sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Uma história avulsa

Pois foi lá com todo seu entusiasmo.
Diziam dele o que poderiam dizer de qualquer outro jovem sonhador no auge de sua forma psicológica e física; diziam mal.
Nunca lhe entrou por um ouvido e saiu pelo outro aquilo que faziam questão que ele escutasse. Na verdade, absorver o dito era quase que uma religião pro rapaz, uma vez que o nome ecoado na boca alheia faz bem pois mantém acesa a memória de quem busca imortalidade.
Porém, quem mal diz, pode bem querer.
Não deveria ser diferente se não fosse gritado pelas palavras de quem entende do assunto, uma vez que o assunto era a mente feminina. Pressa nenhuma em poder adquirir todo o desejo que lhe passava pelo corpo nas horas vagas em que o rosto de sua princesa lhe vinha à mente, nas horas mortas do dia, ainda no antigo trabalho, antiga escravidão, em que o ócio das tardes cansadas lhe obrigava a rabiscar inúmeros papéis dedicando um amor platônico à dona de um circo do qual ele jamais foi convidado a admirar as peripécias que se desenrolavam por debaixo daquela lona. Onde não há pressa, há calma.
Fosse ou não fosse escrito em uma dessas estrelas que teimam em perpassar o céu pelas noites mais escuras, ou um tipo de palpite do destino deixando a entender que a razão estava do lado mais forte da corda, o rapaz aceitou que seu coração falasse mais alto que todas as outras vontades mundanas características da idade pouca, deixou de lado a maior parte das coisas que mais lhe apetecia por algo tão maior que, tempos depois, viu que, por tão grande ser, não caberia dentro da sua realidade. Atirou-se na piscina, ainda cheia, água cristalina, saciar o calor era o que mais importava e bebia aos goles a felicidade de viver a dois, as palavras que se repetem, caminhar de mãos dadas era mais interessante que correr sozinho... Será?
Já tenho minhas dúvidas hoje em dia... já vou me entregando enquanto indago o narrador, ou o autor, dirão os mais céticos que eu indago ao leitor...
Há momentos em cada vida que passa por esse mundo, e digo isso com autoridade de sabedor, em que a felicidade se mostra de uma tal maneira que cada ação tomada é tida com a maior das certezas que pode haver, cada palavra gemida é dita com a maior convicção que o mundo nos empresta, tudo que acontece, as flores que caem, pétalas perdidas como a outra canção, qualquer elemento que circunda o sentimento tem para si um quê de verdade que vai além do motivo banal de crítica futura e acusação de falsidade. O rapaz viveu esse momento como nunca viverá outra vez quando homem for.Teria para si algumas dezenas de argumentos que provariam o contrário, teria guardadas nos bolsos ou na boca algumas afirmações que doeriam nos ouvidos de quem gosta de mal dizer depois de bem querer, teria e acredito que ainda tem, motivos suficientes pra fazer nascer outros sorrisos tais quais aqueles que viu e se encantou tempos atrás. Ninguém escolhe o futuro, aquilo que será só pode ser se houver oportunidade, ninguém decide o que pode conseguir, aquilo que vier só depende do que está por vir, ninguém manda no meu coração, muito menos eu, pra gritar uma verdade jamais antes dita.
Tinha por lá, assim como tenho por aqui algumas teses a serem abordadas a fim de que se contenha uma explicação no mínimo razoável para que os futuros filhos entendam a métrica da separação e as vontades alheias e conflituosas que chegaram à conclusão da dor necessária. Que lhe deem um banho de culpa. Mas o isentem da falsidade, da mentira, e da rápida desistência.
O brilho primeiro que fez nascer o sentimento mais forte é o mesmo brilho que se vê hoje. As lágrimas que descem fazem seus olhos parecem diamantes brutos, tristes, cansados, mas o brilho de vida é o mesmo do início. Nada pode se comparar a isso, tanto eu sei, quanto sabe o rapaz.
Disse lá uma outra vez, tempos atrás, do medo que passava por aqui conjecturando possibilidades de dor, mas de jeito algum passava pela sua cabeça que a dor lhe atingiria, e sim que apertaria o peito do lado oposto. Razão ainda maior para sentir medo. E certas coisas que são ditas, certas ações que o destino nos dedica a fazer, nos obrigam a querer fazer, são tão duras com as pessoas que amamos que, por um segundo ou outro, pensa-se na possibilidade de estar mesmo tudo na sua certa órbita, se tudo está realmente de acordo com a intenção que foi escolhida, se o mundo, mundo sendo, consegue entender a nossa vontade e o nosso desejo daquele instante que vai se repetindo tantas vezes dentro da cabeça que parece jamais querer sair. Daí surge a dor.
Quem lhe ama, quem tu amas, com o perdão da gramática, percebe o algo diferente, a fraca intenção; o pensamento é a porta de trás do homem, e os olhos estão escancarados deixando os vizinhos verem toda a confusão que acontece nessa casa, antes bendita, agora mal quista.
Ninguém nasceu pra esperar ninguém. As regras ditadas pela vida vão sendo seguidas por quem sabe viver e dobram-se ruas até a morte, mas numa dessas esquinas o passado pode mostrar um velho caminho percorrido com novos passos.
Entrego na mão de quem sabe.
Eu não esqueço de rezar todos os dias pra isso.
P.V. 18:50 30/12/10

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Hipócrita sentimental

''Bom... a letra da música é linda... mas quando der escute-a, ok?
Hoje é o último dia do ano... tudo bem que esse texto já foi rascunhado há algumas semanas, mas num está exatamente igual!rs*
Putz.. mais um ano termina... passa rápido né?
Mas pensa comigo, são 365 dias vividos! Coisa pra caramba, né?
O carinha lá de cima me proporcionou mil formas de viver esse ano... um dos “ocorridos” foi você! rs
Sim! Eu achei que foi muito bom tudo que aconteceu, até terminar com você valeu a pena... não daríamos certo...
Desejo que você seja mais filósofo consigo mesmo, eu admiro tua inteligência mas você deposita todo seu conhecimento num blog e nem cogita a possibilidade de usar para si!
Falamos sobre as mudanças e o sofrimento, mudar é a lei natural da vida e o sofrimento é necessário, o que faz essas duas coisas serem diferentes são a forma com a qual encaramos... não tenha medo de encará-las...
Aiai... esses dias, disse para um amigo que tava todo triste, que o sentimento mais saboroso de viver é a paixão... sim me apaixonei, infelizmente não amei ainda, mas a minha primeira paixão foi muito bacana, embora tenha durado bem pouco!rs*
Você tem sede pela vida e acho muito bonito isso, mas não vá com tanta sede ao pote!
Não vejo motivos para criticar a forma que as pessoas encaram a vida... não critico a sua, só quero que você tenha novos horizontes sempre!
Seja você mesmo, abandone estereótipos preconcebidos, livre-se de preocupações e receios, adoce a boca de quem pronunciar o seu nome; se apaixone, mas não diga um “eu te amo” se não deseja ver lágrimas que não te pertencem caírem!
Enfim... o texto não ficou como desejava que fosse porque já é tarde e eu tô caindo ao teclado de tanto sono... mas quero te desejar tudo de melhor viu? Alcance seus objetivos, você é capaz e sabe disso! Continue a cativar quem passa por você, você tem esse poder!rs*
FELIZ 2009!
Beijos

Adorei o email... O que te mandei num tem nem 1/3 do que eu realmente queria escrever, mas compreenda, já eram quase 4 da manhã!rs* É verdade, você fez parte da minha felicidade... as pessoas não compreendem porque digo que te desejo o melhor bem do mundo e que você encontre uma pessoa bacana e que te complete verdadeiramente... sabe porque elas não compreendem? Porque quem sabe nunca gostaram de verdade... Quando falo de gostar de verdade, eu não falo de sentimentos de namorados, digo de todos eles reunidos... por mais hipócrita que parecesse, sempre disse:"acima de tudo ele é meu amigo"... sim... acima de tudo você foi meu amigo! E você, nos meses que conviveu comigo pôde perceber o quanto uma amizade é importante pra mim...Não... não sou tudo isso que você disse... mas agradeço por cada elogio (massageia o ego...rs*) enfim...como disse uma vez para você num comentário do blog, sou apenas um grãozinho de areia... Sabe como as pérolas mais valiosas se formam? Tudo começa c/ um simples grão de areia... quem sabe um dia eu viro uma pérola, mas para isso preciso aprender muitooooo! Você me fez feliz enquanto estava comigo e sempre falo de você com carinho e ainda brinco dizendo: "meu 1° namoro foi um namoro relâmpagO" Sei que o que mais importa na vida não é o tempo como as coisas duram e sim a intensidade como acontecem! Em tão pouco tempo eu virei outra Sabrina... Aprendi a ler mais, apreciar bons escritores e boas músicas (mais que antes), aprendi a fazer do papel e da caneta meus confidentes, aprendi também a ler blogs e tomar coragem para criar o meu em 2009.! Em um "namoro relâmpago" eu aprendi a ser menos possessiva, afinal não somos donos de ninguém, a gostar, a dar o melhor de nós mesmos... quem sabe eu sempre soube tudo isso, mas aprendi a colocá-los em prática! Que venha 2009, que traga novos amores, novos sonhos, novas esperanças e SIMM novos sofrimentos (não os mais dolorosos e sim os que ensinam mais).
Adoro você demasiadamente, renove-se, inove-se... não veja a paixão como um sofrimento e sim como a melhor sensação de leveza... Não veja os sofrimentos e as desilusões da vida como coisas ruins q você pode se desvencilhar sempre, veja como coisas ruins SIM, mas que ensinam muito! Conte comigo sempre também, viu?''

ass: Sabrina Abreu


De alguma forma, o mundo deve estar obrigando que as pessoas amem enlouquecidamente para sempre, e que esse amor eterno seja duradouro até o dia em que a terra nos comer, de alguma forma nosso sentimento não poderá jamais mudar, nossas intenções não poderão jamais se modificar, e se por um acaso, esse dito amor, pois dito fora, e várias vezes, acabar, ou minar, cairá sobre nossas cabeças um dilúvio de ódio e maldições...
A culpa é minha?
Eu que sou incompetente por meu amor ter sido diminuído?
Tô cansado de pessoas que só sabem enxergar o lado ruim das coisas, estou farto de prestar atenção naquilo que vai me fazer sofrer, estou extremamente inclinado a não querer nada mais do que me oferecerem, a piscina que eu mergulhar e não contiver água passará despercebida pelos meus olhos. Um filho da puta que nem eu não deveria merecer mais do que desprezo e distância mesmo. Passo por essa vida e só deixo desgosto?
Tenho apenas 21 anos, o passado me mostra que sou bom, o futuro dirá ainda melhor de mim. O que pensam, ou o que você pensa, a partir de agora, diferente de antes, não fará mais diferença alguma.

