ficaria o resto da minha vida observando toda a beleza que sai de você, porém, nesse momento, admito que prefiro o que ainda não tive a oportunidade de ver. Na verdade, meus olhos sentem inveja das minhas mãos em certas ocasiões.
E o frio continua a crescer a cada segundo morto. Sinto meu corpo esquentar a cada instante que passa. Uma contradição de idéias que traz à tona algo escondido pelo clima gelado que faz lá fora. Por mais que tente, não conseguirá me fazer tremer. Não por essas vias, é claro. Se tremo, é por outro motivo, um que jamais o frio entenderia.
Tenho coisas a dizer, coisas realmente ótimas, mas me perco no meio de tanta informação, no meio de tanta novidade. Aí sempre que isso acontece, eu prefiro não dizer, pois posso ser injusto, posso ser exagerado, posso ficar com saudade. E nada disso é bom. Mas mesmo assim, por incrível que pareça, ainda estou aqui, cercado por todos os lados, em situação da qual não gostaria de sair nunca. Jamais pensei que me sentiria tão bem nesse estado claustrofóbico. Mas cá estou, sem saber o que pensar, e tudo acontecendo ao mesmo tempo, me deixando tão feliz por saber que fiz a escolha certa há tantos meses atrás. Realmente não sei que passa pela minha cabeça nesses momentos. É que fico tão feliz por não ter nada do que reclamar, por estar ali, sem nenhuma intenção de fazer o mal, somente com o amor que brota de todos os lados; lados que estão fechados, diga-se de passagem.
O povo passando nas ruas devia estranhar, mas nem nisso estava pensando. Só a saudade de poder estar junto me fazia o melhor homem do mundo nesse momento, poder estar com quem se ama é uma coisa “muito legal”. Quero ficar sempre assim, quero guardar pra sempre essas histórias que fazem de mim, um alguém melhor, um alguém mais feliz. Quero guardar aquela jaqueta jeans...
P.V. 22:34 19/09/08

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mortes malditas

Poxa, que droga é isso de que eu não estarei presente em cada sorriso que sair de sua boca. Uma verdadeira bosta o fato de que cada palavra que você pronunciar eu não poderei escutar. Cada ação simples que partir do seu corpo será uma imensa tristeza pra mim pois não estarei por perto pra ver. Sou ninguém, longe de você. Um cara que perde toda a segurança estando distante de você, sem poder ter a certeza de que sua alegria será preservada. Sou um nada, meramente incapaz de poder fazer você sorrir por qualquer motivo quando deste mesmo sorriso sua boca precisar, mas minha pessoa estiver inalcançável. Tristeza é o que se abate sobre mim quando penso nisso.
Quando o frio chegar a tocar seus pés e meus braços, tão distantes, sem poder aquecer os braços seus. Frio maldito que não sabe o mal que te faz e nem a raiva que em mim provoca. Minha mão pra segurar a sua, impedir que os tremores tomem conta de você, mas estando longe morro por dentro ao saber que nada posso fazer. Meu reino pra poder ser dono da natureza e não deixar que coisas assim aconteçam perto de você.
Tão cruel quanto o frio é o calor que te faz suar. Escaldante Sol, maldito sortudo que, por estar tão longe de nosso mundo, tem a coragem de mandar seus raios a queimar sua tez alva, linda e delicada. Sei que você gosta desse calor, mas sua inocência de menina não é capaz de ter absoluta certeza sobre seus gostos. Adianto-me e digo que sou eu quem cuidará de você sempre que a incerteza bater à porta. Mas estou longe e continuo morrendo por dentro ao saber que não posso te proteger do Sol. Estaria eu sobre você, evitando sempre que qualquer quentura, por menor que seja, caia sobre sua pele.
E o medo que se deixa levar por seus pensamentos também é cruel com minha mente pois sou eu quem deveria estar do seu lado pra te proteger de todas essas idéias. Aquilo que te faz triste, aquilo que é do passado, mas insiste em querer voltar a atormentar sua cabeça deve ser combatido friamente por mim. Malditos medos que te fazem corar e esconder-se atrás de proteções que podem ser falsas. E onde estou eu? Longe, infelizmente, para tristeza maior de minha própria pessoa. A morte causa necrose aqui dentro. Com punhos e toda a força, combateria tudo e qualquer escuridão que se aproximasse de você, meu amor.
Mas se a dor tomar conta de seu corpo, o que poderia eu fazer? Esse pensamento pode até mesmo machucar mais a mim do que a você. Perco-me em desgraça só de pensar que um suspiro rola de sua boca com uma algia do menor grau que seja. Maldita seja a dor que faz seu sorriso murchar. Morro ainda mais com essas idéias terríveis que vêm a minha mente nesse momento. Eterna luta contra essa dor que usa de perversidades pra se apoderar do seu corpo e só tem a intenção de te fazer ficar esmiudada num canto isolado do resto do mundo-alegria.
Devo parar de pensar em tudo que te faz mal porque não agüento tanto sofrimento precoce por algo que espero que não aconteça. E todas as mortes que se abatem sobre minha pessoa podem somente tirar o intuito de te proteger pois, morto estando, nada poderia fazer...
P.V. 21:46 17/09/08

Em esperando, um dia tudo se dá

Quantas coisas não se pode fazer enquanto aguarda por um contato, não é mesmo? Eu sou um chato de galocha e odeio ficar esperando, muito menos deixar alguém esperar por mim. É chato demais saber que tem uma pessoa dependendo de sua chegada e por mais que se apresse, não conseguirá chegar a tempo. E ainda terá de aturar os esporros pois um atraso é algo que não é bem visto. Então, enfrento as longas e demoradas filas pra tentar ser mais pontual em minhas responsabilidades. Fico lá porque as obrigações sociais são mais fortes que minha vontade de “deixar pra amanhã”. Sinceramente sou praticante oficial de achar que tudo pode ser resolvido depois, num dia seguinte, em uma melhor ocasião, ou quem sabe as coisas tomem atitudes por si mesmas e se resolvam sem minha presença, seria tão bom...
Mas no tempo em que ficamos parados, tudo passa na mente e podemos analisar o povo em volta. Fiquei numa fila esperando quase uma hora essa semana e o quanto as pessoas são estressadas me deixou atém mesmo com medo da vida. Nunca fui assim, nem quero ser. Tenho o senso de saber que todos devem estar cansados depois de um dia inteiro de batalha e ficar ali tanto tempo em pé deve ser mesmo estressante. E ainda tem gente que diz que o povo brasileiro é super tranqüilo em relação às coisas, que sabe muito bem levar tudo na esportiva, que enfrenta as adversidades driblando os problemas como fossem jogadores do que temos de melhor aqui, o futebol. Acho uma mentira sem tamanho. Uma simples fila e todos já estão xingando e prometendo processar meio mundo. Mas acredito que não chegaria a tanto.
E o pior é que resolvem fazer a fila bem em frente a um restaurante que exalava um cheiro tão bom de pizza. Imagina o povo que já tava estressado, talvez se estivessem com fome sofreriam ainda mais. Coitados. Um verdadeiro pecado, e isso sim poderia acarretar em processo pois chega a ser uma tortura mental pras pessoas que lá estão. Todos dentro do restaurante, sentados, sem pressa alguma de saborear seus respectivos pedaços de pizza, dos mais variados sabores, tamanhos, preços. Comendo devagar, talvez até tirando onda com os pobres trabalhadores que na fila estão morrendo de fome (não que as pessoas que comem em restaurantes também não sejam trabalhadoras).
Mas eu estava super calmo com toda aquela situação. Indiferente aos xingamentos em minha volta pois sou do bem e não compactuo com tal palavreado, indiferente ao forte odor proveniente da pizzaria ao lado pois já tinha efetuado meu lanchinho da tarde alguns minutos antes. Eu estava lá com meu livro na mão, saboreando as palavras lindas que moram naquele pedaço de papel. Deixando as horas passarem voando enquanto lia freneticamente, brigava com as idéias que estavam escritas com a mesma raiva das pessoas a xingar em minha volta, devorava as páginas do livro com tanta fome e ferocidade quanto os clientes comiam suas massas que trariam diversas doenças cardíacas.
Tô fazendo dieta. Prefiro meu livro light...
P.V. 21:14 17/09/08

