segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Seu Jorge e o paralelo perdido

"Chorei... Seu Jorge e suas palavras sãs e alcoolizadas, e nós com nossas palavras insanas de aspecto normal... é onde o novo e o velho se cruzam, onde o sábio aprende e ensina ao aprendiz, onde o experiente e inexperiente adquirem conhecimentos, é onde os mais castigados pelo tempo recordam de experiências passadas e nos passam, para que nós, de menos idade, possamos entender, pensar e analisar a respeito de que tudo que um velho, bêbado, broxa que não tem vergonha de expressar a felicidade existente, mesmo com poucos dentes em sua boca, venha a dizer, pois pode ser que o seu passado possa ser um presente para o nosso futuro..."
Pois guarde para si, quem sabe para um outro evento de grande porte, suas sinceras lágrimas, querido vice presidente, detentor do segredo do sino sagrado ou qualquer outra coisa que me fuja à memória nesse instante em que transcrevo as palavras para o papel, leito perfeito de letras mal escritas.
Sabes da fama que carregas e tudo que cai de sua boca a adentrar no peito ou nos ouvidos de quem estiver disposto a ouvir-lhe e o efeito positivo que tudo pode levar à conseqüência. Pois então, assim disse o autor, grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Não tenha medo de escutar o que diz o povo e todas as interessantes dádivas que os ditados podem lhe oferecer.
E nesse momento, o que é dito somente pode ser descrito como uma tese de total filosofia de negro poeta rejeitado pela fraca socidade que não lhe conhece como deveria. Talvez os dentes que lhe caíram, talvez os mirrados olhos e rosto marcado pela idade, talvez fosse esse intenso mato branco no alto de sua cabeça misturado com um ponto de calvice, quem sabe o andar leve e devagar, sem pretensões algumas, o cancioneiro das belas melodias daquele tempo desconhecido por nossa juventude, talvez a amizade, talvez a inteligência, talvez tudo isso...
Fato concreto, mais que a areia e seu cimento, é que perderam-se nas palavras avulsas desse homem (enquanto ouvíamos atentos, o sorriso estampado em nossos rostos, um pingo de desconfiança e muita felicidade pelo momento) alguma força do destino que transformaria algo de ruim que pudesse vir a acontecer e tudo que é feito para mudar as situações. Tudo que saiu da mente, quem sabe até mesmo sem qualquer tipo de pensamento preparado, tudo de improviso até sem intenção de queimar em nossa mente as ironias e os paralelos descobertos, foi perfeitamente absorvido pra que pudesse ser descrito da melhor maneira.
Há de se levar a vida conforme queiram nossas intenções, há de se fugir quando o medo lhe grita, mas não por sentir-se covarde, mas sim para adquirir novas forças e voltar para enfrentar o que lhe faz abuso, há de se ter como noção básica a vitalidade de um querer num misto de vontades e desejos que trazem a imortalidade estampada num quadro pintado a mão por nós e mais ninguém, eternizado ao alto da mais bela parede, pendurado para todo o sempre enquanto, normais e anormais, passarão por lá e admirarão a obra realizada quando éramos ainda pertencentes desse mundo estranho.
Vai-se lá Seu Jorge e fiquemos por aqui considerando tudo que foi dito e o que ainda há de ser, pois a vida segue um rumo onde o fim é certo e imprevisível. Pois mais um dos quadros desse poeta negro foi pintado nesse momento e pendurarei em um local do qual muita gente poderá passar a reverenciar quando partir daqui para outro lugar a nos aguardar, paciente, com sua risada leve e palavras bem colocadas.
P.V. 20:40 06/02/10

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