P.V. 22:53 27/12/10

Moedas

Abre-se sob meus pés um lago de oportunidades a partir desse instante, desse exato momento em que minha voz começa a gritar, em que meus dedos estão loucos e insanos catando poucas letras nesse teclado de Nostradamus, agora que o mundo sorri para mim outra vez e vou me auto medicando a fim de que a dor não me persiga em quaisquer estradas escuras que eu teime em caminhar rumo a tal felicidade perdida, rumo à felicidade eterna que sempre fora minha, rumo ao passado que é o futuro, rumo a esse presente que é uma dádiva, e a vida volta a ser minha.
Foi-se por lá tudo que não tinha a ver comigo e as incríveis palhaçadas que a vida me proporcionava não fazem mais parte da minha cabeça, muito menos conseguem manipular minha mente rumo ao sentimento que sempre foi dedicado a uma única mulher. O mundo me dá respostas sem que eu faça perguntas.
Falei para mim mesmo o quanto a esperança poderia me oferecer se eu soubesse deixá-la no fundo da caixa e retirá-la somente para que a alegria plena pudesse ser absorvida. Os erros foram muitos e não havia forma de enlouquecer ainda mais a consciência, uma vez que tudo ao redor provava somente a verdade de uma falácia, de uma anedota, de uma piada de mal gosto e mal aplicada em péssimo tempo.
Fui feliz em saber o momento certo, em não adquirir o sofrimento e ter em mente que tudo que se diz e se ouve é reflexo da dor alheia que há de vir uma hora ou outra.
Deixem que esse presidente administre as devidas medicações nos horários certos, e que Deus me dê força pra trabalhar e bancar as contas daqueles que promovem os eventos que hão de me tirar do fundo do poço, bem sabendo que este está bem distante de meu corpo saudável.
Retiro graças de mim mesmo pra que evapore no ar a verdade de que os meses se passaram, somente uma mulher conseguiu me fazer feliz e não despertar desejo em nenhuma outra, mas ainda assim a maldição crônica lançada sobre minha pessoa prevaleceu outra vez e as lágrimas molham o chão por onde andas sem saber para quais destinos o mundo lhe levará.
Queria dizer bem menos do que ando falando, mas não tenho forças para adquirir, quando a intenção de possibilidades que me cercam e vão voando intensas por minha cabeça, batendo umas nas outras como moscas loucas, é tão grande a ponto de me iludir como tempos atrás, da mesma maneira que eu via prenúncios de eternidade nos gramados lisos e molhados do chão barrento e insano daquela terra que ainda é minha, daquele certame que há de se repetir no vigésimo terceiro dia do próximo mês, primeiro do próximo ano, as atrações a serem confirmadas e toda aquela devassidão, loucuras em forma de meninas e histórias, principalmente as histórias, pois meninas, qualquer esquina abriga, o amor, o sentimento mais verdadeiro que existe é aquele que dá e passa, pois deixa somente alegria e felicidade, não traz qualquer dor ou lágrima, qualquer sofrimento pois o tempo é curto demais pra que a verdade seja exposta...
Preciso, desculpem, jogar sempre a moeda pro alto e escolher o lado que mais me alegra...
Continuarei sempre assim, sempre que algo feliz morre pra dar lugar à tristeza.
E a moeda cai no chão me mostrando que, na verdade, a tristeza morre pra dar lugar à felicidade...
Mas são outras ilusões, só ilusões...
P.V. 21:59 17/12/10

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Abordando atitudes

Falar daquilo que ao homem mais interessa não é tão difícil, na verdade, essa máxima beira os cantos do ridículo. Porém, o que não me deixa parado é o que me faz mover, então faço questão de explanar ao resto das pessoas que vivem na penumbra, assim como eu me encontro nesse instante, sobre os loucos instantes do meu estado de felicidade e tudo que sempre me fez sorrir um pouco mais nos momentos de alegria extrema, pontos esses que me fizeram até acreditar na perfeição da vida e nunca mais tirar isso da cabeça, provocando inveja em muitas pessoas que me cercam e não conseguiram, ainda, atingir essa verdade.
Tenho dito e não me retorno ao que me propus pois aquilo que não dói ao homem não tem utilidade, afinal, a dor, assim sendo, é o aprendizado, porém a dor crônica é patologia clínica e sofrimento vital não está nos planos de quem almeja ser feliz. Queria de uma vez por todas, me livrar do que não me faz bem, porém para exorcizar a meia dúzia de demônios que ainda cismam em rondar meus dias, preciso da atitude drástica e do poder que sempre me acompanharam nos tempos em que a vida se fazia mais fácil, ou menos difícil. Vou com fé, ainda que Deus não aprove as decisões.
Vou correr pois o caminhar já se mostra muito lento, uma vez que a vida vai mostrando seu fim e eu não quero ficar perdido no meio do caminho, sem alcançar aquilo que mais desejo, vou fazer dos meus dias os primeiros, deixarei as pegadas pra que entendam onde pisei, não quero mais esconder o jogo, quero sentar lado a lado com o futuro e jogar cada uma das partidas, me deliciando com suas derrotas previsíveis.
O diabo me mordeu outra vez, e dessa vez a dentada do Cão foi mais forte.
Não quero saber de delícias do paraíso, não quero saber de verdades da vida, não quero saber de vacinas que curam a doença, não quero conversas que duram muito tempo, não quero discussões sobre o que se repete, quero outras repetições, ainda mais intensas que o calor e o suor que há de cair, quero a definição, os que se espelham, o medo e a inveja, a verdade, aquilo tudo que eu sempre quis ser, um terço de mim já sou eu, e quero um pouco mais pra ser completo.
Parei nessa rua que eu desconheço o fim, sequer sei se tem saída, não faço a mínima idéia se me levará a algum local mais interessante do que estou agora. Porém a aventura vale a pena, e tentar nunca doeu, ainda que a dor seja um pouco querida nesse momento.
Parei outra vez porque estou cansado. Não caminho mais, só corro. E com muita pressa de chegar.
Porém o pensamento precisa do oxigênio, então sento, descanso, analiso mais uma vez as possibilidades e vejo que o destino é certo, não há curvas acentuadas, não há fragmentos de medos na pista, não hei de derrapar, não hei de bater, não quero mais os postes que atrasavam a viagem, ficaria feliz com grandes engarrafamentos de amor, é bem verdade, mas assim que chegasse o grande trânsito, iria de moto e rasgaria o sentimento pelos corredores perigosos que matam todos os dias nas grandes capitais da paixão.
Tenho poucos paralelos para dizer nesse momento, guardo meus louros da vitória para ocasiões mais propícias, a intenção do saber é só o que resta e o desfecho do caso há de gritar por palavras intensas, sinceras e bem escritas.
O mundo é nosso, meu amor.
Vamos dar as mãos e gritar por socorro.
Toda ajuda é útil.
Pra que se esforçar, se há quem se esforce por nós?
P.V. 16:07 09/12/10

Back to black?

O mundo está se desfazendo, e a aventura está apenas começando, eis aqui uma nova era, o que antes não fora agora há de ser, essa era não representa o pretérito do verbo, e sim o futuro da ação em forma de substantivo.
Quis um pouco mais do que me fora ofertado, este presidente que escreve palavras soltas voltou com um pouco mais de animação para o mundo quando se decidiu pelo bem, quando entendeu que não existe sentimento nenhum a não ser o seu, eu minhas pessoas, primeiras e terceiras, intensas por igual, dizem por mim, e dizem por ele, estranhos que se confundem nas esquinas mal vistas da minha cabeça tão jovem, tão ingênua, tão virgem, podre por natureza.
Então é isso, tenho muito pouco pra fazer, porém as obrigações me deixam a par da verdade e escrevo sem ler aquilo que me vem às mãos, sedentas e calorosas nesse quarto frio que me foi doado assim que nasci. Queria explanar as podridões do governo, queria explanar as verdades dos que não são amigos, queria adentrar nos desejos da carne que não se calam, queria burlar as leis, pisar na grama, apertar campainhas, entrar na escola com cachaça na mochila, queria deixar de pagar as contas, queria dar calotes no Leão, queria um pouco menos de gordura localizada, queria muito mais sexo oral, queria todo mundo sorrindo ao mesmo tempo depois que eu parasse de falar, queria a vida como era antigamente, enfim.
E o que me resta é isso, é relembrar, é mostrar ao mundo do que se faz um homem, de quantas histórias são necessárias pra se escrever um livro, de que serve um livro quando a única utilidade do corpo são os olhos, então lemos.
Claro que ninguém em sã consciência conseguiria acreditar no que tenho a dizer, nas estapafúrdias insanas bobeiras do meu coração, das coisas que já fiz, das vidas ocultas que já vivi.
Mas minha memória me lembra que minhas palavras são para mim, que ninguém melhor do que eu para conseguir entender o que digo, pra fazer valer todas as boas intenções de relembrar o que de bom já fiz, pra acreditar num futuro diferente, pra ouvir os conselhos de quem não sabe nada da vida, pra provar que os inteligentes nunca tiveram razão, pra entender o que é razão quando não se sente com o coração, pra realizar que o coração não serve de nada desde que não seja reparado.
Escrevo para mim, somente, escrevo para que eu possa saber do que houve, uma vez que vou ficando velho, uma vez que a terra começa a comer parte de mim, de poucos em poucos, arrastando minha saúde para o chão, lugar de onde vim, destino certo do meu corpo, os olhos molhados de tristeza em volta do meu caixão vermelho e preto, e eu, solene e calmo, com meu abadá colorido, no céu, ao lado de Pedrinho, amigo inseparável do firmamento, colorido também, cochichando ao meu ouvido a resposta que sempre quis ouvir, após eu ter feito a ele a maior das dúvidas do homem, desde que homem é:
__ Meu filho, pode ficar tranqüilo, há mais micaretas entre o céu e a terra do que imagina sua vã filosofia...
E vou voltando ao escuro da noite, vou voltando pois de lá não deveria ter saído, e volto feliz, a vida me leva pois já cansei de carregá-la nas costas...
P.V. 15:55 09/12/10

Alea jacta est


- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende...