só uma vontade

Hoje eu quero sair só.
Não que seja uma vontade única de se libertar de qualquer coisa a me prender, mas sinto o desejo de poder andar por aí solto, sem dar explicação pra onde, com quem vou, se volto ou não. Quero simplesmente sair e ficar no vácuo da inércia que é estar voando por aí sem asas. Quero ter essa capacidade de não dar satisfações pra ninguém por mais que dependa de tudo isso que parece ser ruim. Um dia só. Uma vez só. Vou sair sem destino só pra respirar um ar que desconheço a algum tempo, analisar aqueles cantos escuros e sujos por onde tanto já andei, todo aquele barulho que entra nos meus ouvidos e só me lembram do silêncio que vivo todos os dias. Preciso mudar um pouco o rumo de tudo que vem acontecendo. Não para mostrar que posso fazer, mas sim por uma necessidade absurda que parece gritar dentro de mim. Nunca conheço de fato todas as minhas vontades, jogo com a sorte de tentar adivinho aquilo que quero no momento. Tenho quase certeza do que preciso.
E é sozinho que eu quero ir. Sei que a Lua também me chama, tenho que ir pra rua. Andar por aí, nesse mar-mundo, cheio de tons escuros pois é à noite que eu quero sair. Andar de dia já não enche mais meus olhos, cansei de toda essa claridade a iluminar meus olhos, fazê-los transparentes a todos que pretendem saber minhas intenções com simples golpes de vista, estou cheio de todo esse Sol queimando as idéias na minha cabeça. Sou da noite, quero sair à noite, quero sair só. Quero correr de noite, sozinho, e parar somente quando não mais agüentar. Então, poderei ter toda a madrugada pela frente pra pensar em tudo que sou obrigado pela minha consciência, essas coisas complicadas que aparecem de vez em quando e não sabemos como lidar. Remédio maravilhoso é sair pela vida sem preocupações, sentir o que te faz bem, a essência de saber digerir todo o mal que está em volta. Abrir a mente pra tudo que é leve, pois o pesado cansa.
Vou sair só por aí. Vou ver se consigo qualquer resultado atrativo com toda essa engenhosa empreitada pelas vielas perigosas da cidade. Nem mesmo o que mata pode me impedir de continuar correndo. Vou atrás do som, atrás do barulho, atrás do povo. Vou pra onde pertenço, no meio de toda essa gente desconhecida com objetivos iguais, todos com as idéias voltadas para a felicidade, todos querendo esquecer os problemas de uma única vez. Talvez nesse ponto, eu fique um pouco de lado, pois problemas não tenho tantos. Tenho sim pensamentos que me dão trabalho de organizar, talvez pela falta de tempo, quem sabe por preguiça, ou seja até mesmo o ambiente que não favorece o crescimento de uma ideologia a ocupar o espaço que anda vazio aqui na minha mente.
É tudo fácil de se resolver. Quero sair só. Hoje eu quero sair só. Preciso também me livrar um pouco desse nó. Afrouxar as cordas, andar sem mãos dadas, correr pra lados opostos. Só hoje. É que eu quero sair só. Me deu essa vontade louca de sair por aí andando, assim prum lado ou pro outro, tanto faz. Correr rápido ou devagar também não faz muita diferença. Só quero sair; e sair só.
Mas não se preocupe. Eu volto já...
P.V. 19:51 17/09/08

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Tô na boa X Elite - parte 1

Por mais que a ciência imagine o contrário, posso ser vários ao mesmo tempo e diversos corpos podem sim, ocupar os mesmos lugares no espaço.
Adoro a noite, sou amante assumido da clareza que somente a Lua consegue jogar aqui embaixo. E é nessa escuridão maravilhosa que a luz vive a sua plenitude pois ela manda em todos que dela dependem. Assim como eu, pois sou nada sem meus olhos. Seria um inútil com ferramentas que não posso usar.
Eis que toda alegria brota do chão quando a sexta feira acaba e o dia raia no sábado de manhã. Eita, que esse sábado promete. É dia de festa, festa é amor. É dia de amar. Amores nas suas mais diversas formas rolam nesse dia. Eu vivo todos eles.
Rio de Janeiro é lugar de felicidade e quando passa das 18:00, corpos esquentam-se com todo o calor da paixão certa que está pra acontecer em instantes. Todos têm a certeza de que a noite entrará pra história só pelo simples fato de envolver música, luz, barulho, bebidas e tudo mais que somente o amor sem vergonha pode nos dar. E vivemos à base desse amor vira-lata, sem causa, sem pudor, perdido nesse matagal de beleza que o mundo traz sempre que tentamos aparar as pontas do que ainda está pra crescer. Aparar a grama do que nos cerca é atitude preventiva pra que dê tudo certo no futuro. Mas isso não vem ao caso. O que tô aqui pra dizer é justamente o contrário, por mais incrível que pareça. Sou sempre assim, contraditório.
A galera se arruma, se enfeita, se embeleza, se perfuma. Pra quê? Pra ter mais chances de ser feliz. De fato, dá certo. Duvido muito que alguma menina queira alguma coisa com quem anda fedorento, feio, mal arrumado e com hálito podre. Até têm algumas loucas, mas não vem ao caso citar nomes.
Eu vivo observando, sou um grande observador do mundo moderno e vejo todos esses jovens que, como eu, vivem à procura de liberdade e de, um dia, poderem contar histórias para seus filhos, talvez netos. É certo que são jovens, desmedidos e até mesmo retardados, porém não poderia nunca criticar algo que eu já fui, ou ainda sou.
Uma festa que marca a história, uma festa que traz o duelo entre duas massas de música, dois estilos distintos que o povo festeiro adora. Na verdade, esse povo gosta de qualquer coisa que seja alta e piscante. E se toca tudo isso misturado no meio de toda aquela gente fervendo e pulando como pulgas a se coçar, a coisa fica doida e tudo parece ser tão ótimo quanto um dia no paraíso.
Eu, vendo todo esse movimento, admito que senti uma ponta de inveja. Claro, sou humano, também tenho meus defeitos, minhas vontades, meus desejos secretos. Queria fazer parte da massa dançante alucinada que parecia crescer desenfreada e se atirava de lados para lados numa sincronia inexistente. Ai, como eu queria estar me mexendo. Mas via tudo aquilo, via calado, via parado, via ouvindo atentamente.
E são coisas engraçadas que esse jovem perturbado fez nesse fatídico dia. Desorientado, talvez mal criado, e até destrambelhado, pra não dizer piores coisas a seu respeito. Mas o defenderei. Sempre defendo esses pobres coitados sem destino, nem rumo. Ninguém gosta de andar sozinho, muito menos ele. Ele que sempre dependeu da gozação de seus amigos pra ser feliz. Não que ele gostasse de toda aquela avacalhação sobre seu ser, por seu formato redondo, por seu cabelo escorrido, por seu andar robótico afeminado, suas idéias estúpidas e frases mal colocadas em situações ainda piores. É que ele só tinha isso na vida e disso que iria viver, pois sem isso nada seria, nada teria. Que vida mais cretina, depender do mal que lhe fazem. Também não poderia colocá-lo como total vítima, sempre devo ficar em cima do muro, ainda que já tenha admitido minha intenção de defender o desgraçado (coisa que até agora, não fiz). Tentava sempre responder à altura, por mais que nunca conseguisse. E o maior número de amigos engolia e abafava suas pretensões tímidas de crescer em algum zoador. A falta de argumentos também era um fator triste em sua trajetória. Nem sei o nome desse cara, mas observo. Sempre observo e vejo muita coisa em pouco tempo, em muita análise.
Ele e seu bonde chegaram, enfim, na tão esperada festa. Show marcado, o Sol ainda era dono do dia quando os burburinhos começavam a se formar do lado de fora do privilegiado espaço que é a melhor casa de eventos de Campo Grande. Todos os vendedores alucinados por vender seus produtos alcoólicos maravilhosos pelos preços mais ordinários possíveis. Quatro latões de cerveja por 5 reais. O homem que faz isso deveria virar santo, ter seu espaço no céu garantido para toda a eternidade.
O bonde todo, somente homens (o que já discordo) resolveram se embebedar. Nada mais correto. Latas e mais latas das cervejas mais vagabundas, aquelas que mais baratas são. Os que querem ter seu dinheiro encerrado mais rápido compram Ices pra mostrar pras meninas que são playboys (o que dá certo em 97% das tentativas). Playboys da favela, pobres, mas têm orkut, jovens que não tiveram oportunidade na vida e enxergam somente um futuro que é o dia de amanhã, como irão acordar, o que irão tomar pra curar a ressaca. Jovens muito mais felizes que os playboys de fato. Nosso amigo problemático, idiota toda vida, como era de se esperar, não sabe beber. Acha que o álcool foi feito pra matar sede e bebe até sarar sua mazela. Coitado, já não sabe mais o que vê. Mas isso não é motivo de tristeza, pelo contrário. Quanto mais tontos ficamos, melhor pra acompanhar o ritmo alucinante dos funks cada vez mais cretinos e sujos, esses que adoramos.
Sua primeira discórdia social do dia. Desorientado pelos litros de cerveja ingeridos, o Fulano foi comprar o famoso melzinho, aquele líquido bonitinho e colorido quem vem naqueles canudinhos de plásticos super longos. Um melzinho pra coroar o dia. Um melzinho que faz um zangão sorrir. Um melzinho que leve a alegria pra toda a colméia a cercá-lo. E o moço, gentil, vendeu-lhe o melzinho. Em suas mãos, um erro, o melzinho deveria ser inofensivo. Mas ao jogar o melzinho pro alto pra começar a ação de chupar seu interior, não percebeu que à noroeste vinha uma cabrocha loira e magra a sorrir loucamente depois de ter beijado algum gatinho sem conteúdo. Pobre menina. Teve seu olho perfurado pela ponta fina e terrível do melzinho que nesse momento era jogado pro alto, mas sem contar com uma brisa infernal de leste a oeste que deslocou o artefato para a vista ainda jovem da garota. Uma dor. Um grito. Um xingamento:
__ Filho-da-puta!!! Você é cego??
E se foi, do mesmo jeito que chegou, mas dessa vez já não mais ria. Ia xingando e chutando o chão com raiva, amaldiçoando o dia de nosso amigo por ter acertado em cheio seu olho esquerdo. Sem ação, Fulano ficou parado vendo a cena que acontecia por sua culpa. Seus amigos já estavam até mesmo estranhando a demora por algum caso como esse e não perdoaram o pobre sujeito. A zoação foi total. Os gritos eram altos, pareciam animais em cima de uma presa indefesa a se curvar cada vez mais para baixo como procurando ajuda no chão. Depois de alguns minutos, nova ordem estabelecida.

