quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Em esperando, um dia tudo se dá

Quantas coisas não se pode fazer enquanto aguarda por um contato, não é mesmo? Eu sou um chato de galocha e odeio ficar esperando, muito menos deixar alguém esperar por mim. É chato demais saber que tem uma pessoa dependendo de sua chegada e por mais que se apresse, não conseguirá chegar a tempo. E ainda terá de aturar os esporros pois um atraso é algo que não é bem visto. Então, enfrento as longas e demoradas filas pra tentar ser mais pontual em minhas responsabilidades. Fico lá porque as obrigações sociais são mais fortes que minha vontade de “deixar pra amanhã”. Sinceramente sou praticante oficial de achar que tudo pode ser resolvido depois, num dia seguinte, em uma melhor ocasião, ou quem sabe as coisas tomem atitudes por si mesmas e se resolvam sem minha presença, seria tão bom...
Mas no tempo em que ficamos parados, tudo passa na mente e podemos analisar o povo em volta. Fiquei numa fila esperando quase uma hora essa semana e o quanto as pessoas são estressadas me deixou atém mesmo com medo da vida. Nunca fui assim, nem quero ser. Tenho o senso de saber que todos devem estar cansados depois de um dia inteiro de batalha e ficar ali tanto tempo em pé deve ser mesmo estressante. E ainda tem gente que diz que o povo brasileiro é super tranqüilo em relação às coisas, que sabe muito bem levar tudo na esportiva, que enfrenta as adversidades driblando os problemas como fossem jogadores do que temos de melhor aqui, o futebol. Acho uma mentira sem tamanho. Uma simples fila e todos já estão xingando e prometendo processar meio mundo. Mas acredito que não chegaria a tanto.
E o pior é que resolvem fazer a fila bem em frente a um restaurante que exalava um cheiro tão bom de pizza. Imagina o povo que já tava estressado, talvez se estivessem com fome sofreriam ainda mais. Coitados. Um verdadeiro pecado, e isso sim poderia acarretar em processo pois chega a ser uma tortura mental pras pessoas que lá estão. Todos dentro do restaurante, sentados, sem pressa alguma de saborear seus respectivos pedaços de pizza, dos mais variados sabores, tamanhos, preços. Comendo devagar, talvez até tirando onda com os pobres trabalhadores que na fila estão morrendo de fome (não que as pessoas que comem em restaurantes também não sejam trabalhadoras).
Mas eu estava super calmo com toda aquela situação. Indiferente aos xingamentos em minha volta pois sou do bem e não compactuo com tal palavreado, indiferente ao forte odor proveniente da pizzaria ao lado pois já tinha efetuado meu lanchinho da tarde alguns minutos antes. Eu estava lá com meu livro na mão, saboreando as palavras lindas que moram naquele pedaço de papel. Deixando as horas passarem voando enquanto lia freneticamente, brigava com as idéias que estavam escritas com a mesma raiva das pessoas a xingar em minha volta, devorava as páginas do livro com tanta fome e ferocidade quanto os clientes comiam suas massas que trariam diversas doenças cardíacas.
Tô fazendo dieta. Prefiro meu livro light...
P.V. 21:14 17/09/08

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