Não que sua liberdade ofenda quem quer que passe por ti e te encare, o brilho dos olhos já comentado e tão admirado, e inveje toda essa leveza de andar, essa paz de corpo e alma, esse sorriso que evidencia a felicidade esquecida mas sempre reencontrada em cada esquina virada, não que sua liberdade seja tema simples de simpósio, de discussão em bares e mesas, de intenções contrárias a este que vos fala, de chopps gelados e loiros também, mas sim de saudosismo, de nostalgia, de querer bem, a liberdade que tantos desejam, uma liberdade ingênua, perfeita, tão sua...
Que seja um pouco menos, que minhas palavras não estejam a altura da inspiração, que eu me recolha então a minha insignificância fingida pois sei que vive dentro de teu peito meu nome ainda ecoando nas paredes de teu coração, assim como aqui sempre viveu e sempre viverá todo o sentimento dedicado, todas as verdades sinceras e desculpas compradas, a cumplicidade da paixão.
Alea jacta est... bem disse o imperador Julio Cesar, contrariando ordens, perdido num mar de indecisões, convicto de seu destino, deixando pra trás os princípios, a mais pura forma de liberdade que possa existir.
E vejo em teus olhos mais uma vez, vejo que Alea jacta est em cada passo, em cada ação, cada palavra, o mundo lhe pertence mais do que nunca, a verdade anda sobre verdes campos de paz eterna e nada parece abalar essa convicção plena, então fico mais feliz.
A simples existência de certas pessoas já trazem um tanto bem grande de felicidade ao coração de quem sente, e comigo não poderia ser diferente.
Quero um monte de coisas que não conseguiria alcançar sozinho, preciso, loucamente, de alguém ao meu lado nos momentos mais difíceis que a vida me jogar nos peitos; tenho dúzias de pessoas assim comigo e não me agradam nenhuma delas. Vá entender os caprichos e desejos do presidente.
Amizade é sentimento mais forte que amor, assim disse o poeta sem nome. Não sei muito bem o que dizer sobre esse tipo de coisa, pois vivo dividido entre nomenclaturas que não me mostram nada; são gestos, palavras, sorrisos e olhares que me ganham, e não vou colocar pesos na balança pra que caia de lados para lados aquilo que mais me faz feliz.
Então desejo a liberdade eterna a quem a tem. E você a tem, meu bem.
Fico no meu canto, ainda admirando sua liberdade que não me ofende, mas me inspira, sua liberdade que instiga o pensamento, que inveja os que tem bom coração mas se fazem acorrentados pelo destino estranho, porém o final é feliz pra quem saber recomeçar. Recomeçar, sem voltar a estaca zero.
E tenho dito.
P.V. 15:19 09/12/10


Alea Jacta Est - " A sorte está lançada " - Frase atribuída ao estadista romano Julio Cesar (100-44 a.C.) que a teria proferido quando, contrariando determinações do Senado, atravessou o rio Rubicão __ divisa da Itália com a Gália Cisplatina.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Incredible


Incrível é como as pessoas conseguem confiar umas nas outras, incrível é o silêncio que se faz enquanto se dorme e nada do que acontece ao redor consegue ser enxergado, incrível é como um calor se transforma em frio com o poder da tecnologia e pingos de suor só são derramados pois a natureza humana é mais forte que a ciência, incrível é o que não se pode crer e até agora eu não tinha chegado a essa crente conclusão, incrível mesmo é o amor que pula da boca e não se contém em permanecer no coração, incrível é dizer que o amor mora no coração, órgão repleto de sangue e artérias, incrível é ver e não sentir, incrível é não ver e sentir, incrível é o que sei fazer, incrível é a minha vida que se renova em cada esquina, incrível é a raiva materna quando uma de suas crias é tomada pelo prazer carnal que o mundo sabe oferecer, incrível sou eu, incrível é esse presidente que vos fala, incrível é a paixão que arrebata corações e joga pessoas ao chão e logo é esquecida, tão depressa como chegara, tão esquecível quanto o almoço de ontem, incrível é o resto do dia quando o calor vem nos abalar pra fazer relembrar o que aconteceu, incríveis são as festas de família e as pessoas chatas, incríveis são as perguntas que se repetem, incrível é o mundo que nos rodeia e amassa carros à nossa volta sem sequer pedir desculpa, incrível é a mão, é o mato, é o medo, é o modo e as mulheres, incrível sou eu, incrível sou eu, incrível sou eu, incrível é esse jeito que a vida nos trata e de repente, do reflexo da lágrima que cai, se enxerga um brilho de sorriso e se dá mais uma vez a perdida felicidade, incrível é saber que não se depende de ninguém pra viver e a vida pode ser linda também se houver um fingimento de dependência, incrível é o meu salário, incríveis são as coisas que eu deixo de fazer com meu salário, incríveis são as coisas que eu estou fazendo com meu salário, incrível e gostoso é o café que eu bebo, incríveis são as pessoas que criticam os bebedores de café inclusive nos dias de grande calor, incrível é esse calor...!
Incrível sou eu, incrível sou eu, incrível sou eu, incrível é o que eu vou fazer.
P.V. 17:03 08/12/10

O amor próprio

Eu prefiro dançar a noite inteira do que discutir a relação por horas, eu prefiro sentar minha bunda num barzinho e jogar conversa fora com os amigos do que bater boca sobre assuntos que se repetem. A inspiração alheia é o que faz da vida um pouco menos desinteressante, ainda que o reflexo de um outro espelho não vá ditar as regras do que se pensa ser a realidade de um futuro, mas o que se quer é o que se vê, e agora, algo mais insano vai passando pelas veias do meu coração.
O presidente anda ocupado.
O presidente anda estressado, e deveria estar correndo pra fugir do estresse.
O presidente vai falar.
Parem as novelas, as músicas dos rádios cortadas pela metade, o som estrondoso das trombetas federais gritam... e minha imagem cansada, porém esperançosa, aparece na mente de quem bem me conhece.
“Tive alguns contratempos nos instantes mais cruciais que a vida me ofertou, andei de lados para lados sem saber quais caminhos tomar definitivamente, caminhei solene e cambaleante sobre aquele chão saudoso que sempre foi meu principal habitat e traz lembranças dolorosamente lindas à minha cabeça; os que me entendem, sabem do que digo, compartilharam os momentos ao meu lado, sorriram o mesmo sorriso que eu. Sofri um pouco pra que o costume tomasse conta de mim e me transformasse no que eu nunca tive vontade de ser, pra que me jogasse num mundo já conhecido e mal gostado do passado, enfrentei a mim mesmo, que é algo bem maior que todos os batalhões já formados em guerra pela vida afora, e não cheguei a alcançar a paz tão desejada. Fiquei triste.
Ainda me vêem triste, me julgam triste, me indagam a tristeza. Não tenho respostas pra afirmar nada, não consigo mais colocar meus pés no chão e fixá-los pra que esse vento consiga me derrubar, vou balançando ainda de lados para lados e é um medo tão grande de cair que insisto em ficar parado, as atitudes drásticas que formaram meu ser e me jogaram pra cima estão escondidas, enterradas, afogadas, distantes de mim e nem sequer sei como recuperá-las.
Este presidente que vos fala tem alguns problemas para resolver.
O espelho alheio só comprova teses formadas, não indica ações a serem tomadas.
Quem não planeja o futuro, se perde no caminho.
Quem mal planeja o futuro, pode chegar ao destino errado pelo caminho certo.
Talvez se perder seja mais interessante,
presidente aventureiro.
Burlei algumas regras, fiz coisas que não deveria ter feito e sequer me culpei por esses equívocos. Continuei andando e dando minhas palestras, cada dia mais pobres, continuei andando e cantando meus sambas, cada dia menos românticos, continuei andando e escrevendo minhas palavras, cada dia mais monossilábicas, então parei.
E não consigo sequer ficar parado, pois o mesmo vento vem pra tentar me derrubar.
Este presidente mostra que a batalha é tensa, que o mundo pede um pouco mais de atenção, que a verdade é bem maior que a razão, que a razão é bem mais importante que a imaginação, que o amor vence a razão e a verdade de uma só vez, porém o amor próprio sequer deve ser mencionado.
O amor próprio é imbatível, e eu ando muito vulnerável."