Tô na boa X Elite - parte 2

O Sol, depois de mais um dia de grande batalha e brilho intenso já ia se despedindo e era momento de trocar o turno com a Mãe Lua, dona da noite. Era hora também de adentrar no recinto mais belo e esperado dos últimos tempos. Todo o barulho que se ouvia lá de fora já fazia o coração tremer de alegria nas filas enormes que se formavam pra que nada de ruim entrasse na festa do amor. Todos devem ser revistados. É a segurança necessária que faz da festa, um local de felicidade somente.
Um pé dentro. Nossa, que tremor maravilhoso, sensação de missão cumprida, o momento em que o segurança rasga aquele convite que vinha sendo tratado como um filho durante semanas é realmente inesquecível. É a alegria proporcional e inversa de um parto. No parto, seu filho nasce. Na festa, seu filho morre pra você ser feliz. Que o filho vá com Deus porque hoje a noite é nossa. Corremos até onde conseguimos. Logo a multidão impede nosso avanço e temos que nos conter com passos curtos e bem medidos pra que nenhuma briga aconteça desnecessariamente.
Vale a pena pular todas as histórias felizes de conquistas que os jovens tiveram sucesso com o passar das horas. Mas estamos dissertando sobre Fulano, que não sei o nome, e ele que é nosso protagonista. Nosso personagem principal. O rei da noite. O detentor do sagrado sentimento de brabeza. A vacilação do começo já foi esquecida e todos estão entregues à mais pura loucura momentânea que só um evento desse porte poderia proporcionar. Estão Na Boa. São a Elite.
Logo, mais uma desventura com nosso infeliz se dá. Sei que parece uma perseguição, mas é o que vem acontecendo e fatos assim devem sempre ser narrados pra que não se esqueçam com o fluir do rio-tempo. Depois de muitas tentativas sem sucesso de se enrabichar com uma guria qualquer, por mais feia que fosse, chegou a beirar a loucura, pois via seus companheiros sendo felizes e ele lá, sem ter uma mera boca pra beijar. É realmente uma tristeza, mas ele não desistirá. Fulano nunca desiste. Resolve bolar um novo método de conquista. Até então, vinha usando a tática de bonzinho, aquele que tenta chegar pra conversar, mas por sua gagueira, as meninas saíam de sua frente por não conseguir entender a mensagem que tentava passar, ou talvez fosse o forte cheiro do álcool misturado com o estranhíssimo cachorro quente que havia comido há algumas horas. Já não sabia mais o que fazer. Pensou. Pensou durante alguns minutos enquanto todo aquele som fervoroso tomava conta do ambiente. “Bota uma roupa”, “Pega as novinhas”, “Vem sentando”, “Solta essa porra”. Realmente não são músicas que inspirem pensamentos muito úteis.
Teve uma idéia. A próxima vítima não escaparia dele. Roubaria um beijo, assim conseguiria alguma coisa, tinha certeza. O bonde havia cercado algumas meninas pra dar o bote certeiro no momento propício. Fulano ao ver a cena, aproveitou a oportunidade. Mirou a mais feia pra que tivesse mais chances e foi olhando o horizonte, querendo alcançar seu objetivo. Nesse intervalo de tempo, desde que ele saiu da inércia e partiu rumo à segunda discórdia, muitos pensamentos passaram pela sua mente. Pode parecer estranho, mas a filosofia também habita nessas pessoas. Talvez, preso em todo aquele redemoinho de idéias estanhas, não viu que o solo apresentava irregularidades e ao topar com uma pedra que descansava no chão, foi atirado pra frente numa violência descomunal. Já tinha andado 7 passos e a menina estavam bem ao seu alcance quando tropeçou. Sua boca já estava até mesmo com a forma de um formidável biquinho pra atingir a boca da outra. Mas ao tomar o susto com o tropeço, criou-se uma careta feia em seu rosto, algo parecido com um nojo e foi dessa maneira na direção da menina, tentando, inutilmente, segurar-se em algo. Não deu outra. Foi na boca da menina. A beijou. Mas beijou com os dentes de fora, com os dentes pontiagudos que Deus lhe deu ao nascer, com os ferros do seu aparelho dentário que sua mãe lhe deu ao fazer 16 anos. A boca da garota começou a sangrar. Um grito. Uma dor. Um xingamento:
__ Seu catiço!! Olha só o que você fez com a minha boca!!
E a menina saiu correndo desesperada pelo meio das pessoas procurando algum banheiro ou coisa parecida. Estupefatos com a situação, os amigos ficaram ali sem fala, sem ação, acompanhando com a vista até onde conseguiam ver a garota correndo e atropelando os que estavam na sua frente. Quando a perderam de vista, voltaram suas atenções para Fulano que recompunha-se do baque de ter feito outra besteira. Passada a seriedade inicial, deram início ao fuzilamento de expressões lindas e maravilhosas pra cima do nosso anti-herói. Coitado dele. Não precisavam chamá-lo de assassino. Não precisavam dizer que ele estava treinando um novo golpe pra sua luta especial de vale-tudo onde é necessário morder a boca do oponente. Não precisavam também dizer que sua mãe estava passando necessidades financeiras e a fome era tanta que ele não resistiu à carne suculenta da boca da menina. Cruéis. Homens cruéis...

