sábado, 20 de fevereiro de 2010

Retalhos de cetim do meu carnaval - IV

Andei de encontro à Lua, sempre solícita em meu caminho, sempre atendendo meus pedidos mais desinteressantes ao seu sentimento, sempre sofrendo sem que eu veja, a não ser nas oportunidades em que caíam sobre mim algumas de suas lágrimas de prata... não queria mais nenhum tipo de dor no seu coração, porém a fraqueza de uma possível solidão me fez buscar aquilo que há muito se fazia ausente dentro e fora de mim. Corri, parei de andar, só pra ver se chegava mais rápido. E cheguei...
Não há nada do que reclamar quando a situação está do seu lado, quando as palavras inspiradas saltam de sua boca em direção ao ouvido mais próximo, quando as vontades alheias se espelham nas suas e a vida mostra que só no Carnaval esse tipo de coisa pode acontecer. Uma casa recheada de pessoas desconhecidas é somente uma casa recheada de pessoas desconhecidas. A não ser que, em algum momento da crônica, se mencione o fato de que uma certa pele morena queimada de Sol cruze os caminhos de um andarilho em busca da próxima aventura.
Foi-se o tempo em que o sentimento da carne tomava conta do meu corpo não me deixando ser levado por amores antigos e nostálgicos. Hoje em dia estou tão fraco para a força que me pego entre bocas antes mesmo das palavras serem ditas, justamente quando as palavras estão sendo ditas, até depois que quaisquer palavras são ditas. Tudo corre, tudo anda, a vida passa e a música fica cada vez mais alta... justamente pra que num segundo após ela fique mais baixa e obrigue aqueles que me cercavam a partir rumo aos seus outros destinos, da mesma maneira que eu cheguei até ali e fazia daquela localidade só mais uma de minhas paradas, como um marinheiro que deixa um amor em cada porto...
Não me demoro em despedidas, não tenho esse interesse de querer cultivar sentimentos que possam não nascer, não faço questão de deixar muita saudade em quem me quer bem, mas dessa vez não pude deixar de realizar atos incomuns às minhas intenções.
Não vou mais medindo forças ao que me é jogado, ainda mais em tempos tão lindos de Carnaval. Aceito tudo com esse meu sorriso no rosto. Se a noite quer acabar, não ficarei triste com o Sol nascendo no fundo do mar. Se já cansou de beijar-me na boca e decide, a partir de agora, conhecer outras partes de meu corpo com a língua, também não vou me opor. Estamos na festa da carne, deixe que tudo aconteça sem medo de acabar... e quando acabar deixe que todos saibam do que foi feito e do que não aconteceu, envolva meu nome, grite minhas ações, lembre de todos os movimentos, eternize minha vida em ouvidos alheios. Tô aqui é pra isso...
Verdade mesmo é que minha intenção maior dizia que eu deveria dormir abraçado à areia do mar beijando de leve as estrelas do céu, talvez provocando um ciúme previsível na Mãe Lua, mas, infelizmente, não foi dessa forma que sucedeu, contudo o sorriso no meu rosto não se ausentou, uma vez que soube por mim mesmo, que outras tantas oportunidades nasceriam pra que esse leito de amor pudesse ser atendido.
Mas um único local inebria de enjôos minha vontade e corri em direção ao próximo evento que me aguardava...
Uma manhã de Sol é um dia lindo que nasce e de luto pela madrugada que morrera. Mas minha intenção, mais uma vez, se fez diferente porque nem sequer acordei; já estava, e continuei de pé desde a última noite, intensa e inesquecível aos meus olhos, a minha boca, ao meu corpo, a tudo que ainda tento representar para mim mesmo fazendo crescer nessa que estiver mais próxima de mim, quem sabe o amor da minha vida, quem sabe o copo de cerveja.
Passei pela vida deixando alguns rastros de dor no coração alheio, mas não sem antes plantar diversas sementes de felicidade naquele mesmo antro de tristeza incontida. Sei que não tenho coragem de me arrepender de qualquer coisa da qual faça parte, sei que minhas atitudes não são medidas, nem saberia calcular as conseqüências de cada ato já praticado, mas com certeza a intenção deve ser considerada boa em todas as oportunidades que tive de me expor da forma mais gritante que um homem possa se expor. Foi por isso, e só por isso, que deixei me levar pelo sentimento e passei a cumprir promessas feitas da boca pra fora.
É um erro e não aconselho ninguém a fazer certas coisas que eu faço.
Cheguei lá só pra depois poder vir embora...
Mas o Carnaval ainda me guardava tantas alegrias...
Ano que vem, quem sabe.
P.V. 19:55 20/02/10

Um comentário:

KM disse...

BELAS AVENTURAS CARNAVALESCAS!!!
QUEM SABE NOVAS ALEGRIAS ANO QUE VEM.. SEU FUTURO E SUA FELICIDADE PERTENCE A DEUS! RS*