E fez-se o silêncio.
P.V. 12:24 08/12/10

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ratos imundos

Não que a vergonha da sociedade seja para mim um tipo de alegria, não que toda a verdade que o mundo começa a ver e já era vista por mim há tanto tempo seja algo que me traz felicidade, não que a desgraça do homem, do dito cidadão, do crápula marginalizado que acaba se fudendo, seja de alguma maneira o motivo básico do meu sorriso, mas devo admitir que ver um bando de vagabundos correndo desesperados com medo de morrer fez do meu dia um pouco mais interessante.
E todas aquelas músicas que exaltam os poderes e dizem, na pobreza das rimas, que a melhor coisa que existe é ser bandido, e que o tênis de marca no pé é o que há e nada mais pode ser melhor que isso, que as mulheres da comunidade lhe querem pois você está portando um fuzil no ombro e se faz superior aos outros por causa disso; onde está tudo isso agora que os vagabundos correm pelo morro, os olhos esbugalhados, o coração na boca, temendo serem alvejados pelos homens de preto que salvam a cidade do perigo, que evitam o mal propagado na sociedade, que livram o futuro das drogas e seus malefícios, o sistema que sustenta o sistema, e a unidade revolucionária que há de transformar os erros de dentro pra fora lavando com sangue as vielas da favela e a mente dos corruptos...?
Agora o fuzil está pelo meio do caminho, o vagabundo se esconde como um rato imundo e faminto que não tem para onde correr pois todas as saídas do esgoto onde vive estão fechadas, o mundo tornou-se pequeno, o antigo casulo de proteção agora pertence a quem sempre deveria pertencer, à sociedade que paga seus impostos, que acorda cedo todos os dias para trabalhar decentemente e ainda tem que passar pelo sufoco de driblar balas perdidas que os traficantes de merda teimam em disparar a fim de disputar os pontos de boca de fumo, os pontos de venda das drogas, a favela tal que pertence a tal facção... mas agora ninguém lembra das bocas de fumo nem dos pontos de venda de drogas, agora os vagabundos medrosos estão se mijando de medo dentro da casa de algum morador honesto enquanto os homens de preto vão vasculhando cada residência em busca dos marginais, enquanto o silêncio que precede a morte toma conta de toda a comunidade e a paz momentânea é gritada a fim de que alguma luz de esperança ainda caia sobre a cabeça de quem não merece luz alguma a não ser a luz do fogo do inferno.
Mas agora os vagabundos não têm mais as mulheres mundanas e interesseiras que lhes seguiam quando desfilavam com suas motos roubadas, seus carros roubados, suas armas compradas com sangue de inocentes, suas roupas de marca roubadas ou falsas. Agora as mulheres enxergam com outros olhos os vagabundos pois aqueles heróis que eram vistos não passam de restos de homens que correm afugentados e medrosos quando têm a certeza que o Estado maior sempre foi maior que qualquer tipo de poder paralelo, quando têm a total noção de que obedecer a um idiota em outro estado é a maior burrice que existe e não se deveria sequer tocar nesse assunto.
Pois se um imbecil que está preso num lugar onde nem sequer a luz do Sol é vista, num lugar de onde nunca sairá, de um lugar onde só consegue se chegar depois de fazer muita merda durante vida, se um imbecil desse porte me manda fazer um monte de merda e eu obedeço... Deus... o meu único destino é subir os morros desesperado com medo de morrer sabendo que a morte é a única coisa que eu mereço.
Toda revolução deixa cicatriz,
o sangue há de jorrar feito um chafariz.
P.V. 22:15 29/11/10

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cristina I

Então nos sentamos para conversar.
__ Fecha a porta depois que entrar.
Cristina estava passando dos limites, a pré-adolescência e toda essa explosão de hormônios com a qual ainda não me acostumei estava me estressando em demasia e o que mais me irritava era sua mãe gritando em meus ouvidos a todo instante: “Cristina está demais! Você tem que conversar com ela!”
Nunca fui um pai ausente. Pra ser mais sincero, acho que a mulher que mais amo é a minha filha. Tenho mãe e tenho esposa. Uma me deu a vida, outra me fez enxergar melhor essa vida. Mas ainda assim, um único sorriso de Cris e qualquer outro tipo de família é esquecida, um único sorriso da minha pequena princesa e o mundo há de parar pra que eu admire por mais alguns segundos toda essa perfeição que me dá tanto orgulho por saber que saiu de mim, que faz parte de mim de alguma forma, por saber que mesmo depois que, desse mundo, eu partir, um pedaço do meu corpo ainda continuará por aqui perpetuando tudo que já fiz e ainda hei de fazer.
Cristina é o que me falta.
Às vezes, eu te chamo Cris, um sonho que eu mesmo fiz, um tempo que vai começar.
Já começava naquela época da vida em que nada poderia lhe adentrar pelos ouvidos, fazia toda questão de não querer escutar o que era dito, respondia a tudo e a todos pois a convicção de suas verdades eram, com certeza, na sua cabeça, bem maiores do que a do resto do mundo. Meu sorriso se abria ao saber disso.
Pois é assim mesmo que eu era, assim mesmo que eu pensava e não havia pessoa qualquer que conseguisse mudar minha cabeça, não havia opinião qualquer que formasse minha mente, não existiam argumentos que fossem mais fortes que os meus. E que criatura eu fui colocar no mundo... ainda mais chata que o pai.
Sentou-se na cama e me olhou com aqueles olhos que só ela tem. Começou reclamando...
__ Pai, você tem que falar com minha mãe, eu não tô mais agüentando as coisas que ela grita, todas as ordens que ela fica me dando, nada que eu posso fazer, e eu já não agüento mais olhar pra esse apartamento minúsculo, essas paredes parecem que vão me engolir, eu preciso sair, eu preciso respirar, a escola está me matando, essas espinhas gigantes que não param de explodir na minha cara, você acha que é fácil agüentar esse tipo de coisa??
Papai entende tudo...
Mandei fechar a porta depois que entrasse justamente pra que ninguém ouvisse o que nós íamos conversar. Sempre foi assim, nossa conversa se resolvia entre dois, a filha do papai, e o papai da filhinha. Desde que o mundo é mundo, Cris é revoltada, porém meiga. Acredita em tudo que eu digo, assim como todas as outras mulheres que já passaram por minha vida. Fui claro e insincero ao máximo, pra ver seu sorriso mais uma vez:
__ Minha princesa, pode deixar que eu vou falar com sua mãe, eu sei que você anda estudando demais, mas tenta entender que ela tem aqueles problemas de cabeça e tudo mais, o remedinho que ela toma já vai ter a dose aumentada, e daqui a pouco ela fica sem voz de tanto gritar e você vai relaxar... prometo pra você que eu vou conversar com ela e tudo que você quer vai acontecer, só te peço pra esperar um pouco e tentar fazer tudo que ela pedir, do jeito que você sempre fez. Vamos sair mais, se você continuar bem na escola e namorando escondida, bem longe dos meus olhos. Vem cá, papai te ama, minha menina... você acha que eu vou deixar alguém bagunçar com a minha princesinha? Relaxa, domingo tem jogo do Flamengo e eu tenho dois ingressos pra gente... vai tomar banho pra gente jantar.
E a paz volta a reinar. Pelo menos, por mais uns três dias...

P.V. 09:40 25/11/10


A cesta

Pois então eu afirmei aos sete cantos que voltei.
E deveras, o presidente apaixonado quando diz que voltou, de fato, é porque voltou mesmo. Não com qualquer tipo de poderes, ou com uma dessas coisas inóspitas e isoladas que chamam de conquista exagerada e o amor louco, desvairado, propenso a dores que fora característica durante boa parte da vida; digo daquele sentimento perfeito, o mesmo que ainda povoa minha veias e borbulha no meu coração, aquelas palavras que andavam perdidas no mar de ocupações que a vida quase adulta e mais responsável me obriga, aquele vermelho de felicidade que era traduzido nas melhores letras que o autor que vos fala poderia dissertar. E minha musa maior, o que me faltava, o amor da minha vida de todos os tempos desde sete meses atrás, o que eu mais adoro, as carnes que mais matam minha fome, o beijo mais doce, o prazer mais verdadeiro, a sede dos seus abraços, Durique, em forma de sentimento, lhe dedico minha inspiração.
E aí, cheguei na minha residência hoje e me senti um tanto quanto frustrado e até mesmo triste. Digo triste e frustrado, mas lhes explico o que sucede, a maneira como as coisas são colocadas e a verdade que se escondeu por trás de todos os meus sorrisos meio retardados e o orgulho em gritar pra todo mundo o que eu tinha ganhado...
Não que Durique tenha roubado minha idéia, não que ela tenha qualquer tipo de maldade em ter dado esse presente tão lindo, surpresa maravilhosa pela manhã que só pode ser comparada a uma outra coisa também realizada pelas manhãs que provoca alegria semelhante, mas EU que devia ter lhe concedido essa felicidade. Estava em meus planos de homem doente e apaixonado fazer isso que foi feito comigo e fiquei triste em ter que adiar por alguns anos até que a surpresa seja mais uma vez original e competente a ponto de deixá-la feliz.
O meu amor pensa mais rápido que eu e isso também é bom.
Coisas interessantes são essas surpresas inesperadas porque iludem o coração de uma forma tão perfeita que o sentimento pode durar pro resto da vida, que o amor se multiplica tantas vezes dentro de um peito que poderia jurar que nada mais caberia dentro de mim do que a mais nobre das sensações, e essa sensação tão linda é o amor que sinto por Karoline Durique.
De uma forma ou de outra, eu deveria agradecer.
Por quantas vezes na vida, um homem consegue fechar os olhos e dizer que não precisa de mulher nenhuma na vida pois já encontrou sua parceira eterna?
Eu tenho certeza que minhas convicções não são por culpa de uma cesta em cima de uma cama, não são por culpa de ligações pela manhã, não são por culpa de presentes jogados em datas esquecidas do ano. Minha convicção de amor por Durique são seus sorrisos perfeitos, são meus sorrisos perfeitos, são as palavras sussurradas, são os olhos que brilham sem cessar, é o sentimento que nos une, a saudade que nos machuca, o futuro que nos convida...
Eu te amo e sempre te amarei, enquanto houver vida.
P.V. 09:46 23/11/10

