Enfim, o amor

“De repente a dor de esperar terminou e o amor veio, enfim.”
Já não havia mais espaço para a dor que se fazia dona de mim e martelava, incessante, dentro do meu peito. Pois toda a tempestade passa e deixa em seu lugar um céu azul que nunca falha em aparecer.
Agora, então, me afogo em toda essa imensidão que foi posta em cima da minha cabeça, sobre os pensamentos que antes usavam um martelo para me torturar.
Inúteis tentativas de derrubar aquele que vos fala com a potência necessária para desarticular quaisquer intenções malignas foram vistas e um riso, somente um, foi destinado a tanta graça que provocaram em minha consciência. Não sabem que estou muito armado e munido de todas as precauções para que não caia em tentação com o erro, para que não me torne jamais previsível e baixo, que não seja mais um entre os outros, para que não me confundam numa multidão.
Sou quem se destaca, sou o melhor, tenho tudo pra continuar olhando do alto, enquanto quem me ama se espelha em mim pra subir alguns degraus também.
E torço por quem torce por mim.
É tempo de sorrir e nada mais. O futuro já chegou e agora o homem colhe os frutos de que um dia plantou naquele solo infértil, naquela terra do nada onde sempre o olharam com olhos possuidores de coisas ainda menores que desconfiança.
Tenho tanta coisa pra dizer, tantos assuntos inéditos e incríveis pra contar que me perco no meio dessas palavras sem conteúdo que no fim não dirão realmente nada só pra confundir, ou então causar, quem sabe, um suspense em quem me lê. Mas que não seja nada, querido leitor. Não se deixe levar por tolas intenções, não se prenda muito a mim, não queira nada mais do que eu não quero pois o sofrimento era certo, e no dia de hoje eu já não diria que conseguiria fazer nascer lágrimas nos olhos seus.
Estou no tempo do amor porque a dor de esperar terminou e, enfim, o sentimento maior do coração chegou pra tomar conta de tudo que me cerca. Claro que isso que chega e toma conta é bem maior do que o sentimento, e engloba muito mais coisas do que parece englobar quando escrevo essas letras perdidas.
O interesse é bem maior do que a intenção e vou aguardando um pouco mais só pra confirmar as expectativas pra que nada seja divulgado sem total certeza. Pois sabem vocês que o futuro é bobo e abusado para quem desdenha de suas previsões, ou então pra quem deita numa cama que é orientado somente a sentar, ou nem sequer encostar.
Temos aí então o destino para confrontar depois que a dor se foi. Claro que são forças equivalentes, porém diferentes, tanto o destino quanto o futuro. Tudo vem depois, mas nem tudo é certo e concreto. Na verdade, certo e concreto mesmo, nem o tijolo...
Esse fui eu que acabou de falar um tanto quanto de frases desconexas que se juntam e formam um tipo de tese que é a mais pura verdade de um medo escondido no fundo da minha alma quando algo que muito se quer é dito e sentido, e depois, quem sabe, tomara que não, infelizmente não se torna real.
Mas como a música não diz nada errado e a lei da vida é levantar depois de cair, deixarei de lado quaisquer pensamentos sujos com covardias e medos do que me espera, e eu não vou mais aguardar nada; só vou fazer o esforço hercúleo de abrir uma garrafa de vinho e celebrar o que está guardado para mim.
Afinal o amor chegou, enfim.
P.V. 11:21 24/01/10