Tô na boa X Elite - parte 3

São todos uns gozadores, na verdade. Não têm a intenção ou sequer sabem que agindo assim poderiam fragilizar ainda mais a cabeça de Fulano. Mas continuam sempre com suas brincadeiras que deixam encabulado o nosso protagonista que já não sabe mais o que fazer. Depois de mais um fracasso na noite, encontra-se desolado, jogado ao léu, num silêncio terrível que somente seus ouvidos conseguem captar. Andando, seguindo os passos felizes de seu bonde superior sente-de submisso a algo que ainda não conseguiu, uma alegria que ainda não obteve. E sente inveja, sente raiva. Mas não quer sentir nada disso porque ele é do bem e pessoas do bem não têm sentimentos ruins. Por mais que ele seja idiota o suficiente pra não ter consciência disso.
Continuaram na saga atrás de prazer carnal. Pois é somente isso que interessa na mente desses jovens de hoje em dia. E todos estavam representando muito bem o papel de brabos. Ainda que na minha singela concepção, ache que o rei da noite era Fulaninho, o que mais se esforçava pra conseguir seu êxito. Ainda tentava, sempre tentava, nunca conseguia.
Foi então que a terceira e maior discórdia do dia se deu. Pavorosos, os rapazes não sabiam o que dizer naquele momento que ficou gravado para todo o sempre no entardecer eterno de cada coração. No vermelho vivo do crepúsculo que leva o dia embora, no escuro negro e valente da noite que esconde tudo que se via, em todos os momentos esse fato será lembrado. Épico, um fato épico. Vergonhoso, porém épico.
Na escuridão da tenda Trance, no meio de todo aquele barulho infernal e as luzes incessantes que não paravam de piscar, meus olhos deflagraram o que ninguém esperava. Culpa, nessa vida ninguém tem. Desejos, talvez sim. Mas o que aconteceu ali naquele instante é inexplicável, surreal, fora dos padrões sociais aceitáveis em uma sociedade que se preze.
Todos dançando no som da música eletrônica que deixa qualquer um em êxtase. Como a onda já citada, um vai e vem sem fim toma conta do ambiente, o bonde sempre junto, andando como fosse dominar tudo que vissem pela frente. Os caras, sempre brabos, agarrando as meninas e beijando bocas e mais bocas, alucinadamente numa vontade que parecia nunca acabar. A quantidade era importante naquela hora, só a quantidade. E Fulano em seu zero eterno, cabisbaixo, já não tinha quase mais nenhuma força pra se reerguer contra o império do mal que se formava em sua volta. Foi andando. Guerreiro, levantou a vista, mirou o horizonte. Encheu-se de ânimo por dentro com o tambor digital que fazia acelerar seu coração. Tomou coragem, parecia o líder nesse momento. Algo tinha se apoderado do corpo de nosso amigo mas não sabia o que era exatamente. Foi rumo à felicidade. O escuro do recinto era total. Só viam-se os raios verdes, amarelos e vermelhos do Laser que pareciam cortar o ar a todo instante. Fulano era todo confiança. Tinha certeza que agora conseguiria ser feliz. Iria apagar completamente todo o desastre que vinha acontecendo até então com uma simples atitude, um beijo o faria esquecer todo o mal que lhe abatera.
Sentiu tocar no seu ombro uma mão, leve, carinhosa, como estivesse o chamando. Um arrepio correu-lhe pelo corpo inteiro e, com o instinto, virou-se. Um vulto de costas com uma bela cabeleira castanha estava ali andando para o longe. Pensou que não poderia perder essa oportunidade. Enfim, alguém havia lhe visto, reparado nele, talvez até mesmo o compreendido. Com um simples toque de mão no seu ombro pôde sentir tudo isso. Pôs-se a ir atrás de sua musa. Rapidamente a alcançou. Não queria perder tempo, sabia que dessa vez conseguiria. Teve medo pois toda aquela escuridão poderia esconder mais uma pedra nos seus pés a fazê-lo tropeçar de novo, porém conseguiu chegar com cuidado. Só via os raios de luz a cortar seus olhos fazendo brilhar o cabelo longo e castanho escuro que estava na sua frente. Deixou-se embalar pelo aconchego da falta de luz, encostou a mão na cintura de sua desejada, foi recebido com uma leve movimentação que o fez acreditar que dessa vez, sua presa não fugiria. Não pensou duas vezes e girou seu corpo dando-lhe um beijo na boca sem nem mesmo dar chance de a menina poder falar algo.

Tô na boa X Elite - parte 4

Felicidade. Sentiu todo o fervor de uma boca colada na sua. A batalha que finalmente chegava ao fim com o sucesso obtido depois de muitas tentativas infelizes. A retribuição do beijo era algo inesperado, mas que fazia dele o homem mais completo de toda aquela festa. Enfim, Fulano conseguia beijar na boca e era uma boca realmente deliciosa, segundo seus pensamentos. Durante os movimentos que se davam no desenrolar do beijo, Fulano sentia algo o espetar nos lábios. Deveria ser um aparelho, assim como o seu. As meninas dessa idade, principalmente as que freqüentam esse tipo de festa, costumam usar aparelho nos dentes, o que não diminui nem um pouco a sua beleza. Continuou beijando. Com a mão deslizando pelas costas, viu que ela era magrinha, uma novinha magrinha, tudo que ele pediu a Deus. Sentiu também que usava uma calça jeans que, com um pouco mais de liberdade, passava a mão sorrateiramente pelo bumbum levemente empinado. Imaginou que ela devia estar com um celular no bolso da frente pois a cada beijo mais forte e amassos mais intensos sentia algo a lhe apertar a virilha. Estava gostando, foi apertando ainda mais. A menina tinha realmente uma pegada bem forte pois lhe abraçava com uma força além do normal. Imaginou que ela deveria estar com tanta vontade quanto ele. Cada pensamento lhe deixava mais feliz por sua conquista maravilhosa. Talvez fosse a melhor da noite, de todos os seus amigos. Passou pela sua cabeça que eles morreriam de inveja.
Quando, de repente, na surdina do som que gritava loucamente nas caixas enormes, deu-se um estapafúrdio espanto geral da nação que tanto amava e odiava nosso amigo Fulano. Eu via tudo. Eu via os queixos caídos ao seu redor. Eu via que tudo aquilo estava prestes a desmoronar como caem cidades, como caem impérios depois de reinar soberanos por mais que durem séculos. Previa tristezas. Previa o pior. Nenhuma dor. Vários gritos. Alguns xingamentos:
__ Puta que pariu. Caralho!! Tá beijando um viadooo!
Doeu até mesmo em mim quando Fulano ouviu aquilo e afastou seu corpo de leve, somente a ponto de que pudesse visualizar rapidamente sobre os raios de laser verdes que vinham sem direção. Olhou e viu o que não queria ver. Viu um rosto fino, afeminado, com longa cabeleira castanha escura, olhos fundos, sobrancelhas grossas, boca fina e aquilo que ele julgava ser o aparelho nos dentes a espetar-lhe a face era um bigodinho sem vergonha que se escondia por debaixo de um nariz pontudo. Teve nojo ao encarar aquele homossexual magro que estava de pé na sua frente ainda com os olhos fechados tendo mil fantasias depois de um beijo tão apaixonado. Lembrou-se, então, de algo ainda mais terrível. O pensamento de um celular no bolso da frente da calça da “menina” caiu por terra quando, ao olhar pra baixo, viu o que não queria ver. Certas coisas não precisam ser ditas por isso farei o favor de não citar essa parte.
Toda a gozação, agora ainda mais escandalosa que antes, assustou o pobre viadinho que saiu correndo como uma gazela foge de leões famintos. Fulano, ao observar aquele pandemônio que se formou em sua volta, todos o cercando e dizendo obscenidades terríveis sobre sua pessoa, teve vontade de morrer. Uma tristeza profunda abateu-se sobre ele, algo realmente ruim. Era um verdadeiro azarado. Quando teve a certeza de ter encontrado o amor certo, foi vítima de uma horrível cilada do destino. Pobre Fulano. Estava agora sentado nas raízes de uma velha árvore que era única em todo aquele lugar. Ali, abatido fatalmente, pensava em tudo que havia acontecido. Fraco, deixou correr pelo seu rosto uma lágrima. Uma lágrima órfã. Somente uma... Depois dessa dramática cena, levantou-se como tivesse lavado sua alma de guerreiro, prometeu que jamais abaixaria a cabeça novamente, nunca mais derramaria água dos olhos e seguiu rumo a sua interminável aventura. Estava determinado. Iria rumo à vitória. Ao começar a andar, tropeçou nas mesmas raízes em que estava sentado e resolveu tomar mais cuidado quando estivesse caminhando...
Perdi sua figura indo ao longe. Estava tarde pra mim, tinha que ir embora. Foi tudo o que consegui captar dessa noite maravilhosa que aconteceu no último sábado. Um belo sábado. A gente sempre espera alguma coisas desses sábados.
P.V. 14:21 12/09/08