domingo, 21 de novembro de 2010

Papo de futuro

Então eu estava pensando em qualquer coisa que não tem absolutamente nada a ver com agora, pois agora já foi, agora é um segundo passado e ao escrever a próxima palavra aquele “agora” já parece tão distante que plano nenhum faria sentido, uma vez que a verdade é a de não concretização.
Minha cabeça me leva por locais dos quais eu não poderia entender muito bem se não fosse o justo caminho percorrido vir à mente em instantes quais esses que eu me sento para relembrar o que fora vivido e tudo mais que ainda há de ser visto. Não que o presente me faça alguma dor, não que esse agora seja de alguma forma ruim para mim, não que tudo que acontece no momento seja chutado para um canto qualquer quando a vida me surpreende com histórias, beijos, amores de madrugada e tudo mais que me faz feliz, mas o importante, pelo menos dentro de mim, é algo diferente, é mais, é melhor, é papo de futuro...
Vou pensando no que não poderia ser pensado nesse instante. Quero o que não me tira a sede, quero o que não me cansa, quero o que ainda não aconteceu, só pra que a curiosidade seja despertada dentro de mim.
Meu pensamento viaja e sempre pousa nos braços de Durique. Já se tornou inevitável e não posso mais lutar contra essa verdade intolerável e um tanto quanto justa, pra não querer burlar a confusão.
Pois sonhei de olhos abertos e achei isso um pouco estranho, talvez nem tanto, mas a idéia me fez borbulhar de alegria quando vi todas aquelas cores vermelhas e amarelas e verdes e azuis, e uma árvore tão linda, tão linda que tive vontade de parar de viver só pra admirar melhor a magia do Natal, quando todos vão fazendo seus desejos e agradecimentos e eu só conseguia pedir mais de Durique em minha vida, e eu só conseguia agradecer a Deus, ou ao Papai Noel, sei lá, por ter colocado essa pessoa tão especial no meu caminho justamente quando o percurso começou a mostrar tantos obstáculos a serem superados...
Sonho acordado quando meus olhos estão muito bem abertos sem vontade de se fechar e vou admirando dentro da minha cabeça as possibilidades de alegria quando suponho hipóteses para o local em que conseguirei me emocionar melhor quando os prováveis fogos estourarem no fim de ano, no último dia desse ano que já se vai. E quatro olhos enxergam bem mais que dois, por isso Durique, princesa dos meus melhores dias, estará ao meu lado, molhando os olhos de felicidade, pensando coisas tais quais as coisas que eu pensarei, olhando tão fixa pro céu estrelado de fogo que não perceberá que meus olhos já haviam se cansado do pouco brilho que se colocava lá no alto e agora encaravam fixamente todo o muito brilho que vem dos olhos dela, tão perfeitos e tão meus, como sempre foram, como sempre serão.
Sonho acordado com as coisas que me darão felicidade, sonho acordado e os olhos teimam em não querer se fechar quando imagino qual tipo de fantasia irei usar no carnaval próximo, quando sairmos juntos, as mãos dadas, a mente alterada já desde cedo, o amor em forma de máscara, a festa da carne que perpetua a deliberação mútua e a paixão coletiva colocando-se dessa vez em dois corações únicos, um sentimento de dois e apenas dois que se completam, que se adoram, que são a melhor coisa que já houve e, espaço para reclamações não há, muito menos nos quatro dias que o ano nos dá para pularmos sem parar, bebermos sem descanso, abusarmos com toda vontade do corpo que é nosso em maneiras que Deus talvez não vá gostar tanto, e registrar os momentos pra que, no futuro, ninguém possa duvidar de como a gente sempre foi feliz...
Sonho acordado e meus olhos teimam outra vez em não querer se fechar quando me deixo estar flutuando nas nuvens, talvez dentro de um avião, talvez sentado na varanda de uma dessas pousadas de montanhas que ultrapassam os limites do céu e podemos, com muita imaginação, tocar as nuvens. Durique ao meu lado, pois a solidão faz mal ao homem; Deus fez o homem e a mulher para que eles pudessem caminhar juntos, a construção do futuro não se faz com apenas um, o destino pede a comunhão, o sentimento pede nada, eu peço mais um beijo.
E sonhando um pouco mais vi uma bela casa. Um apartamento, para ser mais específico. Um belo apartamento, e só vi sonhando porque eu sonhava de olhos abertos. Toda a decoração, todo o trabalho, todo o suor, todos os problemas que foram enfrentados, e ver todas aquelas paredes de pé, bem pintadas, o tapete no chão que nos convidava para deitar como duas crianças, Durique e seu lindo sorriso brilhando do meu lado, se apoiando na cadeira bem colocada da mesa de jantar, perdendo seu olhar entre a cozinha e a sala, e aquela enorme TV pendurada na parede de madeira que fazia um ótimo contraste com a modernidade colocando à prova essa nova tendência de decoração... rs.
Vi um pouco mais nesse sonho. Vi minha própria pessoa, sozinha dentro desse apartamento, me vi sentado naquele sofá maravilhoso conversando sozinho com a televisão ou brigando, louco, com esse novo jogo que havia adquirido na última semana, e aquele carrinho maldito lá dentro da televisão que não me obedecia, insistia em sair da pista e me colocar em posições distantes do pódio, e percebi a hora...! Karol já estava chegando do trabalho e a surpresa que eu tinha em mente estava atrasada.

As horas se passaram, a maçaneta da porta de madeira girou e minha princesa entrou. Mesmo com o rosto cansado, ainda se faz tão perfeita... e o que poderia ser melhor do que ver seu sorriso se abrir quando nota que eu fiz a janta mais uma vez? O que pode ser melhor nesse mundo do que ouvir da sua boca que lhe faço feliz, mesmo tendo queimado a carne em um dos lados, mesmo tendo deixado o arroz com brócolis cozinhar além da conta, mas ainda assim ter acertado na arrumação da mesa e a perfeição de tudo ao redor, só esperando que ela chegasse e se sentasse pra jantar com seu marido...
Num outro sonho que eu tive, os olhos ainda abertos, ouvi um choro de bebê no último quarto do corredor... isso é papo de futuro.
P.V. 10:28 21/11/10

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Monólogos de Saquarema

Falaram por lá, na verdade, por aqui também, que o homem, no auge de suas intenções, deve se retirar pra que o mundo entenda suas possibilidades, pra que o futuro seja melhor enxergado, pra que nada mais possa incomodar as decisões que foram tomadas com o coração e só com o coração. E queriam o Sol como aliado, mas a fraqueza do astro não impede que um presidente vença sozinho...
Sentei minhas nádegas pomposas naquele banco frio e ainda úmido pelas águas torrenciais que caiam, não só na Região dos Lagos, mas também em todo o resto desse meu estado grandioso. Admirei ao máximo as inúmeras intenções que o mar me proporcionava, deliciei-me aos goles enquanto as idéias borbulhavam dentro da minha cabeça, como sempre acontece quando me embriago de sensações e principalmente de amor, deixei que a vida corresse lentamente por mim, da mesma forma que me cortava o vento rasante da brisa fria do mar...
Poucos poderiam entender o que significa as pequenas coisas que um homem sabe pensar quando se coloca de frente pro mar e entende sua insignificância perante o resto de tudo, e ao mesmo tempo se coloca tão grande, tão maior que esse mesmo mar, pois se fosse de sua vontade poderia lhe domar com um estalar de dedos... céus e mares ainda me pertencem... mas prefiro continuar solto, correndo pela terra.
Disse uma vez e volto a repetir. Retirei minha tropa da guerra pra poder admirar um pouco de paz. Quanta crueldade vi, quanta morte, quanto sangue derramado e a sujeira que sempre tinha que ser retirada pelas mãos minhas dando lugar à limpeza que seria outra vez derramada de vermelho... mas tudo passa, nada fica, a intenção é sempre olhar pro horizonte, ainda que este se mostrasse monocromático e tão retilíneo que a vida pudesse ser subjugada e colocada de castigo só por ser tão obediente à Física e todos os seus podres parâmetros lineares. Estranho... o mar tão nervoso, e seu horizonte tão calmo... Parece um presente nervoso e um futuro mais calmo, abordando explicações para que não tem essa capacidade plena...
De onde estava, nada mais era tão importante quanto o que eu tinha para falar, quanto o que eu tinha guardado na minha mente em forma de pensamentos tão meus e de mais ninguém que poderia jurar por uns instantes que eu conversava comigo mesmo sem perceber outras vozes ao meu redor. Por mim, ainda que me chamem de egoísta, eternizaria momentos assim, penduraria em molduras tão belas e imponentes que sempre poderia me lembrar quando passasse próximo...
E o Sol não deu as caras pois não fora convidado.
As nuvens têm muito mais a dizer do que um simples raio forte de luz que só faz irritar aos olhos do que deveras dizer alguma coisa construtiva, mostrar algo que realmente importe, fracas tentativas de se comparar com a Lua, esta sim, que fez uma falta enorme ao não se mostrar em toda sua sabedoria, toda sua beleza, a perfeição no céu que faltou no fim de semana...
Queria dizer um monte de outras coisas, um tanto quanto de troços perdidos na minha cabeça, queria dissertar como quando jovem, queria me livrar de inúmeras dores que vão martelando aqui dentro de mim, mas já estou preso ao que não me solta, à censura da verdade que é tão boa, mas mal interpretada...
Retiro-me.
P.V. 13:30 18/11/10

