quinta-feira, 22 de abril de 2010

O sermão do homem parado

Foi um moço no alto de alguns poucos anos, alguns a mais que eu, provavelmente, mas com um pensamento bem diferente, com idéias bem propostas, com a determinação e a força que essa tal profissão, digamos assim, pede. Na verdade, os plágios do livro sagrado são os mais normais e liberados que podem existir, afinal, diz-se a palavra do Pai, tanto meu quanto seu, quanto dele também. Família não costuma criar problemas com a justiça.
Pois se Simão Pedro, o discípulo pescador, se propôs a sair de noite com seu barco humilde mar a dentro com o intuito básico de pescar o maior número possível de peixes para seu alimento, para o comércio, para o sustento da família, enfim, para dar seguimento à sua vida, e na volta chegou à conclusão de que nada conseguiu, de que nada pescou, de que voltaria para casa de mãos vazias e nada comeria, nada venderia, talvez encerrasse ali sua vida.
Mas um homem lá na em terra firme, um homem em pé ainda no fim da madrugada, parado, polivalente desde cedo, altivo e decidido, olhava o horizonte fixamente e o que vinha no horizonte era o barco sem peixes de Simão Pedro. O homem parado perguntou se teria ali dentro alguns peixes para que pudessem comer enquanto raiava o Sol, enquanto a Lua passava seu turno ao Astro das Luzes. A negação de Pedro era lógica, era esperada, era sabida.
Mas quem era aquele homem estático na praia, fazendo perguntas a homens que nem sequer conhecia, pensava consigo Pedro. A escuridão da noite não lhe dava chances de reconhecer o dono da voz, respondia por boa educação. Então o tal homem lhe disse para voltar e jogar sua rede mais uma vez. Pedro duvidou de sua palavra, decidiu não jogar pois passara a noite inteira fazendo justamente isso e nada conseguira. O homem disse: “Confie em mim Pedro, jogue a rede mais uma vez...”
Não há nada nesse mundo como uma voz de comando, como uma esperança que renasce dentro do peito de cada homem, não há nada mais forte do que a fé de se ter aquilo que tanto quer, não há nada comparado à ordem de Jesus.
Pedro obedeceu ao homem ainda desconhecido, jogou sua rede ao mar. O homem logo o mandou puxar. Três homens não foram suficientes para agüentar o peso, temeram que a rede arrebentasse, porém o milagre dos peixes na rede é tal qual o de não deixá-la se romper.
Desceram em terra firme, e lá estavam 153 peixes graúdos dentro da rede de Simão Pedro e ele entendeu que o Senhor havia voltado, o Senhor havia reaparecido para ele, justo ele que o negara três vezes na ocasião de sua morte, pela terceira vez aparecia Jesus Cristo depois que os homens, tão filhos de Deus quanto Ele, o crucificaram por dizer e ser a Verdade.
A emoção não é dos seres mundanos, a emoção é de quem ama com o coração, a emoção é de quem sente saudade, a emoção é de quem assume um erro e se desculpa, a quem pede perdão ao único que pode perdoar, a emoção estava em Pedro. E disse Jesus a Pedro: “Pedro, tu me amas?” E Pedro respondeu que sim. E mais outras duas vezes perguntou Jesus, e Pedro afirmara mais duas que sim, amava Jesus.
Da mesma forma que negara três vezes, dissera agora que amava por mais três vezes. Jesus Cristo está acima de qualquer expectativa e irá sempre perdoar o pecador. Porém nota-se claramente que a falsidade está perpetuada pela sociedade até mesmo naqueles que mais poderíamos confiar, a falsidade, a mentira, a insinceridade, os caos da vida, e tudo mais que não presta e faz o próximo sofrer.
Ninguém entende o que se quer dizer, ninguém aceita algumas verdades, ninguém repara no que mais importa, nem mesmo o padre bem instruído que falava no altar ante a Cruz de Jesus se importou em abordar o que mais atenta ao interesse social. O milagre dos peixes não é nada, a fome de Pedro que foi saciada pelo poder do Espírito Santo não é nada, a aparição de Cristo pela terceira vez após sua crucifição também não se faz tão importante.
O que se quer passar, o que se quer fazer entender depois de uma história bem escrita pelos homens de Deus, o que se quer propagar pelo mundo pelas palavras sagradas do grande livro é que o perdão é acessível, de que os erros acontecem, de que o medo de errar deve ser aceito como normal, de que nem tudo o que parece é, de que seu amigo mais próximo poderá falhar, e se amigo seu ele é, não há problemas em que seu perdão seja destinado a ele.
O homem é a imagem e semelhança de Deus, Jesus é filho de Deus, todo poder é equivalente, as religiões são piadas inventadas de mau gosto, a fé é a única certeza da vida. Jesus trouxe 153 peixes para Pedro. Buda poderia trazer 500. Alá prometeria 700 peixes mais algumas virgens. A religião não diz nada, a fé grita.
Paremos um pouco de ver o lado bom das coisas e tentemos enxergar o lado melhor.
Beijos.
P.V. 19:02 22/04/10

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