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

aluga-se um coração

“Aluga-se um coração,
acho que é a solução,
tanto tempo sem ninguém,
não quero mais isso não..”
Já comentei sobre a comercialização do amor e com o passar desse pouco tempo (acreditem!!!) tenho mais o que falar sobre o capitalismo abusivo dos casos amorosos. Claro que tudo isso continua a crescer ainda mais rapidamente, é a expansão territorial abrangendo mais caixas torácicas que antes. Banalizar o amor é compará-lo ao dinheiro. Sei que todos são inteligentes e entendem (ou se esforçam para tal) minhas ironias, hipérboles, eufemismos e todas as outras figuras de linguagem que divertem a linha do meu pensamento.
Vou te oferecer meu coração e vai abaixo o contrato a ser assinado:
“Venho por meio desta, tornar público o interesse em negociar uma parte vital de meu corpo, em sua forma sentimental/abstrata, almejando, assim, a continuidade de minha própria vida. Fato concreto é esse de que não poderia viver e agüentar sozinho a barra de cuidar de meu coração, por esse mesmo motivo, proponho esse singelo oferecimento. Vale lembrar que ele se encontra em bom estado, após alguns tombos em sua curta vida. Já foi flechado algumas vezes, é verdade, mas nada que alguns curativos não curem. Curativos estes que também poderiam resolver todas as mazelas que se abateram sobre ele nos últimos tempos. Forte, agüenta os trancos, agüenta cargas pesadas. Por incrível que pareça, já bateu várias vezes, umas mais intensas que outras, e ainda continua batendo, porém a perfeição de sua forma continua igual. Dezenove anos de uso regular e consciente, sempre amando com moderação. Promessa de trazer alegria a sua vida de forma extraordinária, um verdadeiro multiuso em todas as áreas que se possa conhecer. Um utilitário que já saiu de fabricação e pode ser, quem sabe, o último dos que restaram soltos por aí. Por essa mesma razão que a oferta é tão especial. Se fosse você, não perderia essa chance única. Corra e aproveite a liquidação maluca que ofereço aqui. O patrão ficou doido! Beije-me, adore-me, não faça o que eu mandar, seja sempre linda e bela, discorde de mim quando estiver errado, ouça meus conselhos, ria das minhas piadas sem-graça, ame, sempre ame com total sinceridade e serei todo seu. Só aceito pagamento parcelado em milhões de vezes até que morramos felizes, abraçados, rindo de nada, beijando com a mesma vontade. Peço pouco pra dar muito. Oferta imperdível!”
P.V. 19:59 10/09/08

A capitã

Reflexões de um mundo infantil, ordinário e triste que me fizeram pensar muito. É só a literatura desmedida de limites que me deixa assim, sem rumo, sem chão, otimista quanto à algo melhor um dia. Mas nem tudo são caixões e vamos sempre olhar pra frente, lá onde está a luz que vai iluminar qualquer canto negro.
Dora morreu. Mas antes de morrer se entregou à Pedro Bala. Fez-se mulher com Pedro Bala. Horas depois, seu corpo não resistiu e ela se foi rumo à terra sem fim de Yemanjá, nos mares azuis da Bahia.
Vejo-me chocado diante de todo esse amor incondicional que faz de mim um nada perante a monstruosidade desses praticantes desconhecidos e ignorantes que, por mais que não saibam o que estão fazendo, tornam-se épicos em sua realidade fantasiosa. Quanto amor é necessário para dizer o que se pensa, voar sem asas num infinito de contrariedades? Mas é justamente isso que tô tentando dizer, voar sem asas, correr sem pernas, agir quando se menos espera e mesmo assim, nunca pronunciar a palavra amor. Esses que desconhecem o amor são os que mais amam, são os que mais me emocionam com suas atitudes, são os que não existem, são os personagens de livros que me inspiram tanto quanto um beijo que recebo. E ingênuo sou eu, de achar que poderia um dia chegar a qualquer nível como esse. Ai que eu queria... bem que eu queria. Juro que queria. Mas esforço-me e sei que nunca é suficiente, então caio na minha própria lógica de não me decepcionar com meus defeitos. Sou assim e assim sempre serei.
Dora morreu. Simplesmente por amar demais Pedro Bala, a menina se entregou à paixão e seu corpo não resistiu. Talvez vivesse, talvez não. Sua opção foi tomada com o coração, atitude isenta de razão.
Tudo que acontece tem um motivo e nada do que está por acontecer já foi, necessariamente, escrito. Estamos aqui justamente para mudar o que pretende ser feito porque só assim que a vida terá a magia de se transformar a cada instante. Claro que nem todos são obrigados a copiarem ações ou, até mesmo, obrigados a inspirar-se em atitudes tomadas que sejam por demais insensatas. Só ratifico o que digo pra ser sincero e explanar todo o meu contentamento com isso que acontece e a esperança sempre elevada de algo melhor num futuro. Não é de paz que estou falando, nem das condições de saúde do povo ou melhores salários. Digo do amor que pode mudar mentes, burlar dogmas, sancionar pedidos, gemer de felicidade, fazer brotar o prazer de viver na mais pura liberdade do Sol, a liberdade do que é claro, a liberdade que tanto queremos. Tudo nasce do vermelho vivo do sangue que pulsa aqui no coração. Tudo morre quando se faz o que não se sente. Tudo perde a cor, um imenso cinza a rodear seus pensamentos quando não toma a atitude correta.
“O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima.”
P.V. 19:40 10/09/08