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O comparativo do tempo

Nada mais poderia interessar a qualquer homem do que se fazer presente nos instantes mais, ou menos, calmos da vida que já passou, ou da vida que ainda vai passar, analisem, os senhores, como queiram.
Tenho minhas opiniões próprias, as pessoas que me cercam me olham com olhos tão devassos e gulosos que não consigo mais focar no que sempre quis, ouço em cada momento de respiração que já não sou mais o mesmo, gritam em meus ouvidos sensíveis palavras tão estranhas e idiotas que, uma vez ou outra, me deixo levar pelo pensamento se, realmente, sou eu mesmo quem está agindo de forma errada, ou todo o mundo foi concebido de uma maneira mais imbecil, tentam me dar conselhos que me fariam desviar do caminho escolhido, das marcas eternizadas na areia por quatro pés, não desistem nunca de todo esse intento cheio de pecados e parece que ainda não me acostumei, mesmo sabendo de tudo isso há mais ou menos 21 anos...
Deve ser por esses motivos que muitas vezes durante um único dia, a mente me leva a lugares tão distantes e tranqüilos que me sinto mal, como se as lágrimas esquecidas quisessem, de uma só vez, cair pelo meu rosto, rasgando de fogo o caminho que percorressem pra que todos vissem, quando me colocasse nas ruas da amargura, o quanto chorei calado sentindo falta do que mais me fazia feliz, do nada, do silêncio, dos conselhos que não eram ouvidos, das conversas sérias que não haviam, daquelas coisas que não tinham necessidade de acontecer, e justamente por essa falta de necessidade, não aconteciam.
Tem um tanto de pessoas nesse mundo que olha a maioria das coisas com olhos que eu nunca tive, enxergam as pequenas coisas com palavras tão absurdas, interpretam ações com tanta maldade dentro do coração, não se deixam abrir para o que está por vir, não prestam atenção nos perfeitos detalhes que fazem da vida algo mais interessante e belo, cometem erros que se repetem de tantas maneiras que chegam a doer dentro de mim todas essas bobeiras e palhaçadas incríveis, logo em mim que tenho todo o poder de não querer entender ou fingir que entendi tudo que se passa ao meu redor, logo em mim que vivo gritando aos quatro ou cinco cantos do mundo pra que deixem que as palavras entrem por um lado e saiam pelo outro, sem rastros largados, sem fragmentos de idéias, sem formações possíveis de opiniões podres e fétidas.
O ponto que me faz sentar nessa cadeira e ser obrigado a cuspir tantas hipóteses inúteis é um fato isolado que deveria, tão bem, ser estudado que chega a ser um tanto quanto ridículo e banal, mas a manhã da terça feira fez de mim um tanto quanto infeliz, no silêncio ignorado de um presente que não se compara com o saudosismo do antigo calar de bocas do passado, quando nada mais importava do que a felicidade ingênua da falta de responsabilidades, quando a alegria não precisava ser procurada ou querida, simplesmente existia e atingia meu corpo como chuvas torrenciais que caem quando se deseja o Sol. O fim de semana não mente...
Mas ainda assim, o filho sábio ouve o pai.
Deixei de lado minhas armas brancas e pretas pra que nada mais incomodasse o descanso de um presidente quando este necessitasse como louco da paz tão desejada. Fiz uma curva à direita, coloquei-me a deriva, deixei que o exército passasse por mim, recuei minha tropa, retirei-me da guerra...
Lavo minhas mãos... e o resto do corpo também.
P.V. 10:01 16/11/10

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Domingos de manhã

Ninguém, jamais, em mundo outro algum poderia imaginar, quem diria acreditar, porém a verdade não se contém, é bem mais forte que qualquer outro pensamento de desconfiança e sinto a loucura alheia muito mais amena do que a minha; amor igual ao meu não existe.
Também sei descrever, sei escrever, sei contar lindas históriias de amor..
Espera-se muito ou pouco de um domingo jogado ao léu depois de um outro sábado qualquer. Desde que os dias são dias, tudo é igual, porém depois do vigésimo quinto dia do quarto mês desse ano décimo depois do segundo milênio, a vida parece correr mais devagar, mais colorida, os sábados são outros, o frio não incomoda, o domingo acorda perfeito, e ela está lá, deitada do meu lado...
Não tinha mais sono para inventar depois de tanto sonhar acordado com a maior realidade da minha vida que é essa mulher perfeita que estava de olhos fechados deitada ao meu humilde alcance. Admirei ao ponto máximo de não conter mais minhas mãos e deixar que elas tocassem seu corpo de princesa:
__ Bom dia, princesa...
Já não se fazem mais sentimentos como antigamente, não consigo mais me conter, me segurar, me frear, o que ela faz ou deixa de fazer é bem mais forte do que qualquer coisa que eu possa vir a querer, é meu, é dela, é nosso, é muito... e é tão bom...
Decorei seu corpo mais de uma vez e esse vício doentio toma conta de mim de tal forma que nunca mais conseguirei deixar de encostar meus dedos insanos na sua pele macia; quero sempre mais, e ela é bem mais do que eu poderia querer... Seus beijos, sua boca, minha boca, meus beijos, e o ciclo continua, um pouco mais rápido, e tenho mãos que passeiam, e tenho mais beijos, apresento-lhe minha língua, o amor não se contém, a paixão invoca suas cores vermelhas, o lapso do sentimento se extingue e dá lugar ao calor do tesão, seus beijos me envolvem, me perco, não tenho vontade alguma de redescobrir o caminho e enfim, caio em tentação.
Há de nascer, ainda, em algum lugar desse grande mundo, homem mais feliz que eu nos domingos de manhã em que Durique está ao meu lado.
O resto do mundo foi simplesmente o resto do mundo, fantástico por assim ser, incrível só de estar ao seu lado, impressionante como se cresce a cada dia que passa...
As palavras me deixam com mais saudade ainda...
Oi amor, espero que goste, eu te amo demais

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Escrevendo o invisível ²

Foi um leigo aquele que me enviou a mensagem à mente sobre acalentar em meu profundo pensar a tese de escrever o invisível. Pasmei-me com poucas reações quando me vi concordando e aceitando tal absurdo que, por tão absurdo ser, pareceu-me notável e interessante. Não há nada mais interessante nesse meu mundo mesmo... que seja, experimentemos o que não existe portanto, ou para os mais íntimos que conhecem mais da verdade, o que não está sendo visto.
Deixei-me estar por algum tempo, ausentei-me dos assentos luxuosos e teclas que brilham pedindo por meus dedos por algum tempo, retirei-me, pus-me num casulo sem metamorfoses, transformações zero, algo meio sem sentido que é justamente o que pede o invisível, o não visto, o silêncio das imagens ou das ações em prol do que realmente pode valer a pena.
E fechei meus olhos.
Há muito o que se ouvir e quando os olhos nada enxergam as palavras têm mais significado, têm mais poder, não influenciam em nada as idéias que já possuírem algum tipo de formação dentro da minha mente, mas, de uma forma ou de outra, ajudam a modelar a beleza que ainda é necessária.
Basicamente, a vida mostrou uma gama bem variada de opções e os risos soltos, os elogios tamanhos, a fama e o luxo, o dinheiro que não chega ao fim, as possibilidades que podem ser criadas a partir de toda essa pirâmide de mil pontas fez minha humilde pessoa abrir pelo menos um dos olhos antes que todos parassem de falar, só pra que a atenção fosse desviada um pouco... em pé, eu posso sair flutuando. Prefiro ficar sentado.
E toda a oposição de valores à qual eu vou me submetendo, todas as gritantes diferenças que eu vou enfrentando, todos os medos estranhos que vão lambendo minhas costas e arrepiando os poucos fios de cabelo do meu corpo me deixam um pouco desconfortável pra seguir caminhando nesse certame estranho.
Lágrimas não combinam com sorrisos, duas portas com destinos diferentes que estão a minha frente e pedem, loucamente, para serem abertas, mas eu preciso escolher qual caminho seguir, se, por um lado, abro a porta das lágrimas, posso ser levado pela enxurrada de tristeza e, quem sabe, morrer afogado num futuro não muito distante, ou pior, que fosse distante; por outro lado há a porta dos sorrisos, uma boca vermelha cheia de dentes muito brancos gargalha de forma tão bela no desenho ilustrando a felicidade que há por trás dela, indicando o caminho a se seguir, escondendo, porém, uma meia verdade, de que a cada vez que essa porta é aberta, muitas lágrimas mais são choradas na porta ao lado.
Mostra-se o invisível...
Certas coisas o mundo não vê, certas coisas não deviam sequer ser vistas, mas a sociedade tem suas opiniões, costumam dizer o que vem na cabeça e conselhos, se bons fossem, dados não seriam.
A expectativa é grande, mas o invisível continua sendo maior que o autor.
P.V. 21:43 23/10/10

