segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mais que um melhor amigo

Tenho uns amores na minha vida, alguns maiores que outros, uns que são praticamente uma dependência pra mim. É bem verdade que seria da maior tristeza, quase que uma inutilidade eu continuar vivo se não tivesse com o que me divertir, essas coisas que dependo. Time, família, namorada (não necessariamente nessa ordem) são exemplos do que me fazem feliz, amores que eu dependo. Mas há cinco anos, fui atrás de algo que me deixaria muito feliz. Tenho um cachorro muito lindo chamado Dark que é meu filho. Minha mãe sempre diz que eu não cuido dele, e vive dizendo que vai dá-lo pra qualquer pessoa que tenha um mínimo de responsabilidade em pelo menos dar um banho por semana nele, ou quem sabe comprar ração. Tá bom que eu sou meio relaxado com essas coisas, mas não significa que eu não o ame, que eu não goste tanto dele, que ele seja uma das razões da minha vida. Quase um caso de amor.
E são verdadeiramente nas horas mais difíceis da nossa relação que fica explícito o quanto nós nos amamos e somos ligados por algo mais forte, coisa que eu não sei o nome. Pode ser porque sempre me chamaram de cachorro (as meninas, especialmente) e talvez, com isso, tenha incorporado um pouco do instinto animal presente nesses caninos tão adoráveis, melhores amigos dos homens, como dizem. Mas não o vejo como um amigo, o vejo como um filho, mais que um irmão. Dividimos nossas tristezas, dividimos nossas alegrias.
Arrepio-me quando lembro daquela final entre Flamengo e Botafogo em que estávamos perdendo de virada por 2 a 1 e eu, já desanimado, saí da sala, fiquei ali na varanda olhando pro Dark enquanto o jogo ia terminando, chegando perigosamente à marca de 40 minutos. Via no semblante do meu filho algo estranho, como se ele me olhasse e dissesse que eu deveria acreditar até o fim, que eu não deveria desistir de apoiar o Flamengo, e que mesmo se não desse daquela vez, na próxima nós levaríamos a melhor. Justamente nesse momento enquanto sentia tudo isso vindo dele, que o Renato Augusto, incrivelmente, acertou um chute de fora da área que surpreendeu o goleiro e entrou no ângulo empatando o jogo e o levando para a disputa de pênaltis, culminando, enfim, na vitória e conseqüente título para o nosso Mengão. Foi tanta alegria na hora do gol que comemoramos juntos, eu gritando, ele latindo. Eu me lembro disso.
Nas vezes em que eu bebia demais também; ficava ali na varanda olhando pro nada infinito, pensando em todas as mazelas que se abatiam sobre minha pessoa. Foi sempre o Dark que esteve do meu lado, mesmo que lambendo meu pé e eu o chutando, era ele que estava lá escutando minhas lamúrias. Eu sempre soube que ele me compreendia, por mais que não conseguisse falar, ou mesmo entender o que eu dizia. Ele se comovia com as histórias tristes que eu dizia, meus desamores, minhas dívidas intermináveis, uivava um uivo triste em meu pesar. Ele se alegrava com minhas histórias mentirosas, minhas grandes conquistas, os fatos inéditos que só eu conseguia realizar, o sucesso que batia à minha porta, latia feliz como um cachorro de rua que descobria mais uma lata de lixo virgem.
Eu também o entendo. Sempre sei o que se passa em sua cabecinha ingênua, sua mente de cachorro. Dark faz parte de um seleto grupo que nunca vou poder esquecer, ele é meu amigo como poucos outros são, aceita meus defeitos com a calma e a compreensão. Não pede nada em troca quando me passa seus conselhos sinceros. Por mais que sejam sempre conselhos iguais... umas vezes eu entendo que devo levantar minha perna e mijar em cima dos problemas, outras vezes entendo que devo latir mais alto pra cima da cachorra que quiser arrumar confusão comigo, quem sabe até mesmo defecar em cima da conta do cartão de crédito quando ela chega, em alguns casos ele me aconselha a correr atrás do carteiro a fim de lhe arrancar um pedaço da perna, só pra manter as aparências. Sei que são do fundo do seu coração todas as atitudes que me passa através de seus gestos simples.
Hoje estou triste pois em um de seus passeios matinais, arrumou uma confusão na rua. Meu Dark não leva desaforo pra casa e ao saber por um gato fofoqueiro que um cachorro sem vergonha, bem maior que ele, estava a dar em cima de sua namoradinha, com a qual já teve 6 filhos lindos, resolveu saber do que se tratava essa história mal lavada e ordinária. Como eu bem o ensinei a ter educação e não se envolver em brigas, ainda mais se for por fêmeas, foi dialogar com o tal grandalhão que é envolvido com uma gangue de maus elementos que dominaram essa área há algum tempo e estão formando uma nova facção de cães que traficam rações sabor Cannabis. Por mais que tentasse conversar, o outro não quis ouvir seus latidos e lhe deu uma surra, que o deixou com um leve machucado no dorso. Maldito cachorro dos infernos sem pai nem mãe que não tem compaixão para com um companheiro da mesma espécie e fica furando o olho assim sem mais nem menos. Meu Dark veio pra casa, escondeu-se em sua casinha pra que eu não visse o machucado e tomasse atitudes drásticas (um ato de caráter dele), com isso o ferimento infeccionou, e hoje tive que comprar remédios pra que ele volte ao normal.
Estou triste, mas sei que ele vai ficar bem, sei que vai dar tudo certo porque ele é forte e nunca me deixou. Não vai ser agora que me deixará. Ainda temos muitos jogos do Flamengo pra assistir, muitas cervejas pra beber juntos, ainda terá muito champanhe pra você lamber do chão nos fins de ano, muitas alegrias pra dividirmos.
Estarei te esperando. Amo tu.
P.V. 12:12 29/09/08

Um comentário:

leilinha disse...

oi meu anjoooooo!!
q lindo o amor q vc sente pelo seu filho,eu sabia q vc tinha coração kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ai vou casar ele com milha filha ok? ja viu como ela é gatinha neh ?!
bjusss