segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um erro da natureza

Um dia, uma lagarta olhou para o alto e viu várias aves coloridas e lindas; olhou para o rio e viu também muito peixes coloridos; e se perguntou porque nascera assim tão feiosa e peluda? E se trancou em um casulo, o tempo passou e o casulo se rompeu. Quando a antiga lagarta se olhou e se viu transformada em uma linda borboleta ela pôde compreender que tudo tem seu tempo determinado...“AQUELE QUE COMEÇOU A BOA OBRA, É FIEL PARA COMPLETÁ-LA”
Mas nasceram uns senhores, que já contam aos milhões, num lugar não muito distante daqui e também resolveram agir como agiu a tal lagarta que o anúncio diz para iludir alguns dos crentes em quaisquer coisas que sejam.
Nasceram e olharam em volta para certificarem-se do lugar que estavam e viram que todos eram iguais. Tudo bem, e ficaram até mesmo satisfeitos por não sentirem-se tão mal. Foram vivendo suas respectivas vidas de uma forma tal que trouxesse alegria para todos mesmo com a incrível pobreza em que estavam situados. Mas ligaram as televisões e viram pessoas tão brancas e altas, com seus respectivos corpos chegando a lugares que eles jamais alcançariam, com cores tão pálidas que até mesmo doíam seus olhos mirrados e sem brilho.
Viram também crianças tão felizes correndo de lados para lados carregando brinquedos que eles jamais nem imaginavam que existissem e coisas tão interessantes que nem mesmo os nomes eles poderiam dizer pra que fosse, talvez, um pedido para algum deus, ou qualquer coisa em que pudessem vir a acreditar.
E viram também tanta comida nos pratos e tanta fartura. E viram também o desperdício evidente depois de todo aquele banquete que deixaram cair algumas lágrimas de dor por saber que tudo era assim tão terrível.
E viram lugares lindos, viram pessoas felizes, viram tecnologia.
E se viraram para o céu, ou para o chão e se perguntaram porque nasceram assim tão infelizes e pobres, tão miseráveis e famintos, tão sofridos?
Quando o haitiano olhou mais uma vez, viu a terra tremer e tudo cair como fosse o fim dos dias, viu as pessoas morrendo e pedindo ajuda, viu sangue, viu muita poeira levantada pelos prédios e velhas casas que já estavam agora deitadas ao chão sepultando para sempre os seus entes queridos, viu mais dor, viu mais fome, viu mais tristeza.
Viu tudo que já via antes multiplicado em números que eles não conhecem, viu o ódio, a raiva, viu algum tipo de ajuda de fora, porém inundada de interesses, viu o que jamais queria ver para nenhum povo nesse mundo terrível.
O haitiano ainda não consegue entender tanta desgraça e junta os restos do que sobrou para dar sequência à obra.
Dar sequência à obra de sua casa, de sua vida, de seu país.
P.V. 21:09 06/02/10

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