Fatos passados

Não se diria sobre gotas de água salgadas a rolar sem dó nem piedade por um dos rostos mais bonitos que já foram encarados, mas a dor continua a mesma, intensa e louca, cheia de devaneios e desconfiança, o tempo passa mas nada há de mudar na vida de quem não adquiriu a competência de se transformar para melhor.
Não queria nesse instante adentrar no assunto que evitei durante tanto tempo, no assunto que sempre tive medo de querer dizer aos quatro cantos do mundo por anseios do sentimento e tudo mais que envolve as palavras que se ouvem, as palavras que são ditas...
É bem mais do que já se entendeu e tive algumas percepções bem mais estranhas e duvidosas do que minha certeza poderia dizer a mim mesmo. Surpresa é a coisa mais bem definida a dar à ocasião.
O tempo passa e nada muda, o medo intenso, a desconfiança que não pára de crescer e o que dizer do sentimento?
Muitos duvidaram do que eu sei, muitos tentariam me derrubar por eu dizer o que sei, muitos ririam da minha cara por eu dizer o que sei. Mas eu posso, guardo pra mim, não divido com ninguém, minhas verdades se superam a cada dia.
Herdei as piores heranças que poderia herdar, cego é aquele que não sabe ver, minhas palavras me desmentem todos os dias, tenho que aprender a controlar meus erros.
Não há mais convencimento que caiba dentro do que tenho a oferecer, não há mais palavras desiguais que se igualem ao que posso fazer, não existem, nem nunca existirão argumentos tais que possam calar a minha opinião, não se fazem mais pessoas como eu, a forma foi jogada no lixo.
Fica, então, explícita a verdade e a causa de tantas lágrimas.
Foram idiotas o suficiente para duvidar de mim, quando ainda jovem, no auge de toda a inocência e mansidão, quando meus olhos enchiam-se ainda de água por qualquer coisa e a dor das paixões assolava meu peito de uma forma tão cruel que doía até algum tempo atrás só de lembrar quantas madrugadas foram perdidas sem sono, quantas palavras foram desperdiçadas sem vontade de falar, quanta idiotice, perda de tempo, ações mal executadas, conseqüências devastadoras dentro de quem acha amar. E ainda devem duvidar, mesmo os que muito me conhecem.
Meus olhos não se enganam, meus ouvidos muito menos, minha percepção é nata, e tudo que é nato é perfeito.
Perde-se o que, um dia, foi de posse total, mas o destino escrevia o futuro de forma tão clara que o fim deveria ser um pouco mais bem aceito, apesar de toda a tristeza de ambos os lados. Ninguém nunca poderá entender o que se passa na parte mais baixa do coração que joga o sentimento tão alto quando ele não mais existe.
Então foi assim que o mundo deitou-se numa madrugada meio estranha e cheia de desventuras acabadas e sem promessas de continuidades. Ainda mais estranho foi o Sol acordando na manhã seguinte, vermelho de vergonha de não poder fazer nada para recuperar o que já fora perdido tanto tempo antes...
Mas a Lua e o Sol nunca se deram muito bem mesmo...
P.V. 21:54 23/10/10

domingo, 19 de setembro de 2010

A fumaça do meu cigarro

Falar do que já se foi não deveria ser permitido de forma alguma, deveriam prender esses homens que se embriagam em algumas tardes eloqüentes e se deixam levar pelas palavras que saem de suas bocas e adentram no passado que já morreu para dar pano à manga das vontades de querer refazer os erros que já morreram, apodreceram, foram comidos pelo mundo mas ainda deixam seus perfumes pelo ar quando passamos perto de seus cemitérios...
Seda Verão Intenso... um belo perfume...
Foi-se como um par, o vento e a madrugada iluminavam a fada do meu botequim. Bêbados eternos conseguem entender as palavras que venho dissertando desde tantos anos para miim mesmo poder me entender num distante futuro, tão distante que deixará os perfumes ainda mais saborosos, assim que sentidos.
Parei, sentei, a ocasião pedia um cigarro, o acendi sem vontade de terminá-lo, saboreei com vontade o copo que se colocava em minha frente, não tinha medos nem anseios de jovem desacreditado, não era mais aquela criança que todos me julgam como ainda sendo, não andava mais os passos tímidos do tempo em que o mundo não me pertencia, traguei mais uma vez e vi na espessa fumaça que saía de minha boca todos os desenhos perfeitos dos dias mais interessantes que já vivi, mergulhei de cabeça em tudo que me pertencia e fui feliz.
Diz-lhe numa prece que ela regresse porque eu não posso mais sofrer, chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai...
Queria ser poeta. Minhas teses não tem mais base alguma, a concreticidade das minhas idéias se perdem perante tanta rima, tanto ritmo, tanta melodia numa só massa, tanto dito em tão pouco, e minhas coisas tão longas e sem pertinência não parecem mais abster o que tenho para contar, por isso afirmo, tenho pouco para contar, ultimamente.
Mas vi de uma forma diferente, quando subiu minha fumaça, quando desceram dos céus os anjos que podem me dar a direção correta, quando pensei com outras cabeças mais sinistras do que as que eu estava acostumado a pensar, e vi que não queria saber de forma alguma o lado que o Sol nasce, queria tomar as rédeas da minha vida, tomei a decisão maior de todos os tempos desde que me faço gente, desde que me vejo vivo, desde que a vida me colocou pra fora do útero e tive que galgar os objetivos sem olhar pra trás e engolir o choro em cada momento frio ou triste que eu vivesse.
A fumaça do meu cigarro foi mais alto do que eu esperava, adentrou em outras mentes, contaminou completamente o mundo que estava girando em minha volta, foi amaldiçoando os transeuntes que passavam sem culpa alguma pelo lado, e começaram a me seguir, deram-me títulos de Excelência, tive algum medo por um tempo de não corresponder ao que me foi ofertado, tentei fugir com meus erros previsíveis, não pude pois a fumaça era mais forte que o que meus olhos podiam ver, parei, sentei, essa ocasião pedia mais um cigarro...
Deus é testemunha de tudo que venho passando.
Quem entende, pode me oferecer o ombro.
P.V. 17:54 19/09/10

Family Party

Festa de família...
Não me leiam simplesmente como estão dispostas as palavras no papel, dêem um pouco mais de entonação numa vogal, é exatamente dessa forma que eu quis dizer o que acabei de escrever: Feeeeeeeeeesta de família...
Ditos loucos e insanos, talvez alguns mais estranhos do que esses, foram os que inventaram a necessidade de que pessoas de fora da família e do círculo familiar tivessem que adentrar nesse campo minado de profunda depressão e estresse excessivo.
Podem até mesmo duvidar do sentimento de uma pessoa quando a transformação previsível chega e toma conta de alguém que não tem nada a ver com o momento e se encontra completamente afogado no meio do povo, naquela muvuca que não lhe interessa nem um pouco, no meio de toda aquela gente estranha que sorri sorrisos forçados e não tem outra coisa a fazer a não ser discutir assuntos pertinentes, internos, assuntos que sua pessoa nunca, jamais, em hipótese alguma poderá entender, pois aquela tia distante que mora no nordeste, você nunca conheceu, aquele primo estranho que visita de vez em quando, você nunca há de conhecer, o pé perebento de fulana que freqüenta aquela casa você nunca há de cheirar....
E quando o assunto parte para intenções mais profundas do relacionamento a dois, a coisa fica ainda pior. Até perdoaria com razão o estresse e descontentamento fingido por trás de sorrisos falsos de quem se diz ser amigo, mas aquele que se coloca no papel de parceiro para o resto da vida sofre tanto pois a negativa num pedido tão eloqüente daria o que falar, e poderia provocar até a separação prematura.
Jamais entenderão os motivos de quem se esforça ao máximo para estar ali. Uma hora, até duas, coisa que se agüenta, não sem um grande sofrimento, mas se agüenta... agora suportar três horas sentado na mesma cadeira, ouvindo as mesmas coisas, o mesmo ritmo, as sombras que passam de lados para lados, e sorrisos que não terminam nunca, e a vida que corre lá fora...
A nostalgia não deveria me atingir mais...
de fato, não me atinge.
Chega a ser engraçado, todo mundo deve ter passado por isso uma vez ou outra na vida, o ritmo que vai e vem é igual tanto aqui quanto nos outros lados do mundo, uma festa de família, assim como o próprio nome já diz, é uma festa destinada à família. Minha bela pessoa, linda por dentro e por fora que desperta desejo em muita gente, deixando de lado minha humildade extraordinária, não faz parte de outra família a não ser a minha. Evito até mesmo as festas que rolam por aqui, quem dirá as que rolam por lá...
Mas a gente tenta colocar o braço até onde a mão não alcança, o resultado é o estiramento do músculo. Ouço o que não se deve dizer, a raiva consome minha mente, penso o que não se deve pensar, e lembro... como lembro...
Se tem uma coisa nesse mundo que eu sei fazer bem é recordar os bons momentos que a vida já me ofertou e cheguei à conclusão que em todos eles não houve uma festa de família sequer que pudesse ser enquadrada como “bom momento”.
Não que se veja tristeza, não que se separem brigas, não que a paz não seja querida naquele local, o que tenho a dizer é que existe algo chamado pessoas certas nos lugares certos, nos momentos certos...
Meu lugar certo é outro... sempre foi outro...
P.V. 17:23 19/09/10

