segunda-feira, 12 de abril de 2010

A louca


Tocava lá algum tipo de música da qual eu não tinha ainda o poder de decifrar dada a distância que se fazia de minha residência até a caixa de som mais forte, portanto pus em minha humilde cabeça que sairia porta a fora e partiria rumo ao fervo de pessoas que se aglomeravam, embriagadas e felizes, a curtir tranquilamente o fim de noite do domingo de alegria para a maior nação desse país, vermelha e preta.
Mas sabem também dessa minha vida muito carente e do quanto não consigo estar completamente sozinho, uma vez que as lágrimas rolam intensamente pelo meu rosto sempre que uma ocasião assim acontece, daí o motivo de eu ter adentrado nessa caixa quadrada da tecnologia moderna e deparado meus olhos totalmente nus com o rosto da moça Blenda.
Duas pessoas sozinhas num domingo à noite é um desperdício muito grande e resolvemos, então, partir rumo ao tal Pagode da Amizade. É bem óbvio que eu sei das coisas e de nossa forma humana, deixando de lado qualquer coisa parecida com automóveis, mas a parada obrigatória em minha cobertura para abastecermos nossos tanques foi realizada de forma plena enquanto sumia degavar o líquido cor de sangue de dentro daquela garrafa verde e estranha. E fomos afastando o frio...
Veio o amigo Allanzinho, inseparável irmão que não nasceu de meus pais, e pudemos, somente então, depois de já bem alimentados do suco de uva, sedentos por um pouco mais talvez, subir a tão longa ladeira até que o som das músicas que se fazia, antes, distante, ficasse mais próximo, quem sabe até mesmo íntimo.
A emoção toma conta do meu corpo nesse instante, pois lembro-me que depois de muito sem encarar o céu lindo que sempre nos foi de costume, pudemos admirar as lindas estrelas penduradas no infinito negro de uma noite tão bela quanto o mais perfeito quadro já pintado. Como fosse o céu noturno uma grande aquarela, um Monet, um Picasso, quase uma negra Monalisa... e as lágrimas caem agora pelos meus olhos umidecendo de leve minha boca, encerrando um pouco menos a leve e notável ressaca do dia anterior. Porém escondeu-se a Lua... fato curioso. Talvez fosse ciúmes de termos aqui no chão, Blenda com mais brilho e beleza...
Sorria, Blenda, sorria...
Sabem, os senhores, que quatro meses é uma eternidade. Na verdade, quatro meses é tempo suficiente para que coisas realmente incríveis aconteçam. Em quatro meses, tivemos o Natal, tivemos o Ano Novo, o fim de uma década e início de outra, tivemos o Carnaval com todas as suas facetas de amor proibido da carne e aquela libido, todo aquele tesão que se libera nesse espaço de tempo do ano, tivemos uma ou duas micaretas, tivemos alguns shows, tivemos até mesmo a Páscoa com seus ovinhos de chocolate. Só não tivemos o amor... Quatro meses são quatro meses e não deve se discutir, muito menos divulgar. Tanto quanto novas calcinhas...
Blenda, a louca, vai mostrando aos poucos o seu lado artista, seu lado de humor excessivo, principalmente depois que ingere alguns bons goles de álcool da melhor qualidade e ainda mais ao lado de presenças ilustres de senhores da mais alta índole como Allanzinho, Vittinho, Gugu, entre outros... sem mencionar, é claro, a chegada marcante de sua amiga, dividida entre amor e ódio, ciúmes e raiva, gritos e escândalos enquanto eram comidos alguns belos pastéis cariocas...
O pagode ainda tocava no instante da despedida, mas a saudade se faz necessária pra que os próximos eventos sejam melhores... e que quatro novos meses não se repitam...
P.V. 09:11 12/04/10

Um comentário:

LaraB disse...

4 meses são 4 meses... Rs faltou a porra da parte que te falei seu viadinho ! das estrelas apos as nuvens escuras, o resto ta bom Rs...