terça-feira, 11 de maio de 2010

Um carnaval diferente

"Vou beijar-te agora, não me leve a mal, que hoje é carnaval..."
E foi um sentimento muito maior de tudo o que possa se imaginar sobre a felicidade da carne misturada com uma boa dose de sinceridade enrustida por trás de muito amor. Admito com todas as palavras que a idéia de que somente de luxúria se vive um carnaval, todo o preconceito dos homens da religião para com essa festa, tudo que sempre aconteceu, tudo que sempre se viu, tudo que há e o que também não há foi caindo, centímetro por centímetro, no chão enquanto eu vivia os momentos da celebração que duram apenas quatro dias desse ano intenso e entedioso.
O sentimento, na verdade, não é nada de mais se for bem analisado e sentido, por mais que eu não queira passar aos senhores uma idéia de amor pensado e decidido. Claro que há de se ressaltar a vontade entre duas pessoas e o clímax do instante que se chega sem avisar e faz da noite, ou do dia, algo muito bom ou muito ruim.
O fato concreto mesmo é que fui em busca de algo passageiro e revivi as alegrias do passado que me lembraram das dores e alegrias do amor. Pierrot e Colombina... qualquer coisa parecida.
Um carnaval que nada promete, na verdade, e não é uma coisa ruim, não há de cumprir nada.
Saí de casa com intuitos bem lindos e idéias bem frescas, mas o Sol não me entendeu muito e seus raios miraram lados errados da minha convicção. A intenção da Lua, o brilho das estrelas e aquela vontade de dormir na areia da praia embriagado de amor, não me atingiram, não me motivaram, não me alegraram nem um pouco.
Quatro dias de um ano que pareceram, aos meus olhos, quatro dias quaisquer como outros quaisquer, normais, intensos, é verdade, mas vazio de novidades.
A verdade é que a procura pela paixão falhou, perdeu pelo achado do amor. De fato, esse foi o carnaval do amor. Ninguém vai entender do sentimento, também é bem provável que deixem no ar mais uma vez esse excesso de exagero de tudo que sempre digo, mas não acho, e nem deve existir, sinceridade maior do que essa, definição mais clara do que essa. Um carnaval de amor. Justamente no tempo da perdição...
Mas nem tudo esteve perdido, ainda que pensem que o sentimento do coração seja uma perdição justa.
Abordei lá alguns temas antigos, esbarrei com a musa que escolhi pra viver, ingeri as mesmas coisas de sempre, senti renascer dentro de mim o que estava adormecido, partida inicial para que chegasse onde estou hoje. E me dizem aos ouvidos que de nada adianta toda essa festa da carne, maldição dos nossos tempos que nos leva a propagar doenças e cair na libertinagem, roupas pequenas e libido grande. Tolos...
Jamais entenderão a profundidade de um carnaval, o sono que se vai, a alegria que vem, o amor que reaparece e faz sorrir, a substituição por um momento da paixão pelo amor e o sucesso disso, a passagem do coreto, do cordão, do povo, dos carros, o samba que desce do morro, invade o asfalto, pior, cai no coração em folia e se prolonga por todo o ano, ecoa até o Natal, deixa marcas que ficarão fixas por toda a vida.
Vou beijar-te agora, não me leve a mal, ainda é Natal...
P.V. 20:02 11/05/10

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