domingo, 12 de setembro de 2010

O caso da toalha roubada

Não se fazem mais casais como nos tempos da tradição da minha família... terríveis palavras ao envolver a família uma vez que o exemplo dado não se aplica, mas de uma forma ou de outra eu deveria exaltar alguma coisa que me pertence só pra não parecer tão ruim assim quanto parece. Na verdade, se bem visto, se bem analisado, se bem aprendido, poderia até mesmo usar mais uma vez a família pra justificar o crime.
Que mal existe num jovem que adentra no recinto do amor pleno e de lá sai levando consigo uma lembrancinha, um pequeno item sem mais nem menos importância do que todas as outras coisas pertencentes ao dono do local, já podre de rico por fazer dinheiro a custa do prazer alheio? Que mal há, com essa sociedade hipócrita, que se deixa levar pelos dogmas atuais de que algo que não lhe pertence não pode ser retirado do devido local?? Que mal havia com o rapaz, talvez uma mulher, que escreveu nossa tão querida e repetida Constituição e assinalou lá no grande livro que todo tipo de furto é passível de pena de reclusão, um crime, vejam vocês, um crime...
Pasmei-me comigo mesmo, e me vi um pouco mais satisfeito ao lembrar que o Tio Lula vem pagando os honorários de minha Universidade e, assim, teria a facilidade de uma cela especial, não levando em conta as dores de minha respectiva companheira, cúmplice maior do meu equívoco, segunda voz no crime justificando meus erros, que seria levada ao Juizado de Menores, primeiro por adentrar em recinto destinado a maiores de idade, e segundo por participar de crime, caracterizando, nos termos da lei, uma formação de quadrilha. Acredito que iria parar até mesmo na FEBEM tendo seus lisos fios de cabelo raspados colocando em evidência as tímidas protuberâncias laterais conhecidas como orelhas, pra aprender a não errar outra vez...
Pra que o mundo saiba dos podres poderes que homens como eu tem em algumas ocasiões da vida, eu ponho em papéis limpos o instante que registrou a ocorrência e nossa incrível falta de decoro para com a ética de viver bem no meio do mundo que nos cerca e o exemplo que, um dia, deveríamos dar a nossa tão querida filha.
Roubei uma toalha de motel.
Aaahh... Puritanos! Não me olhem com esses olhos julgadores, esses olhos de quem não sabe o que é roubar alguma coisa num desses dias de primavera, não venham me dizer que jamais passou pelas vossas cabeças a vontade de cometer um delito; covardes... corajoso sou eu que boto a cabo os planos falíveis de minha cabeça e posso sentar com gosto na minha cadeira laranja pra dizer ao mundo as peripécias que minha namorada me faz passar. Tadinha... tão inocente.
Mas aí um senhor calvo na saída parou o nosso carro e indagou, sério e intenso, sobre o paradeiro de uma mera toalha rosada com o logo do Motel (o qual não direi o nome só pra não fazer propaganda de um lugar que não permite aos seus clientes roubarem toalhas) e queria saber se eu não tinha a visto por aí, sei lá, perdida...
O instinto assassino que corre em minhas veias falou mais alto, chamei na sinceridade de minhas falsas palavras, pude olhar fundo nos seus olhos pra quase deixar escorrer sobre minha face algumas lágrimas de comoção e disse: “Sei lá, cara...”
Já era tarde demais, já se via na minha testa o nome de criminoso, ladrão, patife, podia enxergar num futuro não muito distante meu rosto pintado em brancos papéis pregados nos postes de madeira de minha cidade, a recompensa de 52 reais e o anúncio em letras garrafais “PROCURADO, MORTO OU VIVO”... temi pelo futuro de minha filha, e de minha esposa. Mexe comigo, mas não mexe com a escola e a alimentação das minhas meninas.
Como fosse um assassino barato, como fosse um principiante na função, como era mesmo, escondi o corpo da vítima no porta malas do carro, sufocado, apertado, sujando com o sangue ralo o carpete do meu nem um pouco espaçoso porta malas...
Ouvi um papo meio estranho sobre chamar o Pedrão, dito gerente, dito matador, a mão que balança o berço, mais conhecido, na intimidade de “mata-rindo’ e decidi pôr fim ao que não estava mais cheirando bem. Convoquei o senhor calvo num canto bem arborizado, abri o jogo, afirmei sobre os anos que estive internado, sobre a clínica de reabilitação, sobre essa minha mania tão feia de querer o que não é meu, por um momento ou outro fiz questão de que ele não colocasse em jogo, no julgamento e na punição, a mulher que me acompanhava, Durique não tinha culpa de nada, se alguém deveria sofrer as dores do destino, que esse fosse eu, o fraco que ainda não conseguiu se recuperar de seus problemas mentais. E me olhou com sofreguidão nos olhos, tomou nas mãos a toalha, motivo de todo o caos e me disse para partir, partir sem olhar para trás.
O perdão fora dado, nada mais importava naquele momento além de me ver indo, indo, sem que um outro dia eu pudesse voltar...
E disse Durique: “Amor, fecha o vidro, por favor, que eu estou morrendo de vergonha...”
P.V. 09:44 12/09/10

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Manhã de quinta

O movimento não me diz muita coisa, ainda que a vida seja necessária somente com essa básica intenção de ir e voltar. Já não quero tanto quanto o mundo me mostrava que eu queria, porém o que não me faz mal sempre, não pode ser tão ruim quanto algo que passa, que vai e volta, a lei do movimento.
Queria dizer algumas coisas das quais não tenho certeza se um dia ou outro irei me arrepender, ou quem sabe bata em mim aquela falsa intenção de não saber da verdade que saiu da minha boca ou quem sabe escorregou pelos meus dedos. Só me deixo levar pelos momentos e faço questão total de esquecer o que não me traz boas alegrias. Ainda acho tudo muito complexo pra ser tão bom.
Mas num instante ou outro da vida o homem chega ao pensamento lindo de que nada poderia ser melhor, naquele auge de parar na esquina que ainda está por vir, olhar para trás, encarar toda a longa rua que já foi percorrida, ver que estão lá todas as suas grandes histórias, suas grandes aventuras incríveis, as mesmas que se dá gosto em poder contar a quem tem o mérito de escutá-las, e poder, enfim, fazer a principal curva da vida, pronto para que outras histórias possam ser escritas, dessa vez ao lado de quem se ama, ao lado de quem se pretende passar o resto de seus dias amando e julgando bela como a primeira vez que fora vista numa distante Páscoa.
Não se fazem mais intenções como no passado que eu não vivi, porém ainda há o que se pode inventar, ainda há o velho pensamento que pode voltar à tona sem que saibamos como fazer, e justificam o amor dessa forma, da maneira que se faz mesmo sem o saber. Hoje em dia, nos meus melhores momentos, ainda foge de mim a plenitude, mas que bom que isso acontece, ainda tenho muito o que fazer, ainda posso colorir meus planos do jeito que sempre sonhei, ainda posso acreditar numa verdade que não está mais tão longe quanto ontem, nem tão perto quanto amanhã.
Fosse ou não fosse quem está do meu lado, a vertente seria diferente. Deus escolhe quem lhes faz bem e quem lhes faz mal, as chances são dadas, o amor não escolhe caráter, a insistência em acreditar no sentimento pode sim mudar o destino. Sou desses... ela também...
Então é isso, aquilo tudo que ainda tenho pra dizer continuo guardando no mais fundo das minhas escondidas mangas pra gritar num desses dias bonitos e importantes, talvez no altar, na frente do senhor padre, talvez quem sabe do alto daquele helicóptero quando chegar o momento de jogar as pétalas do céu e, quem sabe, mais uma aliança no seu dedo, talvez eu diga lá nos últimos anos, sentados, os netos correndo pela casa, aquele perfume de “lar feliz”, talvez eu escreva entrelinhas num dos meus mais vendidos livros, o destino do meu sentimento decorado há de ser qualquer um...
Pode parecer absurdo, pode ser intencional toda a história, pode ser que num ou noutro instante eu tenha dito que já sabia o que ia acontecer, e gritado com muita convicção minhas certezas pra depois conseguir me dar a razão merecida, mas ninguém saberia o quanto de vontade havia dentro de mim pra que tudo desse certo, ninguém sabe o quanto de vontade há dentro de mim pra que tudo dê certo.
Vou vivendo...
P.V. 10:42 09/09/10

Ne me quitte pas

Estampa-se na voz do homem que ama e não mais é correspondido como antes, como deveria ser, como merece ser, como imagina que a vida lhe entregue os louros do sentimento, entregues de mãos em mãos até que na sua chegue, sem medo de ir embora, sem que tenha que partir jamais, pra que dure durante somente pelo instante da eternidade e daí pra cima...
Mas não, o que se quer nunca se consegue pois quem espera jamais alcança.
E diz o poeta que nada poderá nos abalar, pois de amor não se morre, de amor se vive...
Fica martelando na minha mente, tanto quanto também pode estar sendo pregado na cabeça desses desgraçados, o quanto de nada existe em se querer e o que significa as coisas para as quais se destina a viver e a perda de tempo, talvez, para ele, essa vontade de querer ser a sombra de tudo que há e também do que já houve; o que mais lhe desperta essa saudade tão gritante a ponto de levar um homem ao desespero total, o nível mais baixo que se pode chegar do chão...
Quero isso pra mim não.
Pois mesmo que os autores do mundo mais estranho das letras ainda dissertem sobre as faces do sentimento, ainda que deixem de lado a simplicidade da vida diária e dêem mais valor às nuances da profundidade do coração de cada homem e seus desafios e como poderiam se superar após cada obstáculos, gritando com o capitalismo no bolso afirmando solenemente que a dor vende, que o amor vende, que o sofrimento traz o dinheiro; sei muito bem disso não.
Vou dizendo o que mal sei, vou dizendo só o que me interessa e se num instante da minha curta vida dediquei meu tempo ao que me fez sofrer, peço desculpas a mim mesmo, ponho-me de joelhos no milho maldito pra que eu sofra por ter sofrido, pra que eu não lembre outra vez de quaisquer dores que tenham passado pelo meu peito e feito meus olhos encherem-se água, meu coração encher-se de ódio ou saudade.
E poderia, quem sabe, escrever uma música, e cantar minhas dores na canção, e deixar minhas lágrimas caírem enquanto um senhor me filmasse cantando, desesperado, eternizando para toda a eternidade a minha dor pungente, pra que todos, além de mim, também sofressem ao meu lado, como se eu quisesse dividir com o resto do mundo a facada que adentrava em meu peito, sendo girada devagar, o sangue que escorria pelo corpo também deveria molhar quem me visse...
Quero isso pra mim não.
Canto minhas glórias, grito meus poderes, contagio o mundo com a felicidade, com a alegria que sei que tenho, faço graças, sou o maior palhaço do circo que me foi ofertado, vou andando muitas vezes com o andar de quem não quer coisa alguma da vida, e quando me sinto como fosse cair, faço questão de correr, faço questão de querer avançar os sinais, quero jogar para o alto os semáforos da vida, os mesmos que me pedem para parar, os que imploram pra que eu tenha atenção... sou amigo da cor verde, apenas.
E tenho dito.
P.V. 10:52 09/09/10