Desde os retalhos de cetim que ficaram jogados pelo chão naquele fatídico sábado de carnaval, o tempo dos amantes, ou quem sabe, diga lá, o tempo dos que estão preparados para se tornarem amantes, fico remexendo em meu passado, elaborando teses, pensando hipóteses, me apaixonando dia após dia pelos seus beijos esquecidos. O amor de um só é suficiente para valer por dois? Claro que não, mas se me pedissem eu viveria a vida inteira com essa falácia, eu viveria essa mentira com toda a felicidade, eu amaria por dois se ela me pedisse, talvez amasse por três também. Meu coração é grande, sempre foi.
Sei que durante o Carnaval ela não desfilou para mim, mas as lágrimas não correram na avenida, as lágrimas até esse instante não caíram pelo meu rosto, nem devem cair por um bom tempo enquanto ainda me fizer dono de mim, dono do meu sentimento que já vai passando para suas mãos. Não há nessa vida, ainda não foi criado, talvez, alguma coisa mais importante, uma moça, uma mulher, uma lady que possa me desviar do foco de Durique. Minha cabrocha não promete nada, e nada cumpre. Se caírem lágrimas, o chão estará lá para agasalhá-las...
Eu sonho, sou verso, sou terra, sou Sol...
Meus terríveis momentos não fazem mais parte do que eu represento agora; eu deito, eu durmo, eu penso, ela aparece, eu sorrio, eu acordo e tudo se repete. Nada mais me agrada, nada mais me apetece, não imagino mais aquilo que imaginava, sempre que viajo, ela está do meu lado, sempre que fecho os olhos, vejo alguém comigo nas minhas aventuras, já não ando sozinho, ando de mãos dadas, e sou sonhador...
Sou verso, minhas poesias estranhas, minhas palavras mal escritas, minha voz solta na noite, no dia, na tarde, aos seus ouvidos, algumas prosas dizem bem mais do que eu gostaria de dizer, e talvez umas outras venham lhe dizer o que eu tanto já quero falar, mas ainda temo pela veracidade da expressão famosa... sou verso, sou palavra, sou voz, sou seu, sou de mais ninguém a não ser dessa moça que passa, que vai e que volta, que anda, que não corre, que sempre tem uma letra, um beijo, o mesmo olhar...
Sou chão, já não saio do lugar, talvez eu dance, talvez eu caia, talvez eu fique por aqui olhando, talvez eu a siga pelos cantos escuros que o destino nos reservou e em algumas ocasiões eu chegue à conclusão de que não há mais nada escrito, de que o dono da caneta maior sou eu mesmo, e Deus, que ia escrevendo certo em linhas tortas, já largou mão de um sentimento tão grande, já não se mete por aqui e deixa que as crianças sejam felizes da melhor forma que encontrarem.
Sou Sol... mas prefiro a Lua.
Deve ser o tal romance, deve ser o tal eclipse, deve ser qualquer coisa parecida com dormir de madrugada e acordar pela manhã, deve ser a comunhão eterna das luzes e tudo mais que diz respeito à vida a dois.
Já se foi o Carnaval, já se foi a Páscoa passada, já se foi essa Páscoa, já se foi tanta coisa e nada mudou. Pensam, os que se dão a esse trabalho, que a evolução ocorreu, que o presidente alcançou êxito, que o amor chegou, que o Cupido, eterno cretino, jogou seu veneno em dois jovens no alto da juventude, mas não. Nada acontece, nada muda, nada se torna estável, a vida continua correndo e minha mão não pára.
Dizem por aí, então, alguns dos poucos sábios que ainda me acompanham, alguns dos que ainda me confiam segredos, os poucos em quem ainda posso acreditar, pois das suas palavras nascem grandes verdades. Dizem esses homens, algumas mulheres que o poder está nas mãos de quem merece, dizem também que o poder maior traz uma maior responsabilidade, dizem outros que a luta termina quando se levanta o ouro da vitória, dizem que a batalha só chega ao fim quando o inimigo se rende.
Nada mais verdadeiro; tudo isso afirma ainda mais o que digo, nada mais ratifica tanto o que sempre disse. Não vejo poder, não vejo maior responsabilidade, não vejo lutas, nem guerras, nem batalhas, nem inimigos... Vejo sentimento.
E o abstrato se faz tão concreto dentro de nós... ou dentro de mim.
Quero saber algumas coisas, quero ter certeza de umas outras, justamente por isso me nego a soltar o que está por fora, me nego a entender alguns olhares e outras palavras, não faço questão alguma de mergulhar, pois tenho algumas dúvidas sobre a quantidade de água que está lá dentro e só mergulho nessa piscina se for de olhos fechados, só saio do chão se for pra voar bem alto, só solto minhas asas se puder confiar que vou cair nos seus braços...
Já está ficando tudo tão banal, já passa como se nada acontecesse, já não entendo muito do que digo, o mesmo entendimento de antes parece meio distante agora, por isso afirmo que os retalhos de cetim daquele carnaval continuam aqui no meu chão jogados, umas poucas tiras que já se foram, porém a imensa maioria deitada no leito do meu coração que eu costumo chamar de chão, talvez por estar ainda um pouco sujo...
É tempo de limpeza, a grande verdade é essa, doa a quem doer...
Divulguei alguns fatos, fiz por merecer todas as verdades, sei que fiz sofrer. Doeu em mim algumas dores, sangrou um pouco meus secos olhos, sei que também sofri. Alguns momentos na vida de um homem necessitam de atitudes drásticas como já foi abordado num outro tempo, e nunca se vai de mim essa idéia fixa. E Deus que te livre, caro leitor, de uma idéia fixa. Se um Machado derruba árvores, eu também posso desmatar.
Faço rodeios imensos pra chegar num ponto só. Faço loucuras por algo que desejo ao máximo. Perco tudo que tenho pra ganhar uma coisa que não vale nem um terço de tudo que fora perdido. Mas tenho histórias boas pra contar por conta de tudo isso...
No fim, tudo se equivale.
E a verdade é que já não sei o que seria de mim, mas também não sei o que seria dela..
P.V. 17:01 30/04/10
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2 comentários:
faça questão de mergulhar, tenha certeza sobre a quantidade de água que está lá dentro, mergulhe nessa piscina de olhos fechados, saia do chão e voe bem alto, solte suas asas e confie que você vai cair nos braços dela...
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vc é tudo o que qualqer outra mulher
gostaria de ter .
mas é me , só meu ..
e vai ser assim sempre !
meu amor s2
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