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

minha garganta também ama

Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda, é apenas o meu jeito de viver o que é amar. São as palavras que saltam da minha boca e não deixam fingir o que sinto por dentro, tudo que tento de formas mil dizer, mas não consigo sempre que elaboro um pensamento, que decoro o que quero dizer, que faço questão de expor alguma coisa que já aperta meu peito. É na explosão da sinceridade que tudo flui e a verdade mais pura solta-se do medo inquieto de esperar por respostas ou atitudes. Nada de faísca a botar tudo em risco, somente o fogo de todo esse barulho que anda eclodindo que pode ensurdecer nosso coração. Amantes surdos são mais felizes, não perdem tempo falando.
Gaguejar é normal em pessoas que têm muito conhecimento por dentro, pessoas que raciocinam tão rápido que as palavras atropelam-se e nem tanto, nem tão pouco se entende. Justamente por isso que prefiro escrever do que viver gritando tudo que tenho que dizer. Pois como já disse, se começar a falar, será de incrível dramaticidade, tanta que o amor vai magnetizar em mim como ímãs malditos a colarem-se nos metais, a paixão alheia grudada em meu ser. Se eu pretendo viver para amar, eu abro a boca pra dizer o que sinto, e sempre que isso acontece, problemas realmente grandes desenrolam-se em minha volta... Estou evitando a fala pra evitar os problemas.
Nem que seja assim uma coisa tão louca que faça toda essa barbaridade de exageros que eu digo. É que sempre que tenho um desses pensamentos, como fosse uma premonição, de fato acontece e depois fico pensando que eu sabia mesmo o que aconteceria e não fiz nada pra evitar por não acreditar na minha cabeça. Tem coisas que não dá pra entender, e só com o tempo que a gente descobre que sabe fazer. Mas todos os meus exageros sempre acontecem, por mais que certas vezes não fique explícito para o público. Tenho algumas idéias na mente agora e tenho certeza que vão acontecer. Certeza tão grande como também sei que jamais poderei comprovar esses fatos devidos a todas as circunstâncias que envolvem os envolvidos. Coisa boba.
Mas é tudo do amor, tudo que respiro é isso. Cada coisa que vou dizer tem escondido por baixo um sentimento por nascer, ou quem sabe já crescido. Sei também que tudo vem do bem e por isso que gosto das pessoas e faço questão de gostar ainda mais. Todas as derivações tem chances de saírem de forma errada, mas a gente tá aqui é pra consertar o mal. Vou continuar sempre abrindo minha boca e cantando o bem que faz dizer o que se pensa, acreditar no que se pensa, fazer o que se pensa. E que não me julguem por ser assim, pois seria muito bom se todo mundo fosse igual a mim. Um mundo de reflexos a me olharem na casa dos espelhos desse parque de diversões que a gente vive.
P.V. 11:33 08/09/08

doença incurável

É um momento como qualquer outro desses que eu já passei na vida longa que ficou pra trás, marcada na memória de quem se lembra. Poderia ser que tudo fosse igual, poderia ser que tudo demonstrasse o mesmo otimismo, até mesmo as mesmas vontades, mas sinceramente, não foi assim que sucedeu. Claro que existem coisas e coisas, tempos e tempos, mas o mais óbvio e esperado é que fosse no mesmo nível, quem sabe pior... quando a gente experimenta uma alegria acredita que jamais irá viver algo comparável. Pensamento pobre esse, de gente que não sabe o que espera pela frente. Sou um desses, admito.
Momento bonito e realmente inesquecível que promete, talvez, ser até mesmo um divisor de águas. Pois na vida da gente, acho que existem marcos a serem lembrados e revividos nas horas de tristeza, nas horas em que dá vontade de jogar tudo pro alto, sempre que a saudade de algo morto tenta bater à porta procurando vida nova. Mas sempre tive memória curta e esse é um problema que enfrento há muito tempo. Vou vivendo e consertando cada um dos meus defeitos pra conseguir o melhor possível.
Mas é que eu tô apaixonado.
Apaixonados não tem muito o que dizer, ou tem demais a dizer e, como eu, acabam se perdendo no meio dessa multidão de palavras. Mas é o único jeito de saber colocar tudo organizado e o mais sincero possível. Se bem que acho que não deva existir coisa mais sincera do que um “eu amo você”, por mais repetitivo que seja.
Tem quem diga que quando se está apaixonado é o estágio que antecede o amor. Porém, eu amo e continuo apaixonado. Isso é estranho, mas eu gosto. Porque a paixão é uma doença, quem está apaixonado está doente. E toda doença precisa de remédios, e continuo na minha diária quimioterapia pelos beijos, abraços, palavras e gestos que fazem de mim a pessoa que sou, que me fazem continuar de pé e levantar feliz todos os dias. Até mesmo meu celular, me dá boas notícias quando acordo e olho pro lado. Vejo coisas que provocam o sorriso bobo no meu rosto. Deve ser amor misturado com a paixão que dão esses sintomas estranhos em mim. Deve ser sintoma de saudade, como diz a música.
A gente fica preso em uma cena única que é muito mais interessante que várias que passam em alta definição, que trazem um som perfeito, que diretores e atores gastam milhões pra fazer, mas não troco a cena de ver os seus olhos fechados imaginando os meus, seus cachos ocultando a imagem que passa ao longe, seu toque que toca em mim como a leveza de plumas, qualquer coisa que seja de você me interessa mais que tudo que acontece lá fora. Tô doente e não quero me curar.
Tô doente por você e continuo, a cada dia que passa, mais dependente dos seus beijos.
P.V. 13:16 07/09/08

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

definindo...

“Amar é afinar o instrumento
de dentro pra fora
de fora pra dentro
a toda hora
a todo momento”

Amar é sentir como um beijo
um simples olhar
o olhar que eu vejo
uma brisa no mar
um belo ensejo

Amar é voar em liberdade
é crescer por dentro
esquecendo a idade
planar com o vento
nessa necessidade

Amar é correr sem destino
largar a razão
crescer um cretino
viver de paixão
paixão de menino

Amar é gritar de pavor
um medo terrível
o medo do amor
um corpo sensível
repleto de dor

P.V. 21:01 05/09/08

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

a periquita

A partir de agora, fiquem sabendo que sou o mais novo crítico musical que a internet conhece, com esse meu conhecimento histórico e evolutivo dos sons pelo tempo consegui toda essa experiência e bagagem que fazem de mim, um verdadeiro Expert na arte da melodia. E, diga-se de passagem, minhas análises são sim, muito pertinentes e procuram alcançar o âmago profundo e meramente literário/poético das letras que formam as mais formidáveis canções já cantadas pelos homens que aqui habitam.
E tudo que toca na rádio e o povo gosta, eu considero música popular brasileira, afinal são músicas feitas em solo nacional que faz o povo cantar, portanto MPBs. Mas estava eu, aqui nessas bandas da rede mundial de computadores a procurar algo interessante pra fazer, além de toda a pornografia que permeia as mentes fracas de quem possui um computador no próprio quarto, quando me deparei com essa linda canção que mostra implicitamente uma paixão ardente, quem sabe até mesmo uma vontade libidinosa da arte do amor. Outros dirão que é simplesmente um querer de voar livre, leve e solta pelos ares na mais linda liberdade que se possa imaginar. A música começa assim:
“Quem vai querer a minha periquita, a minha periquita, a minha periquita
Quem vai querer a minha periquita, a minha periquita, a minha periquita...”

Nota-se nesse refrão maravilhoso que uma nova vertente de música está se formando, essas que vêm diretamente do nordeste de nosso país plural. O forró original quando foi amigado com a música Dance trouxe até nós um eletro-brega que pulsa nas veias de todo carioca. E a letra, super atual, mostra que uma mulher, ansiosa por passar sua ave a outra pessoa, grita aos berros quem é que vai ter a felicidade de cuidar de seu bichinho tão fofinho. E ela repete várias vezes, pois sabe que há tantas pessoas querendo sua periquita, até mesmo quem não a escuta muito bem. Não é sempre que encontramos alguém doando periquitas assim pela rua, por isso mesmo a ênfase de saber quem vai querer.
“Um gatinho pulou no meu quintal, um gato muito lindo querendo namorar
Acho que tá querendo a minha periquita que há muito tempo eu tô doida pra dar...”
Podemos ver nesse momento que um gatinho apressado, não contendo-se de tanta vontade de ter a tal periquita, adentrou no recinto em que se encontrava a mulher e, além de querer a ave, também queria namorar, vejam só. E é fato consumado de que esse mesmo gato é dono de uma beleza incomparável, o que parece pesar em sua balança na escolha de quem conseguirá levar a periquita. A mulher, incontrolável, admite publicamente que está doida para dar sua preciosa periquita e já faz tempo que essa vontade toma conta da mesma e, visto que o tal gato está mesmo querendo a periquita dela, nada mais justo do que fazer jus ao intento e objetivo principal do dia. Dar a bendita periquita.
“Já passou duas semanas e o gato sumiu,
Eu não vi mais esse gato por aqui
E agora o que é que eu faço pra dar minha periquita
que há muito tempo não dá uma voadinha?”

