Se a sua vida é tudo que tem, se a sua vida é simplesmete a única coisa que tem, se amas com todo o coração, se tem aquela pessoa a qual olharia pelo resto da eternidade, se dedica seus últimos sorrisos a ela, se deixa de lado uma vida intensa para viver a solidão de dois, se ela lhe pede, por que não entregar sua vida...? Como não dá-la?
Meu sentimento estava certo, meu sentimento sempre esteve certo. Eu sempre quis muito mais que sua amizade. Minhas palavras antigas já não me deixariam mentir, nada que digam ou deixem de dizer pode mudar uma vontade ou um desejo de fazê-la feliz. Seu sorriso é a melhor coisa que existe, o prazer mais perfeito, a alegria completa. Seus beijos são tudo que sempre sonhei e a prova concreta de que Deus existe. Seu abraço leve não me mostra segurança pois a qualquer momento posso cair, justamente por culpa exclusivamente sua.
Martelava lá um coração, o ritmo de uma respiração irregular e os lábios movendo-se em sincronia. Olhos se abrem e notam a coincidência. Faz todo o sentido eu te olhar desse jeito, meu amor. Você é o maior de todos os prêmios que poderia, um dia, ganhar.
Pois pedi mais uma vez vinho ao garçom, gritei forte, chamei com toda minha força e fui correspondido, até mesmo porque um homem com o poder da palavra há de ser recompensado de alguma forma, mesmo que seja somente com o vinho na bandeja desse moço trabalhador, dono do futuro, senhor do destino, queira lá chamá-lo como for. Veio meio estranho, meio cambaleante, meio tímido, não soltava ainda as chaves que poderiam abrir nosso caminho. Talvez quisesse algumas provas, talvez fosse mais inteligente se deixasse que as coisas acontecessem naturalmente. Pediu um tempo, deixou as crianças brincarem, se conhecerem, deixou que o mundo desse chances possíveis de que caminhos diferentes fossem tomados, quem sabe no espaço curto ou longo de um ano. Acenou com a mão, o papel escrito com o meu pedido primeiro foi guardado no bolso do paletó, sussurrou em nossos ouvidos: “Daqui a um ano conversamos mais uma vez...”
Nasci e morri algumas vezes em doze meses. Minha antiga pressa se resumiu em espera sem esperança. Assumi minha conversa em outros bares, bebi até cair, não pensei em sentimento, esqueci aquele vinho, traguei até fumaças de cigarros, gastei meu batom, me sujei, fingi falsas felicidades e não consegui voltar pra casa com o coração satisfeito. A verdade mostra o caminho certo a seguir.
Um ano depois gritei mais uma vez o garçom e pedi vinho, gelado, num copo com gelo. Retirou do bolso aquele antigo papel um pouco amarelado pelo tempo, pôde ler meu pedido, pôde entender que um homem tem todo o direito de viver e fazer suas escolhas, abriu um largo sorriso no rosto e me disse que, enfim, chegara minha vez.
Trouxe em sua bandeja, o vinho que pedi um ano atrás. Deixou lá o copo e se foi para longe.
Sentou do meu lado, conversou palavras fúteis e perfeitas, deixou brilhar seus olhos pra que eu me lembrasse de como eles eram lindos, deixou sorrir seu sorriso pra me apaixonar ainda mais que antes, me deu um único beijo e achou que isso me daria satisfação. Eu ainda tinha uma noite inteira para sonhar. Um único beijo perdido na rua, um simples encostar de lábios poderia deixar-me louco.
Não seja por isso e não tenhamos mais problemas em assumir. Deixa que eu te beijo e sinto teu gosto como nunca senti antes, deixa que minha vida se faça sua e que o mundo todo entenda o quanto te quero bem, deixa eu te fazer feliz, nem que seja pelo curto espaço de tempo de um beijo molhado no meio da rua.
Ainda estou me servindo desse vinho perfeito...
P.V. 13:55 22/04/10
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