segunda-feira, 17 de maio de 2010

Num outro tempo

Foi-se por lá, coisa estranha e sem fundamento, mas que, de fato, existe, e por existir, e por chegar-se à conclusão de pensamento, deve ser divulgada, senão em fatos ordinários, diga-se com minhas palavras em fatos extraordinários, e com muita falta de verdade também, pois do que digo, do que explano, daquilo que me lê, com o perdão da convenção desse tal eu lírico, com o perdão dos heterônimos e essas esquisitices criadas pra burlar regras de sinceridade, deixo-me estar para viver em palavras.
Era o tempo do presidente. Desculpem o trocadilho...
Já aquele trabalho maldito, que me fazia levantar em baixas horas e deitar nas mais altas, ia corroendo minhas veias, ia comendo meu corpo devagar, ia terminando-me enfim, ia jogando tudo que sou ao chão, ia fazendo com que eu me acostumasse com essa loucura da sociedade que chamam de emprego e essa última realidade era o que mais me doía.
Larguei esse medo de lado, burlei o sistema, falsifiquei um atestado, exame de próstata precoce por que não?, fui lá em direção à alegria, fui lá pois em casa nada mais me prendia, fui lá porque as amizades são o que mais me importam e a maldade de vê-las correndo novos mares sozinhas era como uma faca adentrando meu peito, arrancando fora meu coração, precisava daquelas histórias pra que fossem escritas num papel qualquer, numa vida qualquer, leito de morte de minhas piores palavras quando o tédio toma conta da minha segunda feira.
Sabem do mundo, sabem de muitas coisas, a grande verdade é que me despi de muitas roupas para vestir um pouco menos do que já estava habituado, botei em prática alguns planos, aquela tão inovadora frase que desenvolvi por meio do sistema de cinemas norte americanos que ainda não teve êxito em ser, ainda não obteve tempo hábil necessário e o usuário correto a saber dominá-la em sua plenitude, corri campos verdes que não possuíam mais aquela tal grama que sempre gostei de ver e sentir como um novo contato com a natureza, como fosse mais uma forma bucólica e a vida que renasce nos meus pés, tão virgens dessa terra usada, abusada, violentada...
Vivi bons momentos. Armas na minha cabeça, quedas na lama, ferros tão duros e maciços que minha vã filosofia só pôde acreditar depois de sentir a dor que estes podem causar. Os hematomas, os traumas, as graças e piadas, tudo que só foi lembrado no dia seguinte ficam gravados na minha cabeça até o presente dia, tudo que acontece na vida de um homem não pode jamais ser deixado de lado, todas as memórias que nascem aqui, as mesmas que nascem lá só tem um intuito... a imortalidade.
Vejam que nada é diferente de tudo e as palavras se fazem antagônicas só por coincidência. Cresci ouvindo coisas das quais não acredito até hoje, ainda não apareceu aquele que poderá fazer mudar minha opinião. Meu amor pela vida ainda é o mesmo, minha paixão pelo momento se faz grande, a nostalgia de um outro tempo é o que me move, é o que dá o ritmo para minhas baladas futuras, sou feliz e distribuo meu sentimento em quem estiver mais próximo...
Os portões do templo do amor ainda irão se abrir para que meus pés virgens pisem naquele solo outras vezes...
P.V. 15:29 17/05/10

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