Um momento realmente triste que acomete a pobre mulher que foi, literalmente, abandonada pelo gato lindo, e encontra-se nesse momento em verdadeira lástima por ter sido iludida por aquele cafajeste que prometeu mundos e fundos, que levaria a periquita, que cuidaria da periquita, que daria de comer à periquita. Já foram 14 dias e o gato não aparece, ela não mais viu o gato pelo seu quintal, o que é que ela vai fazer com sua periquita que está louca pra dar uma voadinha? Eu não sei... Admito que estou realmente entristecido pela situação em que se encontra essa sofrida mulher que não pediu nada além de alguém que levasse sua periquita. Ela só queria dar a periquita, nada mais, e agora passa por esse trauma. Fico pensando como será quando for dar a periquita mais uma vez, será que conseguirá? Ou será que esse gato crápula atormentará seus pensamentos para sempre?
Tenho que fé que dará tudo certo.
P.V. 13:34 03/09/09

terça-feira, 2 de setembro de 2008

o teatro da sala de aula

Cega-me esta luz que reluz a piscar violentamente sobre meus virgens olhos. Todo o caminho que minha visão percorre é longo o suficiente para se perder até chegar ao seu destino. Talvez eu devesse urgentemente deixar de sentar na última fila de cadeiras pra absorver melhor o que a professora é paga com o intuito de passar a mim. Daqui até lá perco-me no meio dos meus próprios pensamentos que são articulados em velocidades maiores que do que o tempo que a voz da mestra leva para chegar em meus ouvidos. A vontade é de ir embora, mas estou preso às responsabilidades diárias que escolhi ter.
Vejam como a vida vai e volta e o quão estranho é pensar no momento que as palavras de outra pessoa não param de ecoar na cabeça. Tenho que me vigiar pra não enganar os sentimentos que expresso, misturar a ilusão sempre correta do saber com as instáveis idéias que permeiam meu ser. Menos de meia hora é suficiente pra revogar toda a angústia genérica, talvez falsa e exagerada que vem tomando conta de mim.
Sei que acredito na minha esperteza eterna, mas uma confiança exagerada talvez traga um tombo maior e mais feio. Por isso, coloco na balança esses sentimentos perigosos procurando o fabuloso equilíbrio que conseguiria me trazer a paz tão desejada que faz tocar a vida adiante sem medo dos desafios. Tão queridos desafios que, sem eles, admito que nada seria.
É engraçada essa vida. Um verdadeiro teatro. E a peça que está em cartaz sempre se repete. Começo a escrever numa semana, continuo na seguinte e a voz de outra pessoa ecoa em minha mente do mesmo modo e estou outra vez a evitar que todo esse conhecimento plante sementes dentro de mim. Por quê? Sei lá... vivo de momentos e nesse momento preciso de algo além do que já tenho agora. E isso que acabei de dizer é uma grande mentira pois seria um momento eterno visto que todos os meus dias são assim. Sempre estou a desejar algo que não tenho, algo que preciso, algo que venha a me completar. Sou um grande brinquedo de lego com todas minhas peças jogadas pelo mundo e vou eu, andarilho sem destino, montando meu próprio quebra-cabeças, juntando cada pedaço de mim que se espalha cada vez mais.
Dá trabalho, mas é bom.
P.V. 20:05 02/09/08

em busca da benção

Eu tento sempre passar essa minha imagem de pessoa séria que lida com os problemas atuais e procura uma solução que agrade à maioria da população, quase almejando receber, quem sabe, um prêmio Nobel. Mas é realmente impossível deixar de comentar os fatos maravilhosos que presencio. Também sinto uma ponta de compaixão para com meus personagens que são sofredores pela própria natureza, seres de uma extrema cultura, que por esse mesmo excesso, deixam correr os rios de lirismo pelo corpo. Que continuem assim, sempre.
Vou fazer um empréstimo e comprar uma dessas mini câmeras, convencer algum motorista a deixar que eu instale em sua Van para que não perca as outras inusitadas situações que devem ocorrer a toda hora. Não acredito, sinceramente, que seja somente quando eu estou lá dentro que tudo isso de engraçado vá acontecer. Mas é uma vida feliz demais, essa minha de passageiro, mero cliente do transporte alternativo carioca, tão badalado nesse humilde blog no qual escrevo. Quiçá um dia lançarei um livro, somente com as desventuras que rolam no vai e vem desses magníficos carros.
Voltando da faculdade, após fugir irremediavelmente de uma aula que não me faria nenhum bem com toda certeza, pois aquele professor tem problemas seríssimos, corri em direção da Van que me aguardava no ponto de ônibus. Foi um tédio total, a viagem. Mas como diria o poeta, o jogo só acaba quando termina.
Respeito todas as religiões, por mais que discorde de algumas, inclusive da minha. Acho sim, que são os freqüentadores das Igrejas que a fazem do jeito que ela é. E justamente por isso que estou aqui agora relatando o acontecimento da semana com todo o humor que me foi destinado por Deus num momento de pura maldade ao me fazer. Porque Deus me fez meio bolado... concordam? Pois bem, eu estava sentado no banco da frente, coisa que raramente acontece devido ao meu medo incrível de que uma bala perdida possa me achar, visto que naquele local é bem mais fácil de se morrer. Do meu lado uma mulher, morena, baixa, cabelos ligeiramente ondulados, cachos tão redondos quanto a forma do seu rosto. Uma gordinha agradável de se ver que, nitidamente, jogava-se em cima do motorista, o qual desconheço o nome.
Leonel Brizola, em todo o seu brilhantismo e estrelismo, com a luta por sua causa e a batalha pela educação decente em nosso país, criou os famosos CIEPs, ridiculamente popularizados como Brizolões. Os templos sagrados do ensino, hoje em dia servem para tudo, menos para o que foram inicialmente confeccionados, de bailes funk a bocas de fumo, passando por cultos evangélicos populares. Eu estava na Van e passamos por um CIEP, quando vi um aglomerado de pessoas, centenas de seguidores a admirar algo parecido com um comício, foi minha primeira impressão, até mesmo por essa época de eleições. O motorista diminuiu, praticamente parou o carro e ficou olhando aquela cena por alguns segundos, parecia espantado com o que via, seus olhos brilhavam com o brio de quem estava por um fio de explodir.
De repente, de súbito, um escândalo. Gritou o motorista:
__ Porra! Porra!! Eu não acredito! Ahh.. não pode ser, não pode ser. Que merda. É o pastor Marcos Feliciano. É o pastor Marcos Feliciano. Vai tomar no cú! Porra! Não é possível. Eu tô há dias me preparando pra conseguir ver esse homem, conseguir a benção sagrada dele e ele está aqui hoje e eu tô rodando com a Van. Puta que pariu! Vai tomar no cú. Eu queria tanto receber a benção de Deus pelo pastor Marcos Feliciano!!
Recuperado do susto inicial, do baque das palavras de baixo galão que o querido condutor que, até então, parecia calmo e sensato, pude analisar que a fofinha que alisava seu braço fora jogada, deslocada violentamente para a esquerda, caindo para meu lado, com todo o fervor e raiva embutida no coração daquele homem que ela desejava. O cobrador, vulgo Chacrinha, ao ouvir aquela gritaria, aquela bandalha dentro da Van, entendendo o sentimento de todos os outros passageiros, tomou a palavra para si:
__ Que isso!? Que isso!?? É uma bichona!! Não tô entendendo mais nada... Como é que você começa aí a gritar só por causa de um pastor, rapá? Tá ficando maluco? Nunca viu um homem não? E a menina aí do teu lado, tu não quer nem saber né? Acho que tu não gosta da frutinha não, hein. Tu tá muito estranho, meu amigo, tô te estranhando. Os passageiros aqui até ficaram meio assustados com essa sua atitude de bichona. Que que vão pensar de você, meu véio?
E o motorista, sem ouvir o que dizia o folclórico Chacrinha, pegou o seu celular violentamente e discou, colocou no ouvido e disse:
__ Mãe, chama minha irmã aí.... Sheilinha, é você? Sheilinha, vem aqui pro brizolão, porra. Vem tomar a benção do pastor Marcos Feliciano, minha irmã. Ele tá aqui. Tá bebendo? Porra, bota a cerveja na geladeira e vem receber a benção do homem! (...) Tá bom então, fique com Deus.
Chacrinha continuou com sua avacalhação com o coitado motorista que parecia cada vez mais nervoso com a situação e todo o seu azar em não poder ver o culto do tal pastor. Nesse momento, infelizmente, meu ponto chegou e tive que dar adeus a essa magnífica história de paz e religiosidade que vivenciei bravamente, sendo forte e persistente pra que conseguisse coletar todas as informações necessárias a fim de trazê-las ao meu povo. Dito isto, posso ir em paz.
Fiquem com Deus.
P.V. 19:40 02/09/08

