terça-feira, 18 de maio de 2010

A insistência e ignorância do mundo

O poder que enxerga é só o poder que enxerga, minhas palavras se perdem na sua cabeça, minhas atitudes doem em ti um medo que não deveria existir, o mundo só é mundo porque nele habito, o que vê daí é apenas a ponta de um iceberg. A lona do circo esconde muito do que ainda existe, e nem mesmo a dona desse circo poderia entender as coisas que lá acontecem... ainda é a alegria do palhaço ver as chamas subindo.
E voam, asas tão longas e vermelhas que de anjo nada mais mostram, nada mais enxergam a não ser todas as respectivas cabeças perdidas naquele mar lá embaixo, naquele mar de gente, todas essas pessoas desinteressantes, algumas feias, longe de mim.
Já não existem mais parábolas, medos, anseios, desafios que não sejam todos quebrados pela palavra, não existe mais o vocábulo da impossibilidade,
não existe o que não seja meu, e se não é meu, somente não o é, pois ainda não o sabe.
Tentei, por diversas vezes, almejar o que não pertencia a mim, queria sentir o gosto de tudo que não me atingia, por muitas ocasiões quis, loucamente, a dor de uma felicidade, a dor de um amor, quis me abster de toda aquela baboseira repetitiva, de tudo que se jogava aos meus pés, e a facilidade com que eu saía e voltava de casa com tantos sorrisos no rosto que eram incontáveis para analfabetos do sentimento...
Mas são só provas.
Ainda hoje sinto o gosto de tudo isso. Nada é diferente, o amor não se mostra páreo para o que, de fato, preciso. Meus sentimentos que estão aflorados são como flores que desabrocham, são como flores safadas que se abrem aos primeiros raios de sol, que se fazem sedentas por pequenos pingos de água, que se murcham para a verdade quando cai a noite, quando se vai o dia, quando se mostra a Lua, quando me sorri esse sorriso prateado que ainda é tudo que me move, que ainda é o que mais me inspira, que ainda é a paixão maior que, um dia, homem como eu, pode ter em vida.
A Lua... só mais uma prova do que digo.
Corri ruas, dobrei já tantas esquinas escuras que não sinto mais medo de tudo que me espera depois da curva. Na verdade, foge de mim tudo e qualquer coisa que estiver espreitando no fim da curva.
Meus passos, antes medidos e precoces, medrosos por não cair em alguns buracos que ficavam jogados pelo meu chão, agora são loucos e intensos; passo andando e por mim ficam buracos ainda maiores de minhas pegadas, buracos onde outros jovens, tais como eu em outros tempos, caem vertiginosamente, só pra aprender, só pra sentirem a dor e terem noção de quanto dói.
O mundo ainda estará gritando quando meu ouvido não mais lhe pertencer, o mundo ainda tentará ditar suas regras aos meus olhos mesmo que eu não queira mais enxergar coisa alguma, eu tento me livrar de todo esse mal, mas ele me persegue como buscasse o equilíbrio, como quisesse a eterna batalha contra o bem que eu tentava praticar, busca algo que seja suficiente para lhe derrubar, pois todos sabemos que levanta mais forte na segunda vez...
Verão, os que quiserem ver, e ainda assim poderei soltar minhas melhores palavras ao mundo quando duvidarem mais uma vez de tudo que posso fazer.
Temei...
Ou nem tanto.
P.V. 11:03 18/05/10

Um comentário:

KM disse...

ESSE TEXTO É MUITO ESTRANHO, COMO JÁ DISSE.. MUITO!