quarta-feira, 7 de abril de 2010

A falácia da misteriosa conquista

Se abrissem uma garrafa de vinho dessas que são bem mais atrativas que seu próprio conteúdo, numa sala pequena, talvez com uma janela grande que desse vista para algumas paisagens pouco verdes, se aquele que abrisse a garrafa fosse justamente eu, após o pedido dela, se minha sede fosse tão grande quanto a vontade de atender um desejo seu, se o copo fosse enchido de maneira igual a ambos, um frente ao outro, ela finge que bebe, eu tomo de um só gole.
A cena de um filme já é o suficiente para inspirar minhas melhores palavras desde que me dediquei às Letras e perco minhas horas eternas dos dias mais chuvosos da estação para homenagear a mais bela mulher que já tive o prazer de ter em meus braços, mesmo que por um curto espaço de tempo.
E se não lhe satisfaz o líquido dentro daquele copo, entristeço-me pois sei que fui eu o culpado pela sua falta de felicidade naquele instante.
Sabem que existem na literatura moderna, talvez naqueles idos do Romatismo, alguns heróis que faziam de tudo para sua amada, e se não sabem eu vos digo. Não afirmo com minhas certezas que seria eu mais um desses que viram mundos e fundos para atender um simples ensejo, um simples desejo, uma simples vontade, por mais fútil e vulgar que seja, de suas respectivas senhoras, mas compadeço dos seus amores e assisto feliz ao desenrolar dos tramas só para provar a mim mesmo que ainda existe espaço para o amor sincero e verdadeiro no mundo,
ainda que um só não seja suficiente para amar por dois.
Diz o poeta que antes um amor não correspondido do que amor nenhum, antes o amor próprio que o amor alheio, antes uma extraordinária que uma ordinária. E se penso, tiro conclusões corretas de tudo pois de nada adianta uma passagem pela vida sem sentir, de nada adianta sentir sem aguardar, de nada adianta uma Karoline sem uma Durique.
Vão por aí discutindo, os mais loucos dos homens, sobre as causas, sobre os motivos do amor, sobre todas as tendências maliciosas que tornam uma pessoa sã em uma pessoa insana, e talvez tentem, em suas experiências, apaixonar-se só para poderem observar o comportamento de quem sofre da tal enfermidade. É o justo fato que comprova que jamais conseguirão achar a solução, uma vez que se entregam ao amor para prová-lo e morrem antes que possam chegar a alguma conclusão, pois nada mais belo do que sentir o coração bater e apanhar, esquecendo todo e qualquer tipo de responsabilidades que se envolva para viver somente aquele sentimento.
Adeus pesquisas, adeus aulas, adeus teses.
Mas me envenena tão cruelmente esse vinho servido a dois que caio logo depois do tal falso beijo recebido naquela tarde ou noite, na sala pequena de janela grande para a paisagem mal encarada. Diriam os investigadores que a causa da morte estaria no vinho e procurariam o assassino. Vejo eu, na minha humilde forma de enxergar os fatos, que a causa da morte estaria no beijo e o culpado seria aquele que serviu o vinho. A fraqueza e confiança são dois péssimos adjetivos no ato do homicídio.
E ainda tem a coragem de me dizer que não sabe conquistar um homem.
Pois sua vida teria nas mãos se assim quisesse; a conquista seria o de menos.
P.V. 22:36 06/04/10

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