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

deixa o menino viver

“Eu simplesmente não posso mais viver uma mentira
Eu preferiria magoar a mim mesmo
Do que algum dia te fazer chorar.”

É uma confusão de sentimentos que perpassa aqui nesse momento, talvez a raiva ou o medo tenham um maior destaque na exposição gratuita do que ando pensando. Sei que sempre fui assim, por isso mesmo continuo tentando me adequar ao que me é oferecido, mas é difícil segurar o que continua gritando por dentro há tanto tempo. Não poderia simplesmente fechar os olhos para qualquer tipo de situação a fim de me “curar” de um problema (se é que pode ser considerado assim) só pra agradar as pessoas que rodam por aí. Mas é isso mesmo que venho fazendo. Não tem nada a ver com coisas específicas ou dias específicos porque se tomasse por esse lado, minha vida seria uma contínua batalha contra os fatos certos e exatos que são determinados para acontecer.
Fico aqui desabafando comigo mesmo para sarar o que parece não ter mais jeito, quando tudo já é lindo, eu pinto de vermelho pra encher de paixão, acender um fogo que só tem motivos pra crescer. Quando tudo já é belo o suficiente, eu pinto de azul pra refletir a imensidão do céu, pra tornar ainda mais eterno tanto quanto é o firmamento. Quando tudo já é mais que certo, eu pinto de verde pra aumentar a confiança na esperança de poder ser eterno, com o intuito de sempre fazer a coisa correta pra não ter chances de acontecer depois aquela frase terrível de que poderia ter feito isso assim, ou feito aquilo de outra maneira.
Mas mesmo com tudo na mais perfeita ordem, ainda continuo estressante por dentro, chorando de pavor com toda essa bandalheira e desespero desnecessário, coisa absurda que faz de mim um estranho entre todos. Nunca entendi essa coisa de que tudo TEM que ser porque é assim que É. Nossa, não sei se sou eu que nasci com a pretensão de querer mudar o mundo ou se simplesmente tenho o bom senso de saber que certas coisas são ultrapassadas. Também posso estar ficando velho e careta, chato e desorientado com todos os “nenhuns” problemas que se jogam em cima de mim, como se isso fosse algo que me incomodasse tanto.
Devo estar aqui escrevendo mesmo só pra procurar uma desculpa e livrar do mundo a culpa de ser errado. Inocentar quem tem culpa de fato, só por essa minha vontade boba de ser bom sempre. Cada dia que passa eu vejo que ser bom não é bom. Perco-me nesse paradoxo que sei onde vai dar, pois sei que continuarei fazendo o que acho certo, mas a consciência evolui e vejo que sendo um filho-da-puta talvez ganharia mais, me estressaria menos.
Contradizendo as palavras, sempre digo que momentos assim não fazem bem pra ficar escrevendo, mas é só o relato sincero do bagulho sentimental que sou eu, sem discrepância de razão e vontade. Simplesmente sendo o que quero ser, simplesmente mostrando que não tô nem um pouco a fim de continuar a viver como há algum tempo, só gritando ao mundo para me deixar em paz e que tudo seja mais uma vez, a celeste linda colorida bela azul verde vermelha maravilha que andei vivendo...
Beijos...
P.V. 17:46 31/08/08

em busca da musa

Todo gênio precisa de uma musa para lhe inspirar. Tenho essa mania de ter as idéias, com a preguiça do momento, deixar só uma frase pra depois conseguir me lembrar das coisas que eu queria escrever. É sempre assim, pelo menos quase sempre. Aí acontece que quando sento a bunda pra relembrar o que tinha me proposto a fazer, não sai nada daquilo, fico aqui perdido e nem sei porque fui começar a escrever uma frase tão idiota quanto essa primeira do parágrafo.
Tem vezes que bebo e fico imensamente inspirado, deixo aqui quase umas 10 frases. No outro dia, abro o notebook e começo a dar esporro no povo aqui em casa querendo saber quem foi o engraçadinho que mexeu no meu computador e deixou uma porção de frases sem nexo, e com a ortografia nitidamente errada.
Ok... voltando ao gênio e sua musa, lembro-me que isso tem sim um motivo para existir. Sou feliz o suficiente pra ter a alegria de inspiração a cada passo que dou nas ruas, todos esses fatos engraçados que parecem me perseguir até mesmo nos transportes alternativos. Mas nem tudo são flores e certas vezes, vejo que nada do que acontece é tão interessante a ponto de me fazer sentar aqui e explanar as bobeiras que penso. Aí eu caio na armadilha de falar sobre amor. Ahh... o amor.
Pra ser sincero, todo mundo já tá careca de saber que eu não tenho a mínima noção do que seja esse tal de amor que todo mundo fala, que todo mundo grita aos berros pra pessoa iludida a todo momento, um verdadeiro pandemônio amoroso no mundo moderno que parece ser cada vez mais vermelhinho e redondinho com uma pontinha em baixo. Só falta uma flecha fincada na bunda pra ser o retrato perfeito da personificação do coração genérico que inventaram para as meninas poderem decorar os cadernos e as cartinhas de amor.
Talvez por eu não saber o que significa e algumas vezes discordar imparcialmente do amor alheio que fico aqui escrevendo diversas laudas sobre o sentimento bonito que só traz dor. Olha, comecei a falar mal da parada já. É que preciso sempre de algo pra me inspirar pra dissertar sobre o amor, não que um simples beijo na boca vá me fazer ficar mega super hiper louco de vontade de escrever um livro, mas tem certas coisas que batem de frente com a mente de um homem e toda a brabeza cai quando achamos que dessa vez VAI. Mas aí aparece a senadora... (rs)
É que eu sou um gênio e todo gênio precisa de uma musa pra lhe inspirar. Eu preciso de uma. E ela me inspira muito, cada dia que passa fico mais inspirado, é fato que já estive bem mais a fim de escrever sobre ela, sempre que via a Lua ou coisa parecida. Mas esses últimos dias estão com o tempo nublado e com essa chuva torrencial e estressante, fica difícil visualizar mais uma vez o que costumava ver no início. Até mesmo a luz do crepúsculo, tão adorada por mim, recusou-se a dar o ar da graça numa tarde realmente inspiradora. Não sou muito de escrever pro Sol porque o fogo que ele emana não me traz muita alegria ou sequer o calor que ele lança me deixa satisfeito. O Sol deve ser o prazer, a Lua o amor. Não que o prazer não seja poético, mas é algo mais prático. Bem melhor fazer acontecer o prazer do que escrever sobre ele e ficar aqui conjeturando suas possibilidades. Isso daria vontade de fazer outras coisas...
Só ratificando que a minha musa é vital. É vida. É ela. É ar que respiro.
P.V. 18:05 31/08/08