quarta-feira, 5 de maio de 2010

Um pouco mais que nada

Quero colo, vou fugir de casa, posso dormir aqui com você...?
Já não vou mais andando por aqueles mesmos cantos que andava nos tempos de ontem. Dizem de um homem o que dizem de mim e me orgulho por saber que levanto meu corpo cedo de um dia e o deito somente no seu fim tendo chances mil de escrever plenas histórias no desenrolar das horas, de saber que posso estar produzindo bem mais do que o necessário, por saber que a vida me pega no colo e me joga no seio do amor, do sentimento, daquilo que não tem nome.
Quando eu era mais novo, nada disso fazia parte do meu entendimento. Uma xícara de café não fazia muito sentido, não tinha muita significação. Hoje em dia, estou sentado em minha cama tomando meu café pra fumar... olhando a nuvem preta que passa, a nuvem preta que leva embora todos os maus pensamentos.
Já fui trancado em mim mesmo, já me libertei de todo o mal, já abri os olhos e peguei aquilo ali que sempre esteve ao meu alcance. Agora bate o Sol na minha cara. O Sol é só um sujeito bobo com bobas intenções que nasce, que morre, que nasce mais uma vez, uma repetição sem fim, um pleonasmo de limites desconhecidos, um calor básico, aquilo que esclarece tudo que não se pode ver quando as luzes estão apagadas, talvez... e se o Sol bate na minha cara, não tenho coragem de fazer o mesmo com ele.
E o navio ainda nem sequer alcançou a terra, e o mastro dessa bandeira não se enterrou no chão, não peguei em sua mão, não falei de coisas que não disse ainda não... coisas do coração. Vou andando por aqui, vou me desenhando numa parede qualquer, tentando deixar meus recados pelos muros que passam por mim, talvez eu queira algo mais do que já tenho.
Sempre fui assim de querer o que estava mais longe. Dizem de um homem o que dizem de mim e sempre discursaram a respeito dessa minha falsa característica faminta como um canibal que não sacia jamais sua vontade por comer, de nunca estar satisfeito com aquilo que tem, de sempre estar na direção defensiva mirando o horizonte, prevendo algum tipo de acidente. Poucas ocasiões da vida me mostram verdades que espetam-me a bunda com um veneno destilado por mim mesmo. Os acidentes previstos acontecem, por que será...?
E não há de ser nada, ou talvez seja quase nada que é um pouco mais do que se esperava. O mundo vai por aí, eu fico por aqui, temos razões e motivos, as conseqüências são somente o que fica pra depois. Vejam pessoas preguiçosas, vejam pessoas que deixam para fazer suas respectivas coisas num momento que vai além do que deveria, de fato, ser feito, essas pessoas são todas as conseqüências da sociedade. Vejam quem não se agüenta sentado, vejam esses seres doentes e apaixonados, alguns mais doentes que outros, alguns menos apaixonados que outros, que martelam loucas palavras, que correm pelas ruas, que não se controlam... todos são razões, todos são motivos. Ninguém enxerga um ponto de exclamação no meio da bagunça.
Ainda fico com minhas reticências...
P.V. 12